Por Carlos Tebecherani Haddad.
Porque o sírio residente em Damasco sacode a poeira e levanta a cabeça, sem temer as bombas e a morte?
A resposta a essa pergunta, que tem sido feita por muita gente, merece ser vista com a mente aberta, desprovida de todo e qualquer conceito prévio (pré-conceito), focando, sem dúvida, um aprendizado sobre a história, a cultura e a alma dos árabes, especialmente os sírios, inclusos nesse grupo aqueles povos do que era conhecido como “Bilád Al Cham”, a Grande Síria. Ou seja, Síria, Líbano, Palestina, parte da Jordânia e parte do Iraque.
Pois diz-se, sem medo de erro, que não somente o sírio residente em Damasco sacode a poeira, levanta a cabeça e não teme as bombas e a morte, mas todos aqueles árabes de “Bilád Al Cham” que assim encaram tais contingências. Também os habitantes das demais cidades sírias igualmente sacodem a poeira e dão a volta por cima, porque as guerras e agressões têm-lhes sido lançadas há milênios, hoje com bombardeios, antes por setas, lanças, catapultas e as armas de então.
Quantos povos estiveram naquele espaço do mundo, em milênios? Quantas vezes o povo da região, os árabes e sírios, mormente, resistiram e expulsaram os seus agressores e opressores? A pergunta merece um verdadeiro tratado em resposta, entretanto o que mais se coaduna com o que aqui se busca é sugerido por uma palavra: a FÉ.
Aqueles que conhecem o país, seu povo e história, a sua herança, os que tiveram a oportunidade de lá estar e conviver com os damascenos, alepinos, homsis e povos de todas as regiões da Síria, compreendem essa FÉ pela expressão “In Cha Allah”, ‘Se for a vontade de Deus’, a esperança no futuro, que é o mote dos sírios, até porque eles têm uma relação seminal com a religião, que ali viu surgirem as doutrinas monoteístas Abrahâmicas, o cristianismo, o Islã e o judaísmo.
Ainda, as raízes árabes sustentam princípios familiares primordiais, levando a uma educação sólida, a partir da casa da família, estendendo-se pela escola e, consequentemente, pelo que os meios de comunicação lhes apresentam, seja pelos jornais, rádios e televisão. Isso tudo forma o CARÁTER do sírio, vale dizer, dos árabes de “Bilád Al Cham”, fortalecendo o ESPÍRITO daqueles povos e populações, refletindo a ALMA deles.
Tem-se, em suma, a FÉ e a CIDADANIA, base da NACIONALIDADE, do “aqui é a minha terra, o meu lugar”, quer-se dizer, “aqui é a casa do meu Deus, que eu amo acima de tudo”.
O autor Carlos Tebecherani Haddad relata com muita propriedade um movimento que tomou conta de boa parte dos sírios que é a Grande Siria!
Um movimento que clama pela união da Siria, Jordania, Iraque, Libano e a Palestina, formando a Grande Siria!
Em termos a idéia é válida quando se pode juntar forças, produção e princípios de vida, podemos dizer que estes povos se identificam. Mas, em termos práticos, hoje constituem Estados Independentes e Soberanos, faltando apenas ocorrer com a Palestina que será brevemente um Estado!
Impossível, esta união política, mas é possível a união econômica e cultural e podemos lutar para que isto ocorra e reviveremos a Grande União Economica do Oriente Médio!