Pensando em Gaza, e inspirado por Gaza, eu lhe desejo Coragem, lhe desejo Generosidade, lhe desejo Humildade, lhe desejo Empatia e, mais uma vez, eu lhe digo Obrigado.
Uma pequena anedota familiar ajudou a consolidar a ideia, em minha mente, de que as duas virtudes que não podiam nos faltar eram a Generosidade e a Coragem. Muitas vezes eu me perguntei se tinha o suficiente de uma ou de outra, e muitas vezes me perguntei se não seriam as duas uma mesma coisa. Talvez volte a isso no futuro…
Eu também sei que há muito a dizer sobre a virtude da Humildade, sobre sua proximidade com a Modéstia e a diferença entre as duas. E, é claro, é preciso considerar a relação, de necessária complementaridade, entre as virtudes: Generosidade e Coragem seriam suficientemente virtuosas se lhes faltasse a Humildade? Talvez eu volte a isso no futuro também…
Hoje quero me restringir apenas ao seguinte: além de pensar a Humildade como um corolário lógico da crença na igual dignidade de todos as pessoas, tendo a estabelecer uma relação muito próxima entre Humildade e Gratidão.
Primeiro, porque, independentemente da nossa crença (ou falta de crença) religiosa, está claro que devemos muito a algo (ou algumas coisas) que não somos nós mesmos: destino, sorte, acaso… Isto é Humildade no sentido de que somos muito menores do que a vida.
Em seguida porque devemos muito à Generosidade e à Coragem de outros, normalmente muito mais do que os outros nos devem a nós.
É por isso que sinto sempre que devo expressar minha Gratidão, em relação a uma força ou entidade que me é desconhecida (por estar vivo, pelos meus filhos saudáveis…), e também em relação às muitas pessoas que me dão algo (sua ajuda, seu apoio, sua confiança, sua amizade…) apenas porque são generosos, e mesmo quando isso implica alguma dose de coragem.
Hoje quero expressar minha grande gratidão a todos vocês que assinaram esta Newsletter Cegueira Seletiva do Substack.
Quando eu escrevo, certamente desejo que todas as pessoas queiram me ler. Mas eu também temo a ideia de que o que eu escrevo esteja enchendo as caixas de entrada de pessoas que não queiram me ler. Por isso, cada um de vocês, que subscreveu e que não se sente incomodado de receber as mensagens semanais é uma espécie de salvador da psique do escritor.
E claro, a vocês que são assinantes pagantes, digo que vocês não imaginam como eu valorizo a sua confiança e a sua disposição a me ajudarem a tornar sustentável este projeto; vocês não imaginam como me preocupa que vocês continuem a considerar esse esforço digno da sua generosidade.
Não direi muito mais do que obrigado neste dia em que todos nos preparamos para um novo ano e em que as atenções são voltadas para o convívio com os familiares e amigos.
Na próxima semana falarei sobre o futuro da Cegueira Seletiva, para o qual espero que vocês contribuam com críticas e sugestões.
Algo mais deve ser dito, ainda, antes que eu os deixe com meus melhores votos para 2014.
Dei início a esta Newsletter porque pensava que era necessário discutir o modo como enxergamos, como contamos e como naturalizamos o que nos contam sobre o Mundo, porque sabia que essa é uma questão de Justiça!
Não queria, desde o início, deixar que o tema da Palestina (um terreno temático em que a Cegueira Seletiva opera mais do que em qualquer outro lugar) dominasse a pauta da Newsletter e, por isso, tentei adiar os textos que abordariam essa questão central.
Quis o destino, no entanto, que a Palestina, que Gaza, especialmente Gaza, se impusessem a nós e nos testassem. Gaza, suas crianças, suas mulheres, seus velhos, sua resistência, vieram testar a nossa visão, testar as nossas noções de justiça, testar a nossa fibra moral, testar a nossa coragem, testar a nossa generosidade…
Será a Empatia uma virtude? Como quer que seja, a nossa empatia também está sendo testada.
Neste exato momento, ouço que acaba de dar meia-noite em Gaza e que ali o Ano Novo foi recebido com desafiadores foguetes lançados…
Pensando em Gaza, e inspirado por Gaza, eu lhe desejo Coragem, lhe desejo Generosidade, lhe desejo Humildade, lhe desejo Empatia e, mais uma vez, eu lhe digo Obrigado.
Feliz Ano Novo!
Fonte: Substack