Por Nasser Kandil, traduzido pelo Oriente Mídia.
O relatório publicado pelo New York Times sobre a Arábia Saudita é a uma mensagem de alto tom crítico a respeito do desempenho saudita que está hoje no epicentro dos eventos no Oriente Médio. Enquanto todas as forças internacionais atuam em prol da paz e das negociações, a doutrina da Arábia Saudita contraria tudo ao exemplo de alguns que não poupem nada para aparecerem mesmo que fosse algo negativo.
A Arábia Saudita quer se opor às mudanças na região porque acredita que possui o poder maior e a liderança nas equações regionais e não consegue absorver os impactos de não ter tido a força para mudar o regime na Síria e ter definido os rumos de seu destino.
Os filhos de Al-Saud acham que pela riqueza proporcional ao numero de seus habitantes, eles constituem o maior país com capacidade financeira para investimentos políticos em setores que não sejam de segurança pública ou da inteligência militar. Nesse sentido, eles se colocam com se fossem o “cofrinho” indispensável para os Estados Unidos.
Os sauditas confiam no que é mais perigoso e que constitui uma máquina mortífera impiedosa: o controle do pensamento wahabista em seus diferentes formatos de manifestação, sob o patrocínio da família real e espalhado por todos os cantos desde Washington, Moscou, Paris, Londres, Madrid, Bali e os países da vasta África, e que nenhum serviço de inteligência poderá conter sem assinar a apólice de seguro da Arábia Saudita contra o “mal do século 21”. A maior evidência é Israel que jamais foi atingida pelo poderio sanguinário do terror da Al-Qaeda, nem em seu território na Palestina, nem em ataques contra seu corpo diplomático, apesar do discurso ideológico da Al-Qaeda centralizar-se na Palestina, nos territórios sagrados islâmicos e na luta contra os Judeus.
Para estas duas considerações é que Israel não abandonará a diplomacia saudita apoiando-a através de seus lobbies atuantes nas principais capitais protegendo seus interesses. Além disso, a presença simbólica de Meca sob a tutela da Arábia Saudita lhe confere uma referência divina perante os muçulmanos, apesar da mais alta autoridade religiosa de Al-Azhar rejeitar e não reconhecer o Wahabismo como uma doutrina religiosa islâmica. Por isso os sauditas estão agindo como se o tempo estiver a favor deles e apostando nas mudanças dos entendimentos entre os Estados Unidos e o Irã.
Através do relatório do New York Times, Washington alerta os sauditas que eles estão suspeitos e errados em proteger e custear os grupos terroristas que se tornaram um problema para eles e para o mundo. A mensagem é um alerta na tentativa de derrubar o Estado Sírio e instigar a inimizade com o Irã com algo mais perigoso que é a doutrina religiosa radical e que não há mais margem para manter o incentivo sectário, financeiro e logístico a tais grupos.
Uma mensagem americana que pode abrir portas e mudar muitas variáveis na Região e no Mundo.
Nasser Kandil é conceituado analista político libanês, editor da Nova Agência de Notícias do Oriente Médio.