25/6/2021, Andrei Martyanov, Blog Reminiscence of the future
Passando aqui, na correria.
“Um ‘erro de cálculo’ no jogo de gato e rato com a Rússia pode levar à guerra, alertou o comandante das Forças Armadas britânicas, depois de confronto tenso no Mar Negro, essa semana. O general Sir Nick Carter, chefe da Defesa, disse que o risco assim criado, de uma “escalada não justificada” [ing. “unwarranted escalation”] envolvendo a Grã-Bretanha é “dessas coisas que não me deixam dormir à noite”. Houve impasse entre Grã-Bretanha e Rússia, quando um destroier da Marinha de Sua Majestade cruzou área contestada do Mar Negro na 4ª-feira. A Rússia considera suas aquelas águas, depois da anexação da Crimeia em 2014, mas são tidas pela Grã-Bretanha como território da Ucrânia soberana.
A aproximação do HMS [Her Majesty’s Ship, ing.] Defender levou as forças russas a disparar tiros de alerta e quatro bombas em área próxima do navio, segundo o Ministério da Defesa da Rússia, mas a declaração dos russos ainda está sendo discutida em Downing Street” (25/6/2021, aqui).
Depois disso, Carter elaborou sobre as vantagens que Rússia (e China) têm, quando comparadas ao Ocidente. O Ministério da Defesa da Rússia, e o próprio Igor Konashenkov, na resposta aos “comentários” de John Kirby, em tom descontraído, estabeleceu o óbvio:
Tradução: [Konashenkov] lembrou que Kirby, ex-contra-almirante que considerou o incidente no Mar Negro efeito de desinformação, já deveria saber muito bem que, para as Forças Armadas Russas que defendem a Crimeia, o HMS Defender não passa de alvo gordo, para os mísseis antinavios da Rússia, e em qualquer parte do Mar Negro onde apareça.
Kirby, que iniciou sua carreira naval como oficial de SuWa (Surface Warfare, Guerra de Superfície), deveria saber como os russos fazem detecção, rastreamento e definição de alvos, e quais são os limites de saturação de todos os complexos Anti-Access/Area-Denial (A2/AD (Impedimento de Acesso e Negação de Área) da OTAN contra todos os tipos de mísseis usados pelos russos. Deveria saber também o que significa “rastreamento por arma” (ing. tracking by weapon” (Слежение Оружием) e como se constituem “salvas de tiros” de alerta. Por tudo isso, é sempre muito bonitinho quando aquele pessoal tenta negar o óbvio, expondo-se, eles mesmos, como culpados e como parte mais fraca.
Já se sabe que, como prevejo há anos, a Rússia começou a entregar MiG-31Ks armados com Kinzhals à Síria; e que tem feito patrulhas sobre o Mediterrâneo (aqui, em russo, com tradução automática).
Para dar ideia do que tudo isso significa – o Kinzhal tem alcance de 2 mil km e velocidade de M=9+ e manobras no término, tornando impossível interceptá-lo por quaisquer combinações existentes de meios à disposição da OTAN para negar área. Adiante, uma ilustração do que significa tudo isso.
Qualquer Kinzhal lançado do espaço aéreo de Latakia alcançará qualquer alvo no Mar Negro em cerca de 5-7 minutos, e antes disso, se lançado da vizinhança de Rostov. Quando até o vice-ministro de Relações Exteriores Ryabkov (de Shoigu, nem se fala) diz que “vamos bombardeá-los”, é bom alguém por lá prestar atenção.
E absolutamente não há qualquer “jogo de gato e rato”, porque tomar por alvo qualquer ativo da OTAN é ação continuada cumprida sempre em tempo real. Rapazes! Não estamos em 1980s! Estamos em 2021, e os russos são realmente muito bons em sensor fusion plus, não importa o que tenham no espaço, e têm muitas coisas. Assim sendo, os formulários estão em dia, e Kirby deveria saber bem que, nesse momento, grupos-tarefa da Marinha Russa navegam nos arredores do Hawaii (estritamente em águas internacionais, vejam vocês). E quem sabe quantos 3M14s estão nesse momento carregados em Sistemas de Carregamento Verticais (ing. Vertical Loading Systems, VLS] do que esteja à superfície, mas, muito mais importante – do que esteja abaixo dela.
Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga