Publicado Voz da Rússia, 30/09/2014
As relações do Egito com a Rússia são tradicionalmente boas, e agora surgiu a perspectiva de as desenvolver fortemente. Esta opinião expressou em entrevista exclusiva à Voz da Rússia o primeiro-ministro egípcio Ibrahim Mahlab.
– Sr. Primeiro-Ministro, recentemente o presidente do Egito realizou uma visita à Rússia durante a qual Abdel Fattah al-Sisi se encontrou com o presidente Vladimir Putin. Como você comentaria esta visita?
– As boas relações do Egito com a Rússia, no âmbito das quais foram alcançados grandes êxitos, são históricas. Agora o Egito está novamente recuperando a sua força, e com ela também possibilidades de continuar desenvolvendo as relações entre os dois países.
Lembrando as relações entre a União Soviética e o Egito na década de 1960 e, a julgar pelo sucesso da última visita do presidente egípcio à Rússia, vemos um grande potencial na cooperação entre os nossos países, e vamos trabalhar para o desenvolvimento bem sucedido de nossas relações estratégicas.
– Antes da sua visita à Rússia, o presidente do Egito visitou Riad, onde se encontrou com o rei da Arábia Saudita. Tal prioridade de visitas do presidente do país é uma coincidência ou para isso existe uma explicação à parte?
– Há que notar que todas as visitas do presidente Al-Sisi sao realizadas no âmbito de uma política que visa o retorno ao Egito de seus papeis fundamentais nos aspectos árabe, regional, africano e mundial. Estas visitas estão ligadas à orientação do Egito para reforçar a cooperação com países que procuram paz.
– A Rússia propôs expandir o “quarteto” de mediadores internacionais para resolver o conflito palestino-israelense. O lado egípcio se juntará à lista de intermediários?
– O papel do Egito na resolução do conflito palestino-israelense já ganhou um caráter tradicional, pois o Egito está envolvido no processo de paz entre Israel e Palestina desde o início. Historicamente, o Egito tem desempenhado um papel importante no processo palestino.
Egito está apelando a respeitar as fronteiras de 1967 e reconhecer a Palestina como um estado de pleno direito com sua capital em Jerusalém Oriental. O Egito irá apoiar qualquer
iniciativa para resolver a questão palestina porque a posição egípcia inabalável consiste em que os direitos dos palestinos sejam respeitados.
– O Egito declarou o lançamento do projeto de expansão do canal de Suez e de construção de um novo canal ao lado do já existente. Pode dar alguns pormenores do projeto?
– O presidente do Egito declarou na ONU que nós estamos dispostos a expandir o canal de Suez para aumentar o volume e a velocidade de processos de negócios entre o Ocidente e o Oriente. Trata-se de reduzir o tempo de cruzamento do canal por navios de 11 a 3,5 horas. Além disso, temos a intenção de aproveitar a posição geográfica central do nosso país e, no futuro, criar um centro de logística global com os aeroportos e outros serviços de logística para todos os países do mundo. Isso dará um impulso ao comércio egípcio e à economia em geral, especialmente na área do turismo e da indústria. Este passo irá também apoiar processos de comércio mundial entre o Ocidente e o Oriente.
– Desde que Mursi foi afastado do cargo, ataques terroristas no país se tornaram mais frequentes. Como o Egito está lidando com isso?
– O terrorismo de hoje é um produto fabricado artificialmente que não tem fronteiras e se propaga com grande velocidade. O preço pelo terrorismo pagam povos comuns. O Egito pretende ser um dos países que conduzem a luta mais ativa contra o terrorismo.
– O Egito irá lutar contra o terrorismo somente dentro do país ou a luta pode adquirir um caráter internacional?
– Nós devemos proteger as nossas fronteiras, especialmente a fronteira com a Líbia que se estende por mais de 1.000 km. Não só o Egito, mas muitos outros países estão agora confrontando organizações terroristas que operam através de fronteiras.
Nós iremos lutar contra o terrorismo dentro do país, pois a escala de propagação do terrorismo é bem colossal. Vimos o que está acontecendo na Líbia, Iraque, Egito, Síria, e o que depois passou para a Argélia, onde recentemente foi decapitado um cidadão da França. E o dever de nossos países, que aspiram à paz, é se unirem contra um inimigo comum – o terrorismo.