O embaixador de Moscou na ONU criticou a votação e disse que a resolução nada faria para evitar a “destruição” da população de Gaza
The Cradle, 22 DE MARÇO DE 2024
(Crédito da foto: Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images)
O Conselho de Segurança da ONU bloqueou em 22 de Março uma resolução proposta pelos EUA para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de prisioneiros israelitas detidos pelo Hamas, na sequência de vetos da Rússia e da China.
A votação foi de 11 votos a favor da resolução, três contra e uma abstenção.
A resolução proposta pelos EUA apela a um cessar-fogo imediato, mas não menciona limites de tempo nem se o cessar-fogo deve ou não ser permanente ou temporário. Israel continuou a afirmar que um cessar-fogo imediato assinalaria a perda da guerra.
“Não toleraremos mais resoluções inúteis que não contenham um apelo a um cessar-fogo, que não nos levam a lado nenhum. Isto libertaria as mãos de Israel e faria com que toda Gaza, toda a sua população, tivesse de enfrentar destruição, devastação ou expulsão”, disse o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia, sobre a votação, referindo-se à cidade de Rafah, que Israel afirma ser o último reduto do Hamas.
Ele acrescentou que Washington está “deliberadamente enganando a comunidade internacional” e disse que votar a favor da resolução seria uma “vergonha”.
Ao lado da Rússia e da China, a Argélia também votou contra a resolução .
“Aqueles que acreditam que a potência ocupante israelita escolherá cumprir as suas obrigações legais internacionais estão enganados”, disse o embaixador argelino na ONU, Amar Bendjama, ao Conselho de Segurança, acrescentando que devem “abandonar esta ficção”.
A representante da Guiana, Carolyn Rodrigues-Birkett, que se absteve na votação, disse: “A quem é [dirigida] a exigência de cumprimento das obrigações decorrentes do direito internacional… Quem está impedindo a utilização de todas as rotas disponíveis para a Faixa de Gaza? Quem não respeita os mecanismos de desconflitação e notificação? Conhecemos as respostas a estas perguntas… Por que então as exigências relevantes nesta resolução não foram claramente dirigidas à potência ocupante, nem sequer uma vez?”
O embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, disse que a resolução “unilateral” foi rejeitada “por razões óbvias”, condenando o “enquadramento [do] que está a acontecer como uma questão de terrorismo” e denunciando “o genocídio contra… o povo palestino”. .”
Ele também condenou as aspirações israelenses de deslocar à força a população de Gaza e expressou esperança numa próxima votação no Conselho de Segurança.
“A essência disto é pedir um cessar-fogo imediato durante o mês do Ramadão, que apoiamos porque queremos salvar as vidas do povo palestiniano na Faixa de Gaza e queremos ter assistência humanitária massiva ao nível das necessidades de nosso povo.”
A cidade de Rafah , no extremo sul de Gaza , está desesperadamente superlotada com mais de um milhão de palestinos retidos, grande parte dos quais já foi deslocada de outras áreas da faixa. Israel tem lançado ataques aéreos violentos contra a cidade, mas ainda não enviou tropas terrestres conforme planeia. Segundo a ONU e vários países, a operação terrestre representa a ameaça de um desastre sem precedentes.
A resolução de sexta-feira apoiada pelos EUA expressa “preocupação” com a operação planeada na cidade, mas não exige explicitamente que seja cancelada.
A votação segue-se a vários vetos dos EUA sobre resoluções de cessar-fogo imediato para Gaza, o último dos quais ocorreu em 20 de Fevereiro.
Entretanto, as negociações de trégua indiretas – mediadas por Washington, Cairo e Doha – continuam a vacilar enquanto Israel continua a recusar a abertura de passagens fronteiriças e a distribuição de ajuda suficiente em Gaza.
A votação coincide com um relatório da ONU que confirma “níveis chocantes de doenças e fome” no norte de Gaza, onde as forças israelenses continuam a abrir fogo contra centros de ajuda e os habitantes de Gaza fazem fila para obter a farinha desesperadamente necessária.
Fonte: The Cradle