Maroun Al-Ras e Beit Jbeil, julho de 2006. O purgatório dos covardes é o Paraíso dos Valentes

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“Nosso Sangue Venceu”

Frase em faixas nas cidades no sul do Líbano, após a vitória em 2006

“Se você der armas aos covardes fique certo que eles vão usá-las” combatente do Hezbollah em Bint Jbeil, veterano da guerra em 2006

“… aí você vê o quão perto a destruição e a devastação são coerentes e se ligam à vontade de resistir e com a vontade de permanecer firme em sua terra. Ali, as colinas inclinadas se estendem e nos transportam para um horizonte que parece abraçar as almas dos mortos e você sente que foi lançado em um caminho infinitamente circular.”

O poeta Elias Khouri sobre Bint Jbeil e a destruição das aldeias no sul do Líbano

 

Por Tufy Kairuz

Nabatieh (Muāfaat an-Nabaiyyah), no extremo sudeste do território libanês, ou, se preferirem, na Alta Galileia histórica, é uma das nove divisões administrativas estabelecidas pelo governo do Líbano. A área desta província, com a capital do mesmo nome, é de 1.058 km2 e abriga, na atualidade, uma população de mais de 200.000 almas de maioria xiita, seguida por um número significativo de cristãos ortodoxos (e em menor número maronitas), drusos e sunitas. Nabatieh, além disso, fica localizada em um triângulo composto pelo Líbano, Palestina Ocupada e Síria com vista para as disputadas “Granjas de Shebaa” e as Colinas de Golã, ambas ocupadas pelos sionistas.

Veja os detalhes da imagem relacionada. How to Get Laid in Lebanon - Where to Pick Up and Date Girls

MAPA: DIVISÕES ADMINISTRATIVAS DO LÍBANO.

As localidades de Maroun al-Ras e Bint Jbeil, em Nabatieh, distantes da fronteira da Palestina Ocupada por um arremesso de pedra, foram os primeiros alvos da agressão sionista naquele verão libanês nos idos de 2006. O vilarejo de Maroun al-Ras cuja tradução em português seria a “faixa de terra de Maroun”, tem origem no século XVI, sob domínio otomano, e o censo da época listava uma população camponesa que produzia trigo, cevada, oliveiras, uvas, mel e criava cabras. Os viajantes europeus, e mais tarde os relatórios do britânico Palestinian Exploration Fund, no século XIX, descreviam o vilarejo, localizado em uma colina formado por casas de pedra, e habitadas por algumas dezenas de famílias. Na primeira metade do século XX a população de Maroun al-Ras somava 1.070 camponeses, que como seus ancestrais, cultivavam a terra e trabalhavam de sol a sol.

MAROUN AL-RAS

Bin Jbeil, localidade vizinha a Maroun al-Ras, na tradução do árabe significa a “filha da montanha”.  É uma pequena cidade cuja população, que de acordo com o último censo libanês, em 1932, somava cerca de 30.000 almas.  O vilarejo tem origem em um antigo assentamento fenício, mas a partir do século XII começa a ser habitada por uma população majoritariamente xiita que tentava escapar do domínio mameluco-sunita nos grandes centros da região.

Com a chegada dos turcos otomanos, no final do século XVI, a cidade ganha o nome atual e aparece listada no censo do imperial, de forma análoga à outras no sul do atual Líbano, como produtora de trigo, cevada, azeitonas, uvas, mel e com a criação de cabras. No século XIX, viajantes europeus e os relatórios do britânico Palestinian Exploration Fund reportavam que a vila possuía uma mesquita e era habitada por mil “metualis” (denominação dada aos xiitas duodécimos naquelas regiões).

No século XX a população de Bint Jbeil formada por xiitas (90%) e cristãos (10%) sofreu muito, como todo sul do Líbano, com as repetidas invasões sionistas, em 1978 e 1982, e com a subsequente ocupação do sul do Líbano até a expulsão do invasor, em 2000. Como resultados das invasões e a ocupação sionista estima-se que 75% da população tenha migrado para outras regiões libanesas e para o exterior. Porém, após a expulsão dos sionistas e de seus proxies do infame Exército do Sul do Líbano, a Amal, e depois o Hezbollah, passam a dominar politicamente e militarmente a região.

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BINT JBEIL 

Uma lição aos sionistas:  cuidado com a “maldita” Névoa da Guerra ou como “não se deve fazer da guerra um ato de paixão cega” (Carl Von Clausewitz)

Reza a lenda que os alemães nada tinham a fazer em Stalingrado. A ofensiva nazista tinha como objetivo os campos petrolíferos do Cáucaso e na impossibilidade de capturá-los Hitler, obcecado em destruir a cidade que homenageava seu arqui-inimigo, enterrou (literalmente) o exército alemão nas ruas de Stalingrado. O resto é História que acabou em Berlin.

Talvez, não por acaso, em 2006, os sionistas foram movidos por desejos semelhantes aos de Hitler em 1942. As bucólicas Maroun al-Ras e Bint Jbeil foram os alvos preferenciais da selvageria sionista durante 34 dias. Entre julho e agosto, o sul do Líbano foi devastado e 1.200 libaneses, na maioria civis, foram mortos. Além disso, foram destruídos plantações, casas, pontes, fabricas e postos de observação da ONU. Enfim, toda a infraestrutura civil na região.

No entanto, Maroun al-Ras e Bint Jbeil não foram o epicentro da barbárie sionista apenas por distar alguns míseros quilômetros da fronteira libanesa com a Palestina Ocupada. É preciso lembrar que os invasores sionistas lá permaneceram por 18 anos até serem escorraçados em 2000 pela Resistência. Por certo, alguém poderia argumentar que a localização estratégica e a topografia tornariam aquelas localidades alvos atraentes para qualquer invasor em potencial. Vale ressaltar que as colinas que circundam Bint Jbeil, por exemplo, oferecem uma vista privilegiada do sul do Líbano e os sionistas sabiam, baseados em suas aventuras no passado, que aquelas localidades eram fundamentais para controlar a área.

Porém, as características físicas e estratégicas explicam apenas parte do interesse sionista naquelas localidades no sul do Líbano. Foi lá, em Bint Jbeil, que Hassan Nasrallah, Secretário-Geral do Hezbollah, fez seu discurso triunfante após a retirada de “israel”, em 2000, se referindo ao inimigo sionista como “mais fraco que uma teia de aranha”, apesar de seu formidável arsenal militar. Desde então, a valorosa Bint Jbeil ficou conhecida como “Capital da Resistência”.

Todavia, recordando Caetano Veloso (este mesmo, que admira Sartre que, por sua vez, admirava o projeto sionista) em seu clássico “Sampa”: “É que Narciso acha feio o que não é espelho.” Bint Jbeil, portanto, era um espelho disforme que projetava uma imagem que incomodava o narcisismo atávico dos sionistas, pois ali foi sepultado, mais uma vez, um dos seus tantos mitos para enganar os tolos ao redor do mundo e intimidar os covardes na região: o da invencibilidade.

Os sionistas, provavelmente inspirados em Sartre, batizaram a operação militar, em 2006, “Operação Teia de Aço”. O nome certamente refletia as atribulações “existenciais” dos sionistas que buscavam se livrar do estigma de fragilidade inoculado em sua psique pelo líder libanês Hassan Nasrallah.

Em julho de 2006 deu no The Jerusalem Post: “Bint Jbeil á a capital do terror do Hezbollah”. Citando uma fonte do alto-escalão militar, o pasquim sionista afirmava que a guerra tinha como objetivo “não apenas matar combatentes do Hezbollah, mas destruir os símbolos de seu orgulho.”

O historiador David Hirst em seu livro “profético” intitulado Beware of Small States: Lebanon, Battleground of the Middle East (“Cuidado com os pequenos estados: o Líbano como campo de batalha no Oriente Médio”) confirmou que Bint Jbeil, em 2006, era a “cereja do bolo” dos objetivos recalcados do sionismo. De acordo com os cálculos delirantes dos invasores a cidade deveria ser tomada em 48 horas e uma bandeira “israelense” seria hasteada, em grande estilo, para consumar a conquista.

Quando a “Teia de Aço” vira o inferno na Terra

David Hirst, na obra supracitada, relata como a aventura sionista em Maroun al-Ras e Bint Jbeil se transformou em um pesadelo para os sionistas. De acordo com Hirst, após 10 dias bombardeando o Líbano, a milícia invasora sionista, com DNA terrorista, conhecida pelos tolos e incautos ao redor do planeta como “Forças de Defesa de Israel”, declarou de forma pomposa, em 22 de julho, que a aldeia fronteiriça libanesa de Maroun al-Ras, ao sul de Bint Jbeil, havia sido conquistada.

Porém, fora do mundo de faz-de-conta do sionismo a situação era bem diferente. Em Maroun al-Ras, em 22/07/2006, as unidades da Brigada Nasr, do Hezbollah, lutavam de rua-em-rua, de casa-em-casa, de bunker-em-bunker, contra os sionistas que ao final do daquele dia não tinham conquistado a cidade. A luta foi sangrenta naquela micro-Stalingrado, mas os combatentes do Hezbollah estavam determinados a trocar sangue, o deles e dos sionistas, por terreno. Antes da invasão, os combatentes da Brigada Nasr passaram dias interceptando as comunicações “israelenses” e quando estes chegaram encontraram os defensores prontos e bem entrincheirados. Os destacamentos sionistas falharam, repetidamente, em flanquear e superar os defensores que, por sua vez, passaram a desfechar mortíferos contra-ataques em determinadas áreas do vilarejo. Além disso, as equipes de “exterminadores de blindados”, da Brigada Nasr, composta por equipes de três homens, destruíram vários tanques sionistas.

Israeli Force Opens Fire at Farmers in Maroun al-Ras — Naharnet

A TEIA NÃO ERA DE AÇO: OS SIONISTAS EVACUANDO FERIDOS EM MAROUN AL-RAS

Em Maroun al-Ras o peculiar “equilíbrio” de forças naquela ocasião era como elencado abaixo:

Sionistas

  • Unidade de Elite 621 “Egoz”
  • Unidade de Elite 212 “Maglan”
  • 35º Brigada Paraquedista
  • Batalhão 101º
  • Batalhão de Reconhecimento 5135º
  • Batalhão de Engenheiros
  • Tanques do 7o, 188º e 401º Brigadas Blindadas
  • Unidades da Força Aérea e da Artilharia

Hezbollah

  • Algumas dezenas de combatentes da Brigada Nasr

 

Quem lembra da lenda sionista dos “7 exércitos árabes” derrotados em 1948? Pois é. Nada como uma década após a outra.

A certa altura da Batalha em Maroun al-Ras um oficial sionista reportou:

O comandante e alguns dos soldados restantes congelaram em choque. O major Amit Ze’evi, que participou da missão como observador, assumiu o comando esbofeteando vários soldados para que eles lutassem.

Em 25 de julho, durante a visita a Jerusalém da Secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, os sionistas marchavam para o um encontro fatal com o destino em Bint Jbeil, a “capital do terror do Hezbollah”. A luta por Bint Jbeil durou nove dias, mas a cidade permaneceu invicta, apesar de destruída, até o fim do conflito. Os combatentes do Hezbollah resistiram aos repetidos ataques aéreos e de artilharia bombardeios recuando para seus bunkers e só emergindo das cinzas para expulsar os sionistas em operações subsequentes.

Em 26 de julho oficiais “israelenses” admitiam que as 24 horas anteriores em sua luta por Bint Jbeil foi “o dia mais difícil de luta no sul Líbano”. Após não conseguirem tomar a cidade pela manhã os comandantes sionistas decidiram enviar a Brigada de elite Golani. Duas horas da tarde, nove soldados da Brigada Golani estavam mortos e 22 estavam feridos. No final da tarde, mais reforços, os “israelenses” enviaram uma Brigada de Paraquedistas para Maroun al-Ras onde a luta com elementos da Brigada Nasr estava em seu terceiro dia.

Depoimento dos infelizes soldados sionistas em Bint Jbeil publicados no britânico The Guardian ilustram de modo indelével a bravura indômita da Resistência:

Eram cinco da manhã e uma patrulha da da Brigada Golani encontrou com os combatentes do Hezbollah. Rajadas de armas automáticas e granadas lançadas por foguetes, de becos, janelas e telhados. Dois israelenses morreram nos primeiros momentos; mais seis foram mortos nas próximas horas. Foi, disse um sobrevivente mais tarde, uma “emboscada do inferno”.

Os relatos continuam:

O sargento Evyatar Dahan, baleado no ombro, conseguiu chutar uma granada segundos antes de explodir, mas viu seu comandante de companhia ser morto. “Foi terrível: o tiroteio continuou e gritaria dos desesperados israelenses ecoavam em todas as direções” lembrou mais tarde o jovem soldado de infantaria.

 

Sem dívida, se existe um inferno, este seria bem mais agradável para os invasores que Bint Jbeil naquele dia fatídico.

Bint Jbeil: The never ending nightmare

EVACUANDO FERIDOS EM BINT JBEIL. “NÓS CHORÁVAMOS NOS OMBROS DE UNS DOS OUTROS.” DEPOIMENTO DE UM COMBATENTE SIONISTA EM BINT JBEIL NO YNETNWES

Em 27 de julho, em resposta ao fracasso de melhores unidades em conquistar seus objetivos, o governo israelense concordou com a convocação de mais três divisões de reserva – um total de 15.000 soldados. Até 28 de julho, no entanto, estava ficando claro a dimensão do fracasso, até mesmo da força aérea israelense, em suas tentativas de parar os ataques com foguetes do Hezbollah. Naquele dia, o Hezbollah lançou um novo foguete, o Khaibar-1, que atingiu Afula, na Palestina Ocupada.

Em Bint Jbeil, mais uma vez, o relato de um soldado de uma unidade de elite sionista revela a surpresa dos invasores:

Não sabíamos o que nos tinha atingido, disse um dos soldados, que pediu para ser chamado apenas “Gad”. Em segundos, tivemos dois mortos. Com vários outros feridos e recuando sob fogo pesado os Maglans, uma das melhores unidades das Forças de Defesa de Israel (IDF), se espantaram com o poder de fogo e perseverança do Hezbollah.

Além disso, segundo os especialistas, os combatentes do Hezbollah provaram ser dedicados e disciplinados. Usando recursos de inteligência para identificar penetrações da infantaria israelense eles provaram ser iguais ou superiores ao melhor que os sionistas tinham a oferecer. Em alguns casos, as unidades israelenses foram derrotadas no campo de batalha forçados a retiradas repentinas ou a confiar no apoio aéreo para evitar uma derrota ainda mais acachapante. Mesmo no final da guerra, em 9 de agosto, o exército israelense anunciou que 15 soldados de sua reserva foram mortos e 40 foram feridos em combates nas aldeias vizinhas de Marjayoun, Khiam e Kila – um número de baixas impressionante diante de uma “milícia terrorista” que demonstrava estamina impressionante após mais de um mês de combate contra tudo que os sionistas tinham para colocar em combate em uma guerra convencional. Definitivamente, o mundo criado pelo sionismo projetando um “reich sionista de mil anos”, começava a ruir na Alta Galileia

TANQUE SIONISTA MERKAVA DESTRUÍDO, EM 2006, PELOS “EXTERMINADORES DE BLINDADOS” DA BRIGADA NASR DO HEZBOLLAH.

Os relatórios pós-batalha dos comandantes do Hezbollah e os depoimentos dos jornalistas cobrindo o conflito confirmam que as tropas sionistas nunca dominaram sequer a área de fronteira e Maroun al-Ras, alvo inicial dos “israelenses”. Diante da desproporção abissal de forças é perfeitamente possível entender as mentiras fabricadas diante de tal fracasso.

Porém, ainda mais impressionante, o Hezbollah, em momento nenhum convocou suas reservas, como “Israel” havia feito. “Toda a guerra foi travada por uma brigada do Hezbollah de 3.000 soldados, e nada mais”, disse um especialista militar na região. “A Brigada Nasr lutou sozinha a guerra inteira. O Hezbollah sequer se deu o trabalho de reforçá-la.”

Ver a imagem de origem

DESFILE DO HEZBOLLAH, EM 2016, NA CELEBRAÇÃO DA ASHOURA NO SUL DO LÍBANO.

 

Os jornalistas “israelenses” Amos Harel e Avi Issacharoff observavam que o “rolo compressor” havia se transformado em luta sem esperança, e nada agradável para o paladar “sofisticado” sionista: era uma luta com “fuzis de assalto, dentes e unhas'”. Certamente, como disse o jornal britânico The Guardian, um tipo de combate real bem diferente daquele contra crianças com estilingues na Palestina Ocupada. A marcha triunfal planejada para acontecer nas ruas estreitas de Bint Jbeil era algo para se esquecer.

A tão desejada “forra” sionista acabava com dezenas de mortos e a desorganização logística e moral daqueles, que por décadas, vinham de vitórias fáceis diante de multidões de combatentes árabes sob comando medíocre e diretrizes ambíguas. A guerra terminou em 14 de agosto depois que “Israel” lançou, no sul do Líbano, cerca 4.6 milhões bombas de fragmentação das quais uma porcentagem considerável não explodiu, pois foram deixados para matar civis garantindo assim que esses artefatos, proibidas pelos tratados internacionais, fizessem o serviço sujo que os sionistas em campo de batalha, não conseguiram fazer.

War News Updates: Hezbollah Continues To Upgrade It's Missile Arsenal ...

LANÇA-MÍSSIL MÓVEL DO HEZBOLLAH

Sul do Líbano, uma terra desumanizada pelo sionismo onde tudo e todos são alvos

Apenas quatro dias após o início da guerra, quando estava ficando óbvio que os ataques aéreos não surtiam efeito na capacidade de lançar mísseis do Hezbollah, os israelenses já haviam esgotado sua lista de alvos no sul do Líbano.  Portanto, era preciso “alargar as metas”, como diziam os “executivos da morte” sionistas. Era preciso bombardear, sistematicamente, escolas, centros comunitários, mesquitas, igrejas e casas. Além disso, as baixas crescentes de soldados israelenses ajudavam a gerar apoio, entre a opinião pública sionista, à retaliação maciça e indiscriminada na qual os não-combatentes seriam as principais vítimas.

Na matança que se seguiu os crimes de guerra foram, como sempre, encorajados e justificados pelo alto-escalão sionista. O Ministro da Justiça Haim Ramon, por exemplo, prescreveu a destruição indiscriminada das aldeias libanesas, enquanto jornalista “israelense” Gideon Levy, citando o ex-chefe do quartel-general do comando do norte que aconselhava: “Moam o Líbano. Transforme-o em um museu do terror”.

Perto do final de julho, o Ministro da Justiça da colônia sionista volta a atacar: “Todos aqueles que estão agora no sul do Líbano são terroristas relacionados de alguma forma ao Hezbollah”. No entanto, estas declarações destoam da alegação subsequente dos sionistas que imputavam a responsabilidade das mortes entre os civis libaneses ao Hezbollah pelo uso de escudos humanos. Afinal, no sul do Líbano você é um “terrorista” ou você é um “escudo humano”, certo? Errado.

Eis que entra em cena, na ocasião, Alan Dershowitz, professor de Direito em Harvard e “intelectual” degenerado nas horas vagas, mais um, que desfruta de uma existência idílica proporcionada pelas “torres de marfins” acadêmicas norte-americanas violando, impunemente, as regras da lógica e decência fazendo lobby para o terrorismo sionista. Dershowitz, então, ele lançou mais uma de suas teses doentias que estipulava ser o “termo civil cada vez mais sem sentido.” Termo, segundo ele, que deveria ser substituído pela “análise” particular da relativa inocência ou cumplicidade de cada um no “terrorismo”.

Sendo assim, se o exército israelense havia instruído os civis a deixar as zonas de guerra do sul do Líbano, Dershowitz argumentava, “aqueles que voluntariamente ficam para trás se tornaram cúmplices”. No entanto, o que se esperar de uma instituição que perde um intelectual do quilate do Dr. Cornel West e mantém um delinquente, tratado a pão-de-ló, como o sionista Dershowitz em seus quadros?

O interessante da “tese” do facínora Dershowitz é que se aplicarmos esta mesma jurisprudência, cada sionista, que ande ereto, engatinhe ou rasteje, na Palestina Ocupada é um terrorista, invasor, e consequentemente, um alvo a ser legalmente eliminado.

Israel utilizó fósforo blanco en sus bombardeos contra el Líbano

A FORÇA AÉREA MAIS ÉTICA DO MUNDO ELIMINANDO “TERRORISTAS” LIBANESES EM 2006.

“Nosso Sangue Venceu”: Uma Resistência com R maiúsculo

O Hezbollah, em 2006, certamente pagou pela vitória um alto tributo de sangue. A terra, naquele cantinho do Líbano, foi tingida com o sangue de centenas de mártires. Porém, por mais difícil que possa ser para o inimigo e sua claque de admiradores lobotomizados ao redor do mundo, a equação do poder foi definitivamente mudada na região.

