Por Assad Frangieh
15 de agosto de 2021
Para o www.orientemidia.org
Embora seja cedo para saber o futuro da situação no Afeganistão, sem dúvida a imagem dos Estados Unidos está abalada como um país Master que pode proteger seus aliados e seus súditos. Também seria ingênuo acreditar que foi uma manobra estratégica se retirar das terras afegãs para fomentar um Estado sunita que confrontará o Irã. Nos últimos três anos que combatentes do ISIS eram retirados da Síria e do Iraque pousando pela linha aéreas turcas em Mazar Sherif, onde formaram seu QG, parece que não deu muito certo. Não se conseguiu formar uma frente para confrontar o avanço do Taliban e ainda as forças afegãs sob o comando do Uzbequistanese do ISIS, General Dostom, entregarem a cidade em retirada para o norte, sem luta e sem confronto. O Taliban respondeu ocupando a cidade sem dar um tiro e ainda impedindo qualquer ação de saque ou vingança. Outros tempos.
Se o alvo deliberado dos EUA for posicionar o Taliban para confrontar a China, a Rússia e o Irã, é preciso muito mais do que discursos ameaçadores já que em campo de batalha, a maioria dos grupos tribais parecem imunizados com a ocupação de duas décadas dos EUA e da OTAN. Tudo indica que o Taliban – agora Governo e não apenas um movimento político religioso, tenha feito uma leitura crítica de seu status prometendo boa vizinhança. Não à toa participou de uma reunião de diálogo em Teerã com outras forças em conflito sob patrocínio do Irã. A situação atual e as mudanças são completamente diferentes das últimas décadas e o eixo estratégico da China, Rússia e Irã estão com a vantagem e a decisão de frustrar qualquer estratégia ou tática dos Norte Americanos.
A retirada dos EUA é parte da vitória do Taliban. A outra é sobre o OTAN e seus integrantes que correm para retirar seus embaixadores, tropas, funcionários e empresários. Nesta liderança está a Turquia e parece que o Erdogan não conseguirá se manter como interlocutor. O porta voz do Taleban, ex-prisioneiro em Guantanamo já deu sua mensagem. Apenas haverá um governo Taleban em Cabul e as forças turcas precisam se retirar em definitivo. A grande pergunta da Geopolítica volta a tona: É possível confiar apenas no poderio dos EUA? Hoje é o Afeganistão, amanhã será o Iraque e a Síria. Enquanto isso parece que os aliados em Tel Aviv estão ligando as antenas. Pelo menos na mídia.