Por Assad Frangieh para o Oriente Mídia
Grupo de Estudos Geopolíticos do Oriente Médio
27-setembro-2020
O Presidente Macron passou seu domingo à tarde (27/09) numa conferência de imprensa dedicada ao Líbano. Num discurso polido, mas cheio de mensagens maliciosas e perigosas, reconheceu seu fracasso e atribuiu isso aos libaneses focando no Presidente Berri e no Hezbollah como os principais responsáveis. Não poupou críticas duras ao Presidente Hariri e desprezou o papel da Presidência de Michel Aoun. Posou de salvador da Pátria libanesa, deu um novo prazo de 4 a 6 semanas para a formação de um novo Gabinete, *ao seu modo e modelo*, senão haverão sequelas graves sobre o Líbano. Frisou também que até lá, qualquer ajuda internacional será feita diretamente aos grupos civis libaneses e não via as instituições libanesas como o Ministério da Saúde.
Dias atrás, o secretário norte americano de assuntos do Oriente Médio, David Hill informou o Senado Norte Americano que os EUA gastaram 10 bilhões de dólares nas forças armadas libanesas e organizações civis para atingirem as metas estratégicas norte americanas no Líbano. Não parecia satisfeito com os resultados. Hoje as forças da ONU distribuídas nas fronteiras do Sul do Líbano deslocaram um batalhão para se posicionar no Porto de Beirute, sem informar a pedido de quem. Considerando o excesso de hospitais militares campais instalados após a explosão do Porto e que hoje fazem atendimentos de rotina e o excesso de fragatas no litoral do Mediterrâneo, a conferência de Macron pode ser vista como o ruflar dos tambores.
Não há como o Presidente Macron querer mudar a composição da governabilidade do Líbano e substituí-la por um governo fantoche sob o pretexto que a culpa de tudo é a corrupção e a falência do sistema econômico e monetário. Uma culpa que ele mesmo atribuiu aos seus súditos e aliados internos. Nas próximas semanas, o Presidente Macron estará se afundando mais no pântano libanês, porém o mais grave é a possibilidade de Trump e Natanyahu deflagrarem uma guerra no Líbano. O primeiro ameaçado em perder as eleições e o outro ameaçado de cadeia. Veremos isso em 4 a 6 semanas.
Não foi uma bela tarde de domingo. Nem em Paris, nem em Beirute.
Por Assad Franghie para o Grupo de Estudos Geopolíticos do Oriente Médio