Atallah Hanna: Chamado Urgente à Solidariedade Global

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Os planos israelenses de expulsar as famílias palestinas de suas casas no bairro de Sheikh Jarrah não terão sucesso. - IBRASPAL

Por Ruba Youssef Shaheen*

Numa mensagem crítica de Sua Eminência, o Arcebispo Teodósio ‘Atallah Hanna’, líder do Patriarcado Ortodoxo Grego de Al-Quds na Palestina Ocupada, as igrejas locais se unem num apelo vigoroso. O Arcebispo de Jerusalém fez uma convocação direta estendida a todas as igrejas e todas as religiões do mundo, clamando por ação imediata e pelo levantar de vozes contra a escalada da guerra na Palestina.

Seu discurso destaca a contínua brutalidade do inimigo sionista, que persiste na agressão extrema, enquanto o mundo apenas observa. Sua Excelência compartilha uma visão contundente sobre os acontecimentos, convocando os defensores da liberdade a se unirem em solidariedade a Gaza. Este é um chamado à ação global, uma súplica por justiça e um pedido de apoio à paz na Palestina, em face de uma crise humanitária que demanda atenção imediata.

Eis, na íntegra, o discurso de Dom Atallah Hanna:

“Queridos amigos, queridos irmãos e irmãs,

Dirijo-me a vocês novamente nesta manhã, enquanto Gaza continua a ser bombardeada O ataque não apenas persiste, mas se intensifica feroz e brutalmente, tendo por alvo os inocentes, o que inclui hospitais, pacientes e crianças que lá se encontram.

O que está ocorrendo hoje em Gaza é inimaginável para a mente humana. Estamos vivendo nesta era, nestes tempos, quando muitos no mundo exaltam o que é chamado de “direitos humanos” e liberdades em todas as suas formas e cores.

Estar neste período, nesta era, e testemunhar o que está acontecendo hoje em Gaza, com crimes horríveis contra a humanidade, é algo que nos leva a concluir que este mundo, que celebra liberdades e direitos humanos, não respeita nada do que prega e exalta, quando se trata do nosso povo palestino. Quando a questão está relacionada à Ucrânia ou a outros lugares, o mundo se une em solidariedade, apoio e ajuda.

Não negamos que haja amigos, e não negamos que haja defensores da liberdade no Oriente Médio e no mundo, mas nosso indefeso povo palestino está a enfrentar sozinho essa máquina militar brutal.

Mesmo a recém-realizada Cúpula Árabe e Islâmica, apesar de algumas proposições fracas, decidiu de maneira firme e unânime pela necessidade de interromper esta guerra.

Mas a ocupação não ouve nada. Não ouviu a voz da Cúpula Árabe e Islâmica, não ouve os apelos, não ouve as manifestações, não ouve as vozes que clamam pelo fim da guerra. Aplica-se a eles o que foi dito nas Escrituras Sagradas: “Eles têm ouvidos, mas não ouvem; têm olhos, mas não veem.” Eles só ouvem ou veem o que está em seu interesse, em sua agenda e em sua política.

Não podemos nos render à máquina da opressão, injustiça, tirania e morte que tem como alvo nosso povo em Gaza. Eles querem que sejamos espectadores silenciosos, mas não seremos. Eles querem que testemunhemos essas atrocidades sem mover um dedo, mas isso não acontecerá.

Acredito que cada ser humano neste mundo que possua valores éticos e humanitários não pode permanecer um espectador silencioso diante desses crimes horríveis contra a humanidade. Apelamos a cada pessoa responsável, a cada pessoa livre, a cada pessoa de fé, que possua valores éticos, humanos e civilizacionais, para que levante a voz alto para interromper esta guerra.

É preciso aumentar a pressão contra a ocupação e seus aliados. Os queridos manifestantes no Ocidente, que estão indo às praças em suas marchas de milhões, devem se posicionar, devem pressionar seus governos que conspiram e participam dessa guerra. Suas vozes devem alcançar esses governantes que estão envolvidos no bárbaro plano destinado a destruir tudo em Gaza. As manifestações precisam continuar, enquanto a guerra persistir.

No Oriente, em nossa região e em nosso mundo, as vozes livres que denunciam esse terrorismo organizado também devem se manter firmes e constantes.

A ocupação, por meio da repressão, da injustiça e dos assassinatos, quer que nos acostumemos a essas imagens de Gaza e elas se tornem algo rotineiro, com mortes, destruição e mártires todos os dias. Não, essas não são cenas rotineiras, e essas não são cenas comuns a que devemos nos acostumar. Essas são cenas que devem mudar a opinião pública mundial. Essas cenas devem mudar a face deste mundo para que ele possa ser mais justo e mais humano.

Estamos caminhando nessa direção. O mundo está mudando para o nosso lado, palestinos, e a opinião pública global está começando a se inclinar a nosso favor diante desses massacres terríveis e deste assassinato sistemático, que visa nosso povo palestino em Gaza, na Cisjordânia, em Jerusalém e em toda a Palestina.

Queridos, pedimos e esperamos que as autoridades religiosas, nesta manhã, ajam com mais força para interromper esta guerra. As igrejas cristãs em nosso país anunciaram o cancelamento de todas as celebrações festivas do Natal, restando apenas orações e rituais religiosos. Esta é a mensagem que as igrejas em nosso país estão enviando a todas as igrejas do mundo, pedindo-lhes que se movam, que levantem a voz alto para interromper esta guerra, para interromper o terrorismo e o crime organizado contra nosso povo palestino.

Salvem nossos irmãos e irmãs em Gaza, salvem nossos hospitais e nossas crianças que estão morrendo devido à falta de oxigênio, de eletricidade e de toda condição essencial à vida!

Salvem nossos irmãos e irmãs em Gaza, que vivem uma nova Nakba (a Catástrofe)! [O Arcebispo refere-se à expulsão dos palestinos de seu território, em 1948.] Salvem nossos irmãos e irmãs em Gaza, que se abrigam em igrejas e abrigos, e que dessa forma deveriam ter uma certa proteção e imunidade, mas parece que sob essa agressão não há imunidade, não há respeito, nem para uma igreja, nem para uma mesquita, nem para um hospital, nem para nada mais.

Movam-se, queridos, intensifiquem suas atividades em solidariedade a Gaza!

Nossa posição é firme e inalterável. Parem esta guerra, parem esta agressão, que não pode mais continuar!

Queridos amigos de Jerusalém, da Igreja da Ressurreição, apelo novamente às igrejas cristãs em todo o mundo e a todas as autoridades espirituais de todas as religiões, bem como a todas as autoridades legais e humanitárias. Movam-se! Ajam! O que está acontecendo em Gaza é genocídio, assassinato em massa, deslocamento em massa, e uma nova Nakba que nos lembra o que aconteceu em 1948.

Elevamos nossas orações nesta manhã, diante do Santo Sepulcro, por Gaza, por nosso povo na Palestina, por Jerusalém, a cidade da paz, mas que dela foi privada, para que sua paz possa retornar e para que seus filhos possam desfrutar da justiça.

Queridos, rezem pela justiça. Nosso problema é a ausência de justiça nesta terra sagrada. O povo palestino é o alvo e vem sendo violado em sua liberdade, em sua dignidade, em sua vida, em seu sustento, seja em Gaza, na Cisjordânia, em Jerusalém e em todos os lugares.

Obrigado a todos. Espero que todos ajam, cada um da posição que ocupa neste mundo. Esta mensagem deve chegar a todos os cantos do mundo.

Espero que vocês se movam em defesa do povo palestino. Sua solidariedade e apoio a Gaza é a demonstração da solidariedade com a ética, com os valores, com a humanidade, com a justiça, a demonstração da solidariedade com cada ser humano neste mundo.

Obrigado a todos.”

Jerusalém, 12/11/23

Ruba Youssef Shaheen*, é jornalista desde Síria, especial para Cartas Proféticas.

Edição de Texto: Alexandre Rocha

Fonte: Cartas Proféticas

 

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