Discurso do vice-primeiro-ministro da Síria e ministro do Exterior e Expatriados, Walid al-Moallem, à ‘Conferência Genebra-2’, em Montreux, Suíça – publicado na Agência SANA – Tradução final Vila Vudu.
Senhoras e Senhores,
Falo-lhes em nome da República Árabe Síria, REPÚBLICA – estado civil que alguns, aqui nessa sala, tentaram empurrar de volta à idade média; ÁRABE – orgulhosa da sua firme e constante herança panárabe, apesar dos deliberados atos de agressão de supostos fraternais amigos árabes; e SÍRIA, com história de mais de sete mil anos.
Nunca estive em posição mais difícil; minha delegação e eu trazemos o peso de três anos de privações e dificuldades que meus companheiros e patrícios enfrentamos – o sangue dos nossos mártires, as lágrimas dos nossos enlutados, a angústia das famílias à espera de notícias dos entes queridos – sequestrados ou desaparecidos, o choro das nossas crianças nas salas de aula, crianças cuja doçura foi alvo de bombardeamentos mortais, a esperança de uma geração inteira destruída ante nossos olhos, a coragem dos pais que mandaram todos os filhos para defender o nosso país, a tristeza profunda das famílias cujos lares foram destruídos e agora vagam, dispersadas, como refugiados.
Minha delegação e eu trazemos a esperança da nossa nação para os anos vindouros – o direito de cada criança de novamente ir em segurança à escola, o direito da mulher de sair de casa sem medo de ser sequestrada, violentada ou morta; o sonho da nossa juventude de realizar seu vasto potencial; esperança de que a segurança volte a existir, os homens sabendo que podem deixar em segurança a família, certa de que o pai voltará vivo para casa no fim do dia.
Afinal, hoje é a hora da verdade que tantos tentaram sistematicamente enterrar por baixo de campanhas de desinformação, de mentiras e de intrigas, que levaram às matanças e ao terror. Essa verdade que não se deixa enterrar, apresenta-se aqui claramente para que todos a vejam. Somos representantes da República Árabe Síria. Representamos o povo sírio, o estado sírio, o governo da Síria, o estado, o exército da Síria e o presidente da Síria, Bashar al-Assad.
Senhoras e Senhores,
é deplorável que aqui nessa sala, conosco, estejam representantes de países que têm as mãos marcadas com sangue sírio, países que exportaram o terrorismo – além do perdão para os terroristas que perpetram atos de terror – como se Deus lhes tivesse dado o direito de decidir quem vai para o céu e quem vai para o inferno. Países que impediram crentes fiéis de visitarem seus templos de culto. Países que financiam e apoiam terroristas.
Países que se auto-outorgaram, eles mesmos, a autoridade para conceder ou negar a outros qualquer legitimidade, do modo como melhor lhes conviesse, sem olhar os próprios velhos telhados de vidro, antes de se porem a jogar pedras contra torres fortificadas.
Países que desavergonhadamente se apresentam para nos ensinar o que é a democracia em progresso e em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que, em suas próprias terras, chafurdam na ignorância e em suas regras e normas medievais retrógradas.
Países que se acostumaram a ser possuídos, mandados, por reis e príncipes com o direito soberano de distribuir a riqueza nacional só entre seus parentes e sócios, negando qualquer direito aos que não se deixem prender na rede de favores oficiais.
E esses países quiseram ensinar à Síria, estado virtuoso e soberano, o que aqueles países suponham que seja a honra. E enquanto eles mesmos submergem na lama da escravidão, do infanticídio e de outras práticas medievais. Depois de todos seus esforços e fracassos subsequentes, as máscaras caíram-lhes da cara, e deixaram ver suas ambições perversas: queriam desestabilizar e destruir a Síria, pela exportação do principal produto que exportam: o terrorismo. Usaram seus petrodólares para comprar armas, recrutar mercenários e para saturar o ar com notícias que encobrissem a própria brutalidade insensata deles.
Mentiram e disfarçaram as suas próprias mentiras sob o slogan de que a ‘revolução’ deles seria “Revolução Síria que iria satisfazer as aspirações do povo sírio.”
Senhoras e senhores,
Como poderia alguém supor que o que aconteceu e continua a acontecer e a atormentar a Síria satisfaria algum dia alguma aspiração do povo sírio?!
Como poderia alguém supor que terroristas chechenos, afegãos, sauditas, turcos ou, mesmo, franceses ou ingleses, satisfariam algum dia alguma aspiração do povo sírio? E para oferecer o quê, ao povo sírio? Um estado islamista que se orienta pelo mais pervertido wahhabismo? E quem algum dia disse a eles que o povo sírio teria alguma aspiração a regredir muitos mil anos, de volta ao atraso, rumo ao passado? (…)
Mas, em nome dessa ‘revolução’ deles, crianças são mortas nas escolas; estudantes, nas universidades; mulheres são ofendidas e extorquidas nessa “jihad al-nikah”[1] e por outras formas, mesquitas são bombardeadas nos momentos em que estão mais cheias de fiéis que fazem suas orações, queimam-se pessoas vivas, num verdadeiro holocausto que muitos países negarão, sem serem acusados de preconceito contra judeus.
Em nome de uma revolução “para salvar o povo oprimido da Síria do seu regime e para difundir a democracia,” iria um chefe de família fazer explodir a si mesmo, sua mulher e seus filhos para impedir que intrusos estrangeiros entrassem em suas casas? A maioria de nós nessa sala somos pais. Pergunto-lhes então: o que compeliria um homem a matar a própria família para protegê-la desses monstros terroristas, chamados ‘combatentes da liberdade’? E isso, precisamente, aconteceu em Adra, lugar do qual a maioria dos senhores nunca ouviram falar, mas onde esses mesmos monstros estrangeiros foram ao ataque: mataram, saquearam, decapitaram, massacraram e incendiaram pessoas vivas. Certamente os senhores nada ouviram a respeito dessa brutalidade. Mas podem ter ouvido de outras localidades onde o mesmo tipo de crimes atrozes foram cometidos pelos terroristas, que agora apontam os dedos ainda ensanguentados contra o Exército Sírio e o governo. Foi só depois de essas mentiras flagrantes já não obterem nenhum crédito, que eles pararam de construir essa sua teia de impostura, mentiras, enganações.
Os terroristas fizeram o que seus patrões os mandaram fazer, esses países que lançaram a guerra contra a Síria, tentando aumentar sua influência na região com subornos e dinheiro, exportando monstros humanos completamente embriagados da abominável ideologia wahhabista e ao preço do sangue da Síria.
Dessa tribuna, digo em voz alta e claramente que os senhores, como eu, sabemos que eles não pararão depois da Síria, ainda que alguns nessa sala recusem-se a aceitar que assim é, porque se consideram, eles mesmos, imunes.
Senhoras e senhores,
Tudo o que até aqui lhes disse nunca teria acontecido, não seria possível, se os países que têm fronteira conosco tivessem sido bons vizinhos ao longo desses anos desafiadores. Infelizmente, ficaram muito longe disso; nos atacaram com facas pelas costas, vindos do norte; como espectadores inertes e silenciosos quanto à verdade, vindos do oeste; um sul fraco, acostumado a fazer os jogos de outros; ou o exaurido e esgotado leste, ainda cambaleante por causa das maquinações que visam também a destruí-lo junto com a Síria.
Realmente, o que se tem é que a miséria e a destruição que invadiram a Síria e querem fazê-la afundar só foram possíveis dada a decisão do governo de Erdogan, de convidar e acomodar esses terroristas criminosos, antes de eles entrarem na Síria. Claro que, já tendo esquecido de que o feitiço pode, no final, virar-se contra o feiticeiro, o governo Erdogan já está conhecendo a amargura de colher o que foi plantado.
Porque o terrorismo não reconhece nenhuma religião. O terrorismo só é leal ao próprio terrorismo. E o governo de Erdogan, imprudente e temerário, mudou, de política de zero problemas com vizinhos, para política de zero política exterior, de zero diplomacia, que, crucialmente, gerou zero credibilidade.
Mas continuou-se pelo mesmo caminho atroz e falso, acreditando-se que os sonhos de Sayyid Qutb e, antes dele, de Mohammad Abdel Wahab, estariam afinal se realizando. Causaram estragos, pilharam e saquearam. Partindo da Tunísia, até a Líbia, o Egito e a Síria, determinados a realizar uma ilusão só existente em suas mentes. Agora, apesar de ter-se comprovado que isso levaria ao fracasso, continuam determinados a perseguir o sonho.
Não se entende isso tudo, em termos lógicos, se não como estupidez, porque, se não se aprende pela história, perde-se a capacidade de compreender o presente. A história ensina que, se a casa do seu vizinho estiver em fogo, você está em perigo e não conseguirá manter-se ao abrigo, fora de perigo.
Alguns vizinhos começaram a incendiar a Síria, enquanto outros recrutavam terroristas ao redor do globo. Nisso, somos confrontados com uma chocante farsa de padrões dúbios e duplos.
Em luta, dentro da Síria, há agentes armados de 83 nacionalidades. Ninguém denuncia essa aberração, praticamente ninguém a condena, praticamente ninguém dá sinais de qualquer interesse em reconsiderar as próprias posições iniciais. E a isso chamam ainda, impertinentemente, de Revolução Síria! Porém, quando uns poucos jovens da frente de combate da Resistência passaram a apoiar o Exército Sírio, em algumas poucas localidades, então… foi como se as portas do inferno se abrissem de par a par. Isso, e a ajuda ao governo oficial, foi visto como intervenção estrangeira!
Exigiu-se em seguida a saída de tropas estrangeiras, a proteção da soberania da Síria, que não pode ser violada.
Aqui, senhores, declaro que a Síria – estado soberano e independente – vai continuar a fazer o que for necessário para defender-se, com quaisquer meios que conclua e decida que sejam necessários, sem dar nenhuma atenção a tumultos, denúncias, enunciados ou posições expressas por partes não qualificadas para manifestar-se. São decisões soberanas, como outras foram e outras serão, decisões soberanas que cabe à Síria tomar e que a Síria tomará.
Apesar de todas as dificuldades, o povo sírio continuou firme. Vieram então as sanções alimentares, cortaram a comida dos sírios, o pão e o leite das nossas crianças. A população está à míngua, há doença e morte, por causa da injustiça dessas sanções. Ao mesmo tempo fábricas, pilham-se e incendeiam-se fábricas, pilhagens e incêndios que agridem, principalmente as fábricas de alimento e de remédios; hospitais e centros de saúde são destruídos; linhas ferroviárias e de eletricidade são sabotadas em toda a Síria; e nem os nossos templos religiosos – dos cristãos e os islâmicos – salvam-se da fúria terrorista.
Quando tudo aquilo fracassou, os EUA então ameaçaram bombardear a Síria.
Fabricaram, com os seus aliados ocidentais e árabes, aquela história do uso de armas químicas, história com a qual não conseguiram convencer sequer o seu público interno; muito menos, é claro, convenceram o público sírio.
Países que tanto celebram a democracia, a liberdade e os direitos humanos, só falam, de fato, a linguagem da violência bruta, do sangue, da guerra, do colonialismo e da dominação.
Democracia, mas imposta sob fogo; liberdade, mas imposta com aviões de guerra; direitos humanos, implantados mediante massacres e matanças; porque estão habituados a viver num mundo que obedece suas ordens e atente seus desejos: se querem, a coisa acontece; se não querem, não acontecerá.
Assim, rapidamente esqueceram que os criminosos que atacaram em New York repetem e obedecem a mesma doutrina e vêm da mesma fonte, que os criminosos que agora se autoexplodem na Síria. Temerária, descuidadamente, esquecem que se trata do mesmo tipo de terroristas que ontem estavam ativos nos Estados Unidos; e que hoje estão ativos na Síria. Quem pode saber onde estarão ativos amanhã?
Absolutamente certo, porém, é que nada disso termina aqui. O Afeganistão seria boa lição para quem quisesse aprender – qualquer um! Infelizmente, a maioria não quer aprender; nem os Estados Unidos, nem nenhum dos países ocidentais ditos ‘civilizados’ que seguem a mesma orientação, a começar por Paris, “Cidade Luz”, e indo até o reino inglês, onde “o sol jamais de põe” – ninguém aprendeu do passado. Apesar de todos esses países conhecerem o gosto amargo do terrorismo.
Depois então, na sequência, converteram-se todos em “Amigos da Síria.” Quatro desses “amigos” são autocráticos, monarquias opressivas que nada sabem de estado civil ou de democracia; e os demais são os mesmos poderes coloniais que ocuparam, pilharam, e dividiram a Síria, há menos de cem anos passados.
Esses chamados “amigos” agora se põem a convocar ‘conferências’ para, publicamente, declarar sua amizade com o povo da Síria. Ao mesmo tempo, encobertamente continuam a agir para aumentar as privações pelas quais passa o povo sírio e destruindo nossos meios de vida. Esses chamados ‘amigos’ abertamente se declaram escandalizados com a difícil situação humanitária dos sírios; ao mesmo tempo, cuidam de enganar a comunidade internacional, ocultando todas as pegadas da cumplicidade daqueles ‘amigos’, no que acontece de ruim à Síria.
Se estivessem realmente preocupados com a situação humanitária da Síria, bastaria que removessem as sanções e os embargos, que são os nós que estrangulam a economia síria; e se associariam ao governo sírio, na luta contra o influxo de armas e de terroristas. Façam isso, e podemos garantir que voltaremos a viver tão bem como vivíamos antes, e aqueles ‘amigos’ ficarão livres de tantas e tão profundas preocupações com o nosso bem-estar.
Alguns dos senhores talvez se estejam perguntando: todos os fabricantes do que hoje se passa na Síria são estrangeiros? Não, senhoras e senhores.
Os sírios que temos aqui entre nós, depois de terem sido pseudo-legitimados por agendas estrangeiras, tiveram importante papel como facilitadores e realizadores do que hoje se vê na Síria. O que fizeram foi feito à custa de sangue sírio e de aspirações do povo que dizem representar. Eles mesmos divergiram entre eles, dividiram-se inúmeras vezes entre eles; e, no campo de batalha, os ‘líderes’ deles dispersaram-se, em fuga. Venderam-se a Israel, transformando-se, aqueles sírios, em olhos e gatilhos israelenses, para destruir a Síria. Quando afinal aqueles prepostos falharam, Israel então interveio diretamente para reduzir a capacidade do Exército da Síria; assim Israel tentava garantir a continuada realização de seus planos, já preparados há décadas, contra a Síria.
Enquanto o povo sírio estava sendo massacrado, aqueles sírios exilados viviam em hotéis de luxo. Toda a ‘oposição’ que fizeram ao governo sírio sempre foi feita de bem longe, de terra estrangeira. Ali se reuniram para trair a Síria e vender, por bom preço, a estrangeiros as mais mirabolantes ideias e propostas. Ainda agora repetem que falariam em nome do povo da Síria!
Não, senhoras e senhores. Quem quiser falar em nome do povo da Síria que cuide, antes, de não trair a causa do povo da Síria e de não se pôr a serviço dos inimigos da Síria. Os que queiram falar em nome do povo da Síria que falem de dentro das fronteiras da Síria, em solo sírio, morando nas casas sírias destruídas; tendo de mandar os filhos à escola, de manhã, sem saber se voltarão salvos à tarde, sobreviventes dos tiroteios e dos ataques de morteiros. Os que queiram falar em nome do povo da Síria que venham enfrentar o inverno congelante (porque não há combustível para aquecimento), horas e horas nas filas para comprar pão (porque as sanções impedem a compra do trigo e cereais, que a Síria sempre exportou; até que agora, por causa das sanções, praticamente já não se encontram).
Quem queira falar em nome da Síria e de seu povo teria, antes, de ter enfrentado três anos de luta contra o terrorismo, cara-a-cara, como nós fizemos. Sem isso, não, senhores, não. Eles não falam em nome do povo sírio.
Senhoras e senhores,
A República Árabe Síria – como povo e como estado, cumpriu seus deveres.
A Síria deu as boas vindas a centenas de jornalistas internacionais facilitando sua mobilidade, segurança e acesso. Eles por seu turno espelharam a horrífica realidade, que testemunharam, para suas audiências, realidades que deixaram muitos da mídia organizada do ocidente perplexos… por não mais poderem manter sua propaganda e por verem suas narrativas expostas e desmentidas. Os exemplos são muitos para serem contados. Nós permitimos a ajuda internacional e que organizações de ajuda e socorro entrassem no país. Mas agentes clandestinos de certas partes presentes aqui nessa sala impediram que a ajuda chegasse aos que mais horrível e fatalmente tinham carência dela. Essa ajuda foi muitas vezes detonada em ataques terroristas. Nós, como estado e governo, cumprimos nosso dever de proteger os agrupamentos de socorro e de facilitar seu trabalho.
Anunciamos várias anistias e libertamos milhares de prisioneiros, alguns dos quais, até, membros de grupos armados e, isso, apesar de termos de enfrentar a ira e a consternação dos familiares das vítimas deles. Mas aquelas famílias, como nós, tivermos de aceitar que os interesses da Síria têm prioridade sobre tudo, aqui; e ocultamos nossos sofrimentos e nos erguemos acima do rancor e do ódio.
E o que fizeram vocês, que dizem falar em nome do povo sírio? Que visão têm a oferecer para esse grande país? Onde estão suas ideias? Onde está seu manifesto político? Quais os seus agentes de mudança em solo – que não sejam só as gangues de bandidos armados? Não tenho dúvida de que vocês não têm o que teriam de ter. E isso está muito claramente visível nas áreas ocupadas pelos mercenários de vocês, aquelas, que vocês chamam de “áreas libertadas”…
Libertaram o quê? Libertaram aquelas populações da cultura moderada em que viviam antes, para enforcá-las em suas práticas radicais e opressivas? Construíram alguma escola? Algum centro de saúde? Não. Vocês destruíram escolas e centros de saúde. Deixaram que a poliomielite, que já havia sido erradicada na Síria, voltasse ao país.
Vocês protegeram museus e peças culturais e de arte? Não. Vocês saquearam o patrimônio nacional sírio, com lucros pessoais, para vocês. Vocês mostraram qualquer compromisso com a justiça e os direitos humanos? Não, vocês encenaram execuções públicas e decapitações. O que fizeram, e é desgraça e vergonha, foi suplicar aos EUA que bombardeassem a Síria.
Nem a oposição, da qual vocês são autodesignados senhores e guardiões, os reconhece. Como tampouco reconhece os métodos de que vocês servem-se para manejar seus próprios interesses, nunca nem os negócios nem os interesses da Síria.
E eles pretendem homogeneizar o país; não é, sequer, em algum sentido sectário, étnico ou religioso, mas num sentido apenas ideológico deformado. Quem for contra eles, sejam esses cristãos ou muçulmanos, será visto como infiel. Eles já mataram muçulmanos de todas as seitas, e também tomaram como seus alvos mortais cristãos sírios; e outros foram tratados com muita severidade. Mesmo freiras e bispos foram convertidos em alvos deles. E foram sequestrados, quando do ataque a Maloula, a última comunidade no mundo que ainda fala a língua de Jesus Cristo. Esses ‘salvadores’ da Síria fizeram o que fizeram em Maloula, para que os cristãos fugissem da Síria.
De fato, nem sabiam que nós, na Síria, somos uma unidade. Quando a cristandade é atacada, todos os sírios se transformam em cristãos. Quando as mesquitas são atacadas, todos os sírios se transformam em muçulmanos. Todo e cada sírio é de Raqqa, Lattakia, Sweida, Homs, ou da ensanguentada Allepo, quando qualquer um desses lugares é atacado.
As odiosas tentativas para semear o sectarismo e a guerra religiosa jamais serão aceitas pela população comum da Síria.
Em resumo senhoras e senhores, essa dita ‘gloriosa revolução’, cometeu todos, e não deixou de cometer um, sequer, dos pecados mortais.
Há ainda um outro lado desse triste panorama. A luz no fundo do túnel ainda brilha, por causa da determinação e da firmeza do povo sírio e da coragem do Exército Sírio, que protege e sempre protegerá os cidadãos sírios. E da resistência elástica, e perseverante, do governo sírio.
Durante tudo o que aconteceu, houve países que nos demonstraram real amizade. Países honestos que estiveram ao lado do certo contra o errado, mesmo quando, em todo o horizonte, só se via o lado errado.
Em nome do povo sírio e da Síria, como estado, agradeço à Rússia e à China, por terem respeitado a soberania e a independência da Síria.
A Rússia tem sido real campeão dos povos no palco internacional, defendendo consistentemente mediante ações, não só com palavras, os princípios fundamentais das Nações Unidas, que respeita e exige respeito à soberania das nações.
Assim também a China, os países do grupo BRICS, o Irã, o Iraque e outros países árabes e muçulmanos, além de países africanos e sul-americanos, que também salvaguardaram, genuinamente, as aspirações do povo sírio, e não as ambições de outros governos de olhos postos na Síria, como presa.
Sim senhoras e senhores,
O povo sírio, como outros povos da região, deseja ardentemente mais liberdade, justiça e direitos humanos; eles desejam ardentemente mais pluralidade e democracia, querem uma Síria melhor, mais segura e fora de perigo, em prosperidade e em saúde. Desejam ardentemente construir de instituições firmes, não a destruição de todas as instituições firmes; aspiram a proteger nossos bens, nosso patrimônio, nossa arte; não o saqueio e a demolição de tudo que a Síria tem. Eles desejam um exército nacional capaz, que assegure e proteja nossa honra, nosso povo e a riqueza nacional, um exército que defenda as fronteiras sírias, sua soberania e a sua independência. O povo sírio não quer, senhoras e senhores, um exército de mercenários.
Não queremos exército ‘livre’ para sequestrar civis, ou para cobrar resgate ou para usá-los como escudos humanos; ‘livre’ para roubar a ajuda humanitária, para extorquir os sírios pobres; ‘livre’ para comerciar ilegalmente órgãos humanos, arrancados de mulheres e crianças vivas; ‘livre’ para canibalizar corações e fígados humanos, para assar cabeças humanas, para recrutar e armar crianças-soldados e para violar mulheres. Tudo isso é feito pela força das armas. Armas essas a eles entregues por países representados nessa Conferência e que dizem representar “grupos moderados”.
Antes nos digam, em nome de Deus, onde estava essa moderação, quando acontecia tudo que aqui lhes relato?
Onde estão esses sombrios grupos moderados, atrás dos quais tantos tentam esconder-se? Serão esses os mesmos velhos grupos que continuam a ser apoiados, militar e publicamente pelo ocidente, que hoje se submetem às mais patéticas tentativas de face-lift [cirurgia plástica, para rejuvenescimento facial], na esperança de nos convencer de que estariam lutando contra o terrorismo?
Todos nós sabemos que não importa o quanto suas máquinas de propaganda tentem envernizar as imagens deles, o extremismo, o terrorismo, continuam inalterados, por baixo das novas fachadas.
Eles sabem, como nós todos sabemos, que sob o pretexto de apoiar esses grupos ditos ‘moderados’, a al-Qaeda e seus afiliados estão sendo armados na Síria, no Iraque e em outros países da região.
Essa é a realidade, senhoras e senhores.
É tempo de acordar para a incontestável realidade de que o ocidente está apoiando alguns países árabes para que forneçam armas mortais para a al-Qaeda.
O ocidente afirma publicamente que combate o terrorismo, enquanto, de fato, ocultamente, o está alimentando. Quem não vir isso está cego, ou pela ignorância ou pela ânsia de acabar o que começaram.
É essa a Síria que queremos ter? Milhares de mártires e a perda de nossa antes estimada segurança pessoal e nacional, que foi substituída por devastação apocalíptica? Seria esse o desejo do povo sírio, que eles tentam concretizar? Não, senhoras e senhores. O que hoje se vê na Síria não prosseguirá. E é por isso que estamos aqui.
Apesar de tudo o que foi feito por alguns, nós estamos aqui para salvar o país; para terminar com as decapitações, para impedir a canibalização e a carnificina. Viemos ajudar mães e crianças a retornarem às suas casas, das quais foram afugentadas pelos terroristas. Estamos aqui para proteger os civis e o caráter aberto do estado sírio, da Síria, e para impedir o avanço sistemática de terroristas vindos de outros países, por toda a nossa região.
Estamos aqui para impedir o colapso de todo o Oriente Médio. Para proteger sua civilização, cultura e diversidade, e para preservar o diálogo das civilizações no berço das religiões.
Viemos para proteger a tolerância islâmica, que foi deformada, e para proteger os cristãos do Levante.
Estamos aqui para dizer aos exilados que retornem ao seu país, porque se não o fizerem se autocondenarão a ser eternos estrangeiros em outros lugares. E porque, independente das nossas diferenças, ainda continuamos a ser irmãos e irmãs.
Estamos aqui para pôr fim ao terrorismo, como outros países que conheceram o seu gosto amargo e puseram-lhe fim.
Afirmamos, alto e consistentemente, que a única solução é um diálogo entre sírios. Mas, assim como outros países também assaltados pelo terrorismo, temos o dever constitucional de defender nossos cidadãos. Por isso continuaremos a combater o terrorismo que ataca sírios, digam os terroristas o que disserem sobre suas afiliações políticas.
Aqui estamos para exigir responsabilidades, porque se certos países continuarem a apoiar o terrorismo, essa conferência não trará frutos.
Pluralismo político e terrorismo não poderão jamais coexistir. A política só consegue avançar, se derrota o terrorismo; nada se poderá jamais construir à sombra do terrorismo e de terroristas.
Estamos aqui como representantes do povo e do estado; mas que fique bem claro, para todos – a experiência é aqui a melhor prova: ninguém tem autoridade para dar ou retirar a legitimidade de um presidente, de um governo, de uma constituição, de uma lei, ou de seja o que for, na Síria, exceto os sírios, eles mesmos. É direito dos sírios, tanto quanto é seu dever.
Portanto, qualquer que seja o acordo ao qual se chegue aqui, ele terá de ser submetido a um referendo nacional na Síria.
Nós temos a tarefa de apresentar aqui os desejos do nosso povo, não a de determinar o seu destino. Quem tenha interesse em ouvir a vontade do povo sírio, que não comece por se apresentar como seus representantes autodesignados. Só os sírios têm o direito de eleger seu governo, seus parlamentares e de aprovar sua constituição. Qualquer outra ideia será só conversa fiada, que nada determina, se não for aprovada pelos sírios.
Finalmente, a todos aqui e aos que nos acompanham ao redor do mundo:
Na Síria, estamos lutando contra o terrorismo, que destruiu e continua a destruir; contra o terrorismo. Desde os anos 80s muitos clamam a ouvidos surdos, por uma frente ampla que destrua o terrorismo.
O terrorismo atacou nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, na Rússia, no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, e a lista continua a crescer.
Temos de todos cooperar nessa tarefa. Temos de trabalhar conjuntamente para extinguir aquela ideologia malévola, horrenda, obscurantista.
Então, que possamos como sírios estar unidos para nos focar na Síria, para começar a reconstruir o seu tecido e a sua estrutura social.
Como já ficou dito, o fundamento desse processo é o diálogo. Apesar de nossa gratidão ao país anfitrião, afirmamos que o diálogo real entre os sírios deve ser feito, de fato, em solo da Síria, sob o céu da Síria.
Há exatamente um ano, o governo sírio propôs a sua visão para uma solução política. Quanto sangue inocente teria sido poupado, se tantos países tivessem optado pela razão, não pelo de terrorismo e pela destruição.
Durante um ano, o governo sírio clamou por um diálogo. E só o terrorismo respondeu, e continuou a atacar a Síria, seu povo e suas instituições.
Hoje, nesse encontro de poderes árabes e ocidentais, estamos frente a uma simples escolha; podemos escolher lutar juntos contra o terrorismo e começar um novo processo político. Ou tantos continuarão a apoiar que o terrorismo continue a atacar a Síria.
Rejeitemos as mentiras apresentadas por falsas mãos e faces, que vêm com sorrisos públicos, mas alimentam e armam, encobertamente, os terroristas. O terrorismo que hoje ataca na Síria está em expansão e pode vir a infectar todos nós.
Hoje, é o momento da verdade e do destino. Que estejamos à altura do desafio.
Muito obrigado.
O representante da Síria esteve à altura de desafio de representar a luta de três anos do povo sírio contra uma das mais sórdidas agressões imperialistas já ocorridas na história (ainda que seja difícil comparar as vilanias acumuladas pelos colonialistas e depois as imposições imperiais), uma agressão em que os agentes não colocam os seus coturnos na terra agredida, mas usam a pior escória de mercenários para tentar derrubar um governo apoiados no terror à população civil e na destruição da infraestrutura, aliados a sanções e ameaças.
A disposição do povo sírio esteve bem representada por Moallem quando o palhação do secretário-geral – ao tentar fazer média com os agressores norte-americanos – tentou interromper o discurso combativo e esclarecedor da Síria. Com o dedo em riste, afirmou: Você mora em Nova Iorque e eu resido na Síria. Eu tenho o direito de apresentar a versão síria neste fórum. Você falou por 25 minutos, eu preciso de pelo menos 30.
Não posso deixar de registrar a vergonhosa posição do governo brasileiro através de seu representante, Eduardo Santos.
1. O ministro das Relações Exteriores e o governo brasileiro acharam mais importante ir a Davos, onde a palavra mais usada pela presidente foi Leilão, Leilão, Leilão…Vendendo o Brasil no momento em que povos com muito menos recursos e em situação extremamente mais difícil defendem a sua soberania.
2. O Eduardo, como pudemos observar defendeu a derrubada de Assad – pela via diplomática, já que o Império (ao qual agora o governo brasileiro resolveu se avassalar) não o conseguiu no campo de batalha. Sinceramente, vir dizer que o Conselho de Segurança silenciou! O que ele queria, que a Rússia e a China aprovassem a intervenção militar – a exemplo do que foi feito no Iraque e na Líbia – para impor uma solução final ou seja o morticínio até a derrubada manu militari do governo sírio. É uma vergonha! Não devemos aceitar!
Creio que é opinião unânime entre nós que o Itamaraty comete grande erro em relação à Síria, mas acho equivocado dizer que o governo se avassalou ao Império. Aliás, o porto de Muriel, em Cuba, em breve será inaugurado, graças aos investimentos do BNDS. O Brasil tem sido um grande parceiro de Cuba (para onde Dilma irá após Davos), da Venezuela, da Palestina e de outras nações que desafiam os interesses imperialistas. Com Eduardo Campos e Marina da Silva, com toda a certeza, nossa política externa e interna recuaria décadas. Felizmente, não passarão.
Há braços.
Concordo integralmente com o Braia. O Itamarati se vendeu ao império no caso da Síria. Traiu a unidade dos BRIC’s que fechou questão em defsa do povo e do governo da Síria. Não vejo como gastar nosso dinheiro construindo um porto em Cuba possa mostrar algum tipo de independência em relação à OTAN e parceiros. Foi só mais um investimento de nosso patrimônio em algo que, em nada, beneficiará o povo brasileiro. Mais independente do que esse momento do Itamarati nós tivemos no governo do Presidente Geisel, por quem quase nenhuma simpatia tenho.
O FSM foi criado justamente para se opor a DAVOS e nossa presidente leva a delegação mais importante do ministério das Relações Exteriores para lá, desprestigiando o importante momento da tentativa de terminar uma guerra.
A defesa incondicional desse governo, ou de qualquer outro, é inaceitável. Infelizmente não temos bola de cristal para sabermos como seria a política externa em eventual governo Eduardo Campos, porém, já regredimos muito em relação ao governo do Presidente Lula.
Existem informações que o embaixador brasileiro em Damasco, no início da crise, chegou a se reunir com os grupos terroristas que lá atuam, sem que o governo fizesse qualquer reprimenda, sendo de se acreditar que com aval de Brasília.
Penso que a construção do porto de Muriel não é apenas um investimento, que obviamente trará retorno econômico ao Brasil, mas também uma ação política solidária com um país que sofre o bloqueio comercial imposto pelos EUA há mais de 50 anos, prova suficiente de que é FALSO dizer que a política externa brasileira está alinhada com a dos EUA. Convém lembrar também que Dilma condenou a agressão à Líbia, reconheceu de imediato a vitória de Maduro na Venezuela e defendeu o ingresso da Palestina como estado-membro da ONU. Todas essas ações — e muitas mais — vão no sentido contrário aos interesses dos Estados Unidos. Precisamos ver os fatos com objetividade, não guiados apenas pela lógica de alianças eleitorais de circunstância. Se o Partido Pátria Livre, infelizmente, resolveu apoiar Marina da Silva e Eduardo Campos, está no seu direito, mas colocar esse acordo eleitoral acima dos fatos, a meu ver, é um erro. Temos diferentes visões políticas no grupo mas estamos unidos em torno de alguns temas, como a defesa da soberania da Síria. Acho mais proveitoso agirmos a partir de nossos pontos em comum do que colocarmos diferenças políticas em primeiro plano. Enfim, vamos em frente, com espírito de camaradagem e de luta unitária.
Há braços,
Gostaria de acrescentar apenas um adendo: as contradições na política interna e externa de Dilma, em minha opinião, são inevitáveis, por conta do próprio leque de alianças costurado para dar sustentação ao governo federal no Congresso — onde as bancadas de representantes de empresários, latifundiários, banqueiros, picaretas evangélicos e outros representam a imensa maioria da Câmara e do Senado. Não temos um governo “de esquerda”, nem mesmo petista, mas um governo de composição com setores de centro e de direita, o que impede a adoção de políticas mais ousadas. É uma situação muito diferente da Venezuela em numerosos aspectos, mas também no que diz respeito ao Congresso. Com todas essas limitações, que impedem a aprovação de medidas mais radicais na economia e mesmo em relação aos direitos civis (estamos atrás do Uruguai em muitos pontos), acho um milagre termos uma agenda externa avançada — e acrescentaria aqui a defesa de Dilma do ingresso da Venezuela e da Bolívia no Mercosul, o fortalecimento de outros organismos de integração regional na América Latina, como o Celac e Unasul, os investimentos do governo federal na Cisjordânia, em vários acordos bilaterais realizados com a Autoridade Nacional Palestina, a recusa de Dilma em receber uma “dissidente” iraniana e a manutenção de acordos comerciais com o governo iraniano, entre várias outras ações que podem ser listadas. Como pontos negativos, que merecem nossa crítica, está a política equivocada em relação à Síria e os acordos militares com Israel (aliás, Cristina Kirchner está interessada em comprar caças Kfir israelenses — a mesma Cristina que arquitetou o acordo de cooperação entre Israel e o Mercosul). Em minha opinião, a crítica à política externa brasileira é justa quando centrada em questões específicas, mas não podemos desconsiderar o quadro mais amplo.
Há braços,
Não acho justas as considerações do Claudio. As opiniões minhas com relação à participação – vergonhosa do Brasil – na Conferência de Genebra II não podem ser aliadas à decisão do partido, ao qual me orgulho de pertencer, de marchar com este ou aquele candidato.
Todos do GT Árabe me conhecem de longa data. Enfrentei prisões em Israel com pouco mais de 20 anos de idade, em meio a uma guerra, com as fronteiras de Israel já superadas por tropas árabes, para defender o que é justo (naquele momento era a resposta árabe à ocupação dos territórios árabes).
Nesses mais de quarenta anos nunca submeti a justa solidariedade à causa árabe a interesses pessoais ou circunstanciais. Acho que é justo discutirmos o comportamento da Dilma na relevante questão síria – pois desse posicionamento depende o sucesso da nossa solidariedade, aliás não pode haver solidariedade mais efetiva do que exigirmos um posicionamento melhor do nosso governo. No entanto, não vejo por que outros tenham uma mesma visão em cada caso. Só é preciso cuidado para, no calor dos debates, não faltarmos com a verdade ou com o respeito.
As minhas opiniões são exclusivamente no sentido de que a causa árabe – no que ela tem de justo, progressista e em muitos casos revolucionária – avance e seja vitoriosa, sobretudo agora que há este histórico e decisivo confronto entre o Imperialismo norte-americano e a Síria.
Vejam que nas minhas observações trato principalmente do posicionamento do ministro Muallem e secundariamente do governo brasileiro. Não sei por que o Claudio se dói tanto.
Acho que a posição do governo brasileiro – e não vamos subestimar a importância dessa posição, pois o Brasil tem um peso muito grande e seu posicionamento é fundamental para isolar a posição dos EUA e de seus satélites na Europa – é fundamental para dar mais segurança à Rússia e aos demais BRICS para avançarem de forma mais efetiva ainda na defesa da soberania síria e fazer as forças que se juntaram aos EUA começarem a recuar.
Acho errado contrapor um erro desse a acertos pontuais do governo Dilma (ela realmente não tem espaço para recuar mais ainda em direção à vassalagem, pois não existe na sociedade brasileira e acredito que dentro dos seus aliados espaço para uma postura mais recuada ainda em toda a linha).
Agora, só para refresco de memória, com relação à Líbia, a negativa formal que o governo brasileiro deu foi inteiramente insuficiente. O Itamaraty declarou na época que o Brasil “manifesta expectativa de que seja implementado um cessar-fogo efetivo no mais breve prazo possível”.
O texto afirma ainda que o cessar-fogo será “capaz de garantir a proteção da população civil” e criar condições de resolver a crise pelo diálogo. Nada sobre a soberania da Líbia (atacada logo na primeira hora por 110 mísseis Tomahawk disparados do mar sobre território líbio!)
E mais, o chefe do Império, Obama, sentiu-se com espaço para declarar guerra à Líbia não desde Washington, mas desde…Brasília.
E mais, o governo brasileiro ao invés de reclamar imediatamente do norte-americano esperou que Obama saísse do pais para falar em expectativa de cessar-fogo. Pode?!
Agora, se nossas discussões não puderem abordar a ação de nosso governo quando fatos relevantes acontecem… O que está se propondo, uma censura ao pensamento dos brasileiros que copõem o GT?
A unidade é mais do que válida, mas tem que ser em cima da tolerância às ideias expressas e no repeito às opiniões, mesmo quando delas divergimos.
Por fim, como assegurar que um governo de Eduardo Campos teria posições do mesmo naipe. E se tiver, será criticado, pelo menos por mim do mesmo jeito. Alás, é possível posição mais agachada ainda?
Por fim, o Brasil avançou muito com relação à política externa brasileira e com seu ministro do Exterior, Celso Amorim, deu lições de maestria em inúmeros casos. Com relação às relações com o mundo árabe, não existe nada comparável na história da política externa do Brasil. O Brasil ocupou um lugar de protagonista no cenário político mundial, espaço este agora ocupado pela Rússia que depois de perceber a besteira (para não dizer nome mais feio) no Conselho de Segurança com relação à Líbia, aprendeu com o erro e avançou. E nós, vamos recuar mais ainda? Até quando?
Quanto à Palestina, uma declaração formal junto à ONU é tudo que podemos esperar? Se não formos nós a pressionar o nosso governo por melhores posições quem será?
Santa paciência…
Haja braços