Nasrallah disse que o Hezbollah “não se sente intimidado” pelos navios de guerra que Washington enviou para o Mediterrâneo Oriental e sublinhou que “todas as opções estão sobre a mesa” na frente libanesa
The Cradle, 3 DE NOVEMBRO DE 2023
foto: EPA
O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fez seu primeiro discurso desde o início da guerra Gaza-Israel , no qual culpou o governo dos EUA pelo conflito nos territórios palestinos ocupados.
“Washington é inteiramente responsável pela guerra em Gaza, enquanto Israel é apenas uma ferramenta. Os EUA estão a impedir a condenação de Israel no Conselho de Segurança da ONU e um cessar-fogo em Gaza”, disse Nasrallah a 3 de Novembro.
O líder da resistência libanesa declarou que “o Hezbollah não se sente intimidado” pelo envio de quase uma dúzia de navios de guerra dos EUA para o Mediterrâneo Oriental. “Suas frotas não nos assustam, nem nunca, e estamos todos prontos para elas”, enfatizou Nasrallah.
Depois dirigiu-se diretamente aos planificadores dos EUA, dizendo-lhes: “Podem parar a agressão contra Gaza porque isto é algo que desencadearam. Quem quiser evitar uma guerra regional deve apressar-se a parar esta agressão.”
“O que está a acontecer agora em Gaza não é uma guerra normal; não é como as guerras anteriores. Este é um conflito decisivo”, acrescentou o líder do Hezbollah.
Ele também destacou que o Hezbollah “tem aumentado as suas operações dia após dia e forçado Israel a manter as suas forças perto da fronteira libanesa em vez de Gaza ou da Cisjordânia ocupada”.
“O que está a acontecer na nossa frente é extremamente importante e influente, mas não ficará restrito por muito tempo […] Todas as opções na frente libanesa estão abertas. Todas as escolhas estão sobre a mesa e podemos decidir a qualquer momento”, alertou o líder da resistência.
Na quinta-feira, o Hezbollah lançou o maior ataque a Israel desde o fim da guerra de 2006. Quase 60 combatentes do Hezbollah morreram desde o início da Operação Inundação Al-Aqsa em Gaza.
Após o discurso de Nasrallah na sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse aos repórteres em Tel Aviv que os EUA estão “determinados” a não haver uma segunda ou terceira frente na guerra.
“No que diz respeito ao Líbano, no que diz respeito ao Hezbollah, no que diz respeito ao Irão – temos sido muito claros desde o início que estamos determinados a que não haja uma segunda ou terceira frente aberta neste conflito”, disse Blinken em resposta a uma pergunta sobre se os EUA se juntariam diretamente às hostilidades.
“Não se trata apenas de lidar com o Hamas em termos de derrotá-lo fisicamente. Trata-se de garantir que não se pode repetir o que fez em 7 de Outubro, mas trata-se também de derrotar uma ideia – uma ideia pervertida… que temos de combater com uma ideia melhor… com uma visão melhor do que esse futuro pode ser e demonstrar que estamos comprometidos em alcançá-lo”, acrescentou Blinken.
O alto funcionário dos EUA chegou a Israel na sexta-feira, num último esforço para convencer o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma “pausa humanitária” em Gaza.
No entanto, as suas palavras aparentemente caíram em ouvidos surdos, já que Netanyahu disse aos jornalistas, minutos depois, que rejeita qualquer suspensão temporária da luta contra a resistência palestiniana.
Israel recusa um cessar-fogo temporário que não inclua a libertação dos nossos reféns. Israel não permitirá a entrada de combustível em Gaza e opõe-se ao envio de dinheiro para a Faixa”, disse Netanyahu.
Ele também alertou os “inimigos no norte” para não cometerem o “erro” de intensificar a guerra. “Você não pode imaginar quanto isso vai custar.”
“Eu digo aos israelenses, se vocês estão considerando realizar um ataque preventivo contra o Líbano, será o erro mais tolo que cometerão em toda a sua existência”, disse o líder do Hezbollah durante seu discurso de sexta-feira.
Fonte: The Cradle