Pepe Escobar: A Nakba 2.0 revive as guerras neocon

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“A Guerra de Israel contra as Crianças Árabes está fugindo totalmente ao controle”, escreve Pepe Escobar

A palestina Intisar Muhana, 97, que foi forçada a fugir da vila de al-Masmiyya durante a 'Nakba' na guerra em torno da independência de Israel em 1948 e cuja casa foi destruída em um ataque israelense em Gaza, senta-se em frente aos escombros de sua casa, na cidade de Gaza, 14 de maio de 2023

A palestina Intisar Muhana, 97, que foi forçada a fugir da vila de al-Masmiyya durante a ‘Nakba’ na guerra em torno da independência de Israel em 1948 e cuja casa foi destruída em um ataque israelense em Gaza, senta-se em frente aos escombros de sua casa, na cidade de Gaza, 14 de maio de 2023 (Foto: REUTERS/Arafat Barbakh)

A Guerra de Israel contra as Crianças Árabes, que é também a Guerra do Hegêmona contra o Eixo da Resistência, ambas braços da Guerra OTAN contra a Rússia e OTAN contra a China, está fugindo totalmente ao controle.

A essas alturas, já está firmemente estabelecido que com a China negociando a paz por todo o Oeste Asiático e a Rússia-China investindo pesadamente nos BRICS 11, além de facilitar os pagamentos no mercado de energia fora do dólar americano, o Império Contra-ataca seria totalmente previsível:

Vamos atear fogo no Oeste Asiático

O objetivo imediato dos dementes neocon-straussianos e de seus silos espalhados pelo Beltway é partir para cima da Síria, do Líbano – e, por fim, do Irã.

Essa é a explicação para a presença, no Mediterrâneo Central e do Leste, de uma frota de pelo menos 73 navios de guerra dos Estados Unidos/OTAN  – indo de dois grupos de porta-aviões americanos a mais de trinta navios de quatorze países-membros da OTAN envolvidos nos jogos de guerra Dynamic Mariner atualmente em curso na costa da Itália..

Essa é a maior concentração de navios de guerra dos Estados Unidos/OTAN desde a década de 1970.

Alguém que acredite que essa frota esteja sendo reunida para “ajudar” Israel em seu Projeto Solