Fonte: IJAN
Tradução: Cristina Villar Andrés
Diário Liberdade
Várias organizações judaicas como Jewish Voice for Peace e Independent Jewish Voices, condenaram os bombardeios, a violência indiscriminada e a punição coletiva praticada por Israel contra o povo palestino. Entre as diversas entidades que se manifestaram contra as agressões israelenses aos civis de Gaza, uma das mais interessantes é a organização judaica antissionista International Jewish Anti-Zionist Network (IJAN), também conhecida como Rede Internacional de Judeus Antissionistas.
A coordenadora européia da Rede Internacional de Judeus Antissionistas, Liliane Cordova Kaczerginski, explica porque são um movimento antissionista:
Somos um polo judaico antissionista dentro de um grande movimento internacional que desafia o racismo, o colonialismo, o imperialismo e o sionismo. O sionismo usurpou a identidade judaica, a historia dos judeus e a sua representatividade. Ser judeu, ser sionista, não é uma equação. O sionismo é um movimento político surgido no meio das conquistas coloniais europeias do século XIX; não tem nada que ver com a religião judaica, nem com a sua história; note-se que foi um movimento bastante impopular entre as massas de judeus da Europa Oriental até a segunda guerra mundial.Para lutar contra o sionismo
Liliane Córdoba considera que é preciso:
Denunciar as suas falácias, embustes e manipulações da opinião pública e exigir o isolamento de Israel, como aconteceu com a África do Sul do apartheid. Romper com qualquer laço econômico e político com Israel e fechar as suas embaixadas em Europa.
A Rede Internacional de Judeus Antissionistas publicou a seguinte nota no seu site, <http://ijsn.net/>, traduzida gentilmente por Cristina Villar Andrés.
Protesto contra a escalada da violência israelense
A Rede Internacional de Judeus Antissionistas (sigla em inglês IJAN) condena a escalada da violência israelense, assim como as ameaças de vingança feitas pelo governo israelense, seus cidadãos, organizações sionistas e figuras públicas. Denunciamos os países ocidentais e a mídia, que afirmam que esta brutalidade é de alguma maneira uma justificada retribuição pelas mortes dos três colonos judeus de Gush Etzion – a colônia para judeus apenas – situada na Faixa de Gaza, Palestina.
IJAN lamenta a perda de vidas humanas. Também reconhecemos que as mortes dos três colonos judeus estão sendo exploradas para justificar a contínua colonização de terras palestinas e a limpeza étnica do povo palestino perpetradas por Israel. Israel e seus apoiadores, incluindo a mídia ocidental e os políticos, têm mostrado esses colonos judeus como vítimas inocentes tanto da alegada barbárie palestina como de um inexplicável ou intransigente conflito trágico.
Em todo caso, as vidas dos judeus israelenses são reconhecidas e valorizadas enquanto as vidas palestinas são invisíveis e insignificantes. Também é apagada a presença desses colonos na linha de frente do terrorismo sionista e na espoliação da população palestina nativa. Também apagado é o constante terrorismo sionista e a sua responsabilidade, que não pode ser diminuída, por todas as mortes que ocorrem ao longo de sua brutal expansão, sejam israelenses ou palestinas.
IJAN também insiste que qualquer pessoa que tenha suas terras, sobrevivência e dignidade roubadas pelos colonizadores tem direito de resistir a essa violência. Proeminentes pensadores sionistas têm frequentemente reconhecido cinicamente este fato. Como o antecessor político da direita israelense atual, Vladimir Jabotinsky, escreveu: “Cada povo lutará contra os colonizadores enquanto houver uma fagulha de esperança de se livrar do perigo da colonização. Isto também é o que os árabes palestinos estão fazendo e continuarão fazendo enquanto houver uma fagulha de esperança.”
A brutalidade que Israel atualmente pratica com o apoio financeiro e diplomático do Estado americano é uma tentaviva vã de extinguir essa fagulha de esperança. E mais uma vez tenta rotular errôneamente a resistência popular como “terrorismo”. O IJAN expressa solidariedade e honra a perseverança da resistência palestina e conclama a sociedade civil internacional a responsabilizar Israel por seus crimes recorrentes e pelo fim da ocupação, colonização e apartheid na Palestina. Nós também conclamamos o povo judeu do mundo todo a reconhecer a mais recente escalada de terror como parte de um indubitável padrão maior de violência fora de controle, assassinatos, punição coletiva e ódio. Nós rejeitamos a sugestão de que isto seja em nome do “povo judeu”.