No dia 25 de abril de 2018 foi realizada a comemoração dos 72º aniversário da Independência da Síria, no Esporte Clube Sírio.
O Cônsul Geral da República Árabe Síria, Dr Sami Salameh, deu início à sua fala, solicitando um minuto de silêncio, pelas almas dos mártires da Síria e de todos os demais mártires do terrorismo no mundo inteiro.
Senhoras e senhores,
No início do meu discurso, gostaria de agradecer o senhor Dr. Fabio Kadi, Presidente do Conselho da Diretoria do Esporte Clube Sírio, onde comemoramos hoje a Data Nacional da Síria, e aproveito a oportunidade para congratular o renomado clube pela comemoração do primeiro centenário de sua fundação. Parabéns!
Senhoras e senhores
Setenta e dois anos já se passaram desde que o último soldado da ocupação francesa partiu dos territórios da Síria. Para transmitir o significado da independência, gostaria neste momento, aqui, no solo brasileiro, o país amigo, relembrar a todos das palavras imortais do Dom Pedro I, quando proclamou:
“Viva a independência e a separação do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a liberdade do Brasil. Independência ou morte!”
Este conceito de igualar entre a conservação da independência e a morte é o mesmo desenvolvido atualmente pelos filhos da Síria, pelo seu heroico exército que surpreendeu a comunidade internacional com suas vitórias sobre o detestável terrorismo para o bem-estar, não apenas do povo sírio, mas para o bem-estar de toda a humanidade.
Senhoras e senhores,
O dia da independência é celebrado com orgulho em todos os países para comemorar a saída das forças de ocupação e a reconquista da liberdade que lhe foi usurpada, uma reconquista com grandes sacrifícios por parte de heróis que ofereceram suas valiosas vidas e regaram o solo de suas pátrias com o próprio sangue pela dignidade do país, dando uma lição de heroísmo para às forças ocupantes. Esta é a Síria que viveu conflitos sangrentos, mas seus filhos escreveram nas linhas da história odisseias épicas que jamais serão esquecidas.
O que foi dito pelo Dom Pedro I foi completado no discurso do primeiro presidente sírio, após a independência, Chucri Al-Kuwatli, quando disse:
“Viramos hoje a página da nossa luta armada pela independência para abrir uma nova página que seria a luta pela conservação da independência, a recuperação dos valores da nossa nação. Talvez a luta pela conservação da independência seja mais árdua do que a luta pela conquista da independência, pois exige de nós colocar sempre o interesse público antes do interesse pessoal”.
A comemoração da independência neste ano vem numa época que a Síria atravessa uma etapa difícil, num cruzamento de fatores externos nunca vistos antes, quando grandes forças mundiais tentam desviar a Síria de sua tradição, sua história e seu papel civilizacional na demanda de seus direitos nacionais de soberania, independência e a consolidação do avanço econômico e social para o cidadão sírio.
As causas da crise síria são obscuras, envolvidas com mistério, e são desconhecidas, principalmente pela opinião pública, que é convencida facilmente pela demonizacão política e mediática. De fato, os meios de comunicação, que trabalham para servir as políticas de agressão, adotam deliberadamente calúnias contra o governo sírio e seus aliados.
Todos, no nosso mundo contemporâneo, já ouviram falar da crise síria, o problema de deslocamento, que virou uma fonte de preocupação para toda a comunidade internacional e um comércio lucrativo para muitos países da região. O objetivo principal é mudar a natureza demográfica (através do deslocamento), histórica (através de saquear e quebrar os monumentos e a tradição), educacional (através de impor conceitos educacionais que alimentam o espírito de fanatismo, intolerância e extremismo), econômica (através de controlar as fortunas naturais da Síria como petróleo, gás e outros).
O comando da Síria entendeu o real objetivo destes conceitos, e o Excelentíssimo Presidente Bashar Al Assad disse, desde o início da crise:
“Nunca recusamos a solução política.. Adotamo-a, desde o primeiro dia, através do seu pilar principal que é o diálogo.. estendemos nossas mãos para todos que detinham um projeto político nacional que levaria a Síria para frente..
Mas com quem vamos dialogar? Com aqueles que tem pensamento extremista, que acreditam somente na língua de sangue, de matança, de terrorismo.. com grupos que recebem suas ordens do exterior, que seguem o estrangeiro e acatam as suas ordens.. dirigida a estes grupos de fora da Síria.
Grupos que recusam o diálogo, por terem certeza que os filhos da Síria podem se entender e assim seus planos de enfraquecer a Síria não terão mais sucesso.
Me refiro em especial a alguns políticos regionais que temem o fim da crise síria que será também o fim do seu futuro político. Estes políticos regionais, que afundaram seus povos em mentiras, e em dívidas resultante dos gastos, das receitas de seus países para apoiar o terrorismo e se envolveram no derramamento de sangue e na matança dos inocentes.
Vamos dialogar com marionetes que foram fabricadas pelo ocidente que escreveu o texto completo de seus papéis? seria melhor então dialogar com aqueles que criaram estas marionetes não aqueles que executam seus papéis escritos nos palcos internacionais.. vamos falar com o senhor e não com o escravo.”
Hoje, após a lendária resistência do Exército Árabe Sírio e o cidadão sírio, o qual pagou os tributos das sanções econômicas unilaterais impostas contra ele; hoje, depois de libertar a maioria das cidades síria da abominação do terrorismo e dos terroristas takfiristas, alguns dos grandes países, membros do conselho de segurança internacional, lançaram falsas acusações contra Síria de usar armas química.
Apesar da declaração da OPAQ – Organização para a Proibição de Armas Químicas, sediada em Haia, de que a Síria não possuí mais armas químicas, e considerando que a República Árabe Síria, sempre condenou o uso deste tipo de armas, em qualquer lugar, qualquer tempo e sob quaisquer circunstancias, confirmar que não possui absolutamente qualquer arma química.
Vale salientar aqui que a Síria foi o primeiro país que, em 10 de abril de 2018, pediu para o diretor geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas enviar um comitê para investigar os fatos, após a libertação da Ghouta Oriental, onde fica a cidade de Douma.
Senhoras e senhores
Tenho a plena certeza que muitos dos integrantes da nossa querida coletividade ficaram muito tristes na noite de 14/04/2018, quando acompanharam nas telas de seus televisores a tríplice agressão contra Síria.
Digo lhes, com a absoluta franqueza, que esta bárbara agressão foi enfrentada com alto astral por parte do povo sírio que saiu para as ruas e encheu as praças para protestar e denunciar esta agressão, a qual não atingiu, de forma alguma, a determinação do povo sírio e suas forças armadas de continuar perseguindo o resto do terrorismo takfirista e defender a soberania e a união da Síria, seus territórios e seu povo, e restabelecer a segurança e restaurar a estabilidade no País.
A respeito das relações econômicas sírio-brasileiras, a balança comercial tende a favor do Brasil, e a causa disto são as injustas sanções econômicas impostas ao povo sírio. Temos a esperança que a comunidade internacional pressione para que estes países cancelem as sanções impostas, dando a chance para o povo sírio retornar ao mercado econômico e comercial de acordo com os padrões internacionais.
Aguardamos que no futuro bem próximo esta melhoria na situação militar e de segurança traga consigo melhoria em todos os aspectos da vida, e que a Síria volta a desenvolver seu papel pioneiro no campo interno e no campo internacional.
Viva o Brasil! Viva a Síria!
Dr. Sami Salameh, Cônsul Geral da República Árabe Síria em São Paulo
São Paulo, 25 de abril de 2018