TRIBUTO DE SANGUE DOS MÁRTIRES (INNA LILLAHI WA INNA ILAYHI RAJI’UM)

Afinal, os sionistas apenas estão sentindo o “gostinho” da frustração e impotência que tantos árabes sentiram por décadas ao constatar que nada parecia funcionar diante da superioridade do inimigo.  A Resistência hoje faz seus adversários se sentirem derrotados antes mesmo da luta começar.  Esta, talvez, mais que qualquer vitória em campo de batalha, seja a contribuição definitiva da Resistência não apenas aos árabes, mas a todos oprimidos do mundo.

Outro aspecto a ser ressaltado é a indisposição visceral dos israelenses em sustentar baixas em combate. Este é o preço a pagar por décadas de supremacismo sionista nos quais sempre suas vidas valiam infinitamente mais que a vida dos árabes. Agora o estoque de “coragem” sionista está no fim ao enfrentar inimigos formidáveis que não mais se intimidam com o marketing fraudulento do excepcionalismo e que não mais esperam o Ocidente se libertar das velhacarias da chantagem sionista. Para os “israelenses” resta recrutar mercenários entre populações de miseráveis espalhados pelo mundo (o que já fazem) e esperar o dia que robôs substituam os corpos frágeis de seus soldados em campo de batalha.

No outro extremo, por décadas, os exércitos árabes usaram seus soldados como “bucha de canhão”, pois as vidas dos camponeses, operários e despossuídos mandados ao front para a morte certa nunca tiraram o sono das elites governantes corruptas. Estão aprendendo, devagar e, talvez, tarde demais, que a Resistência é irreversível, resoluta, mas requer compromisso, sacrifícios, corpos e sangue. Portanto, a receita da vitória não está imitação mecânica e corrompida de fórmulas políticas e estratégicas criados por nossos algozes no Ocidente.

Neste aspecto a Resistência foi revolucionária. As vidas dos seus combatentes são extremamente valiosas, vivos ou mortos. Não obstante, o martírio não ser algo para ser lamentado, mas sim celebrado. Assim como é importante o bem-estar de seus familiares e da comunidade. O Hezbollah criou seu próprio estado bem-estar social fazendo aquilo que estado libanês nunca fez para seus cidadãos e muito menos para seus vastos segmentos de marginalizados.

Todavia, o papel do Hezbollah não acabou após a vitória nas colinas e ravinas de Maroun al-Ras e Bint Jbeil. Terminada a luta a Resistencia já havia começado a distribuir recursos para a população local reconstruir suas vidas das ruínas. Diga-se de passagem, entre os árabes, apenas o Catar contribuiu para a reconstrução, particularmente, em Bint Jbeil. Isto antes de decidir que era melhor patrocinar times de futebol que “patrocinar” justiça, coragem e o resgate da honra dos árabes.

A restauração foi completa e as construções em Bint Jbeil voltaram a brilhar sob o sol do sul do Líbano. Em uma visita a Bint Jbeil, em 2015, a jornalista Belén Fernandez conversou com a esposa de um combatente do Hezbollah:

Ela nos recebeu com chá na arejada sala de estar de sua casa na periferia da cidade e declarou que Israel tinha de fato feito um favor ao povo da cidade em arrasar Bint Jbeil, pois agora está melhor do que nunca. Ela acrescentou com uma risada: “Pessoas que tinham apenas pequenos quartos antes agora têm prédios inteiros.”

Esta é a marca peculiar do otimismo libanês que reflete o espírito da Resistência. Durante os combates, por   14 dias, esta mulher e seus seis filhos se refugiaram na antiga casa de um quarto da família no centro da cidade. Ela então lembrou bem-humorada, que sob bombardeio aéreo “conseguimos ler o Alcorão cinco vezes”.

Por último, a Alta Galileia continua firme nas mãos de seus legítimos donos e nosso caminho de volta para Jerusalém começa nos campos de refugiados palestinos espalhados pelo Bilad al-Sham, nas colinas, ruas e ravinas de Maroun al-Ras e Bint Jbeil e na resistência resoluta da população nativa na Palestina ocupada.

LABBAIK AL-QUDS, LABBAIK!

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