Brigada feminina do Estado Islâmico reprime mulheres na Síria 1

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Por Susana Samhan.


Beirute, 12 mar (EFE).- Proibidas de participar da frente de batalha ao lado dos homens, as jihadistas que integram a brigada feminina Al Khansaa, do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), têm a missão de fazer valer as regras dos radicais entre as demais mulheres na cidade de Al Raqqa, na Síria.
Os extremistas impuseram uma série de restrições e regras de convívio às mulheres e, através da Al Khansaa, garantem o cumprimento dessas ordens, evitando, por exemplo, a interação entre homens e mulheres que não sejam parentes diretos – prática expressamente proibida pelo EI.
O número de adeptas da organização é desconhecido, mas ativistas de Al Raqqa acreditam que haja entre 200 e mil. A maior parte das integrantes são estrangeiras, “sobretudo britânicas”, disse pela internet, à Agência Efe, Abu Bakr, membro da Rede Sham, opositora ao governo do presidente Bashar al Assad.
O grupo terrorista não permite que as mulheres participem da luta armada. Por isso, para as jihadistas, oferecem a alternativa de se casarem com algum miliciano ou de se juntarem à brigada Al Khansaa – embora também haja esposas de guerrilheiros do grupo entre as integrantes.
Antes de saírem às ruas para a patrulha, as jihadistas recebem um intenso treinamento religioso e aprendem a manusear armas. “Eles ensinam a doutrina e fazem uma lavagem cerebral”, afirmou Abu Bakr.
Depois de passar pelo processo de formação, as mulheres podem começar a trabalhar na brigada. Elas andam em grupos de três a cinco pessoas, nos quais há sempre uma que fale árabe, em busca de transgressoras dos preceitos da organização.
Um véu mal colocado ou uma mulher desacompanhada de um “mehrem”, algum homem de sua família, logo despertam a atenção das patrulheiras.
Uma moradora de Al Raqqa que diz estar sendo “massacrada em silêncio” e que se identificou como Abu Ward al Raqaui explicou à Efe também pela internet que as extremistas costumam carregar armas leves e algemas.
O ativista contou que a remuneração recebida por elas varia de US$ 500 a US$ 1.500, “dependendo se são casadas ou solteiras, se têm filhos, se são norte-americanas, europeias ou de outra origem e também da função que exercem”.
O uniforme utilizado são as vestes para mulheres determinadas pelos radicais: um véu nicabe, que cobre todo o corpo, com exceção dos olhos.
Recentemente, um bombardeio da coalizão internacional liderado pelos Estados Unidos destruiu o principal quartel da organização, que estava sediado na antiga sede da Segurança Política do regime sírio – 30 mulheres jihadistas morreram. Atualmente as extremistas contam com uma nova base, cuja localização permanece desconhecida.
De acordo com Abu Bakr, apesar de as jihadistas não participarem das execuções dos prisioneiros, são instruídas a sacrificar animais nos campos de treinamento, para que se acostumem a matar.
Embora não tomem parte nos assassinatos, as extremistas não conquistaram a simpatia da população local: “há um grande sentimento de ódio em relação a elas em função da conduta violenta e da constante desconfiança para com as outras mulheres”, destacou o ativista, que contou que as radicais torturam e castigam as “infratoras” com chicotadas.
Segundo o ativista, as mulheres de Al Raqqa “consideram a Al Khansaa como a expressão de um grupo terrorista que restringe a liberdade”.
Outras províncias dominadas pelo EI, como Deir ez-Zor também têm organizações similares, mas menores.
Por se tratar de um fenômeno recente, é difícil identificar as motivações das mulheres que viajam para o califado do EI a fim de se alistarem em um órgão repressor como a brigada Al Khansaa.
“É interessante observar como os jihadistas combinam uma ideologia completamente atrasada com meios sofisticados de captação de membros, como a internet”, disse Myriam Sfeir, diretora adjunta do Instituto de Estudo das Mulheres no Mundo Àrabe, da Universidade Libanesa Americana.
Os radicais prometem às jovens, em muitos casos estudantes, um mundo ideal onde as mulheres são respeitadas e reverenciadas. No entanto, “logo se deparam com a realidade das prisioneiras e até se tornam escravas sexuais”, afirmou ela.
“Eles prometem uma vida de aventuras e oferecem fé: o islã, o qual distorcem completamente”.

Fonte : EFE

 

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Um comentário sobre “Brigada feminina do Estado Islâmico reprime mulheres na Síria

  1. Responder Cleumer mar 13,2015 7:43

    Sera que a conduta do EI e o que dizem?

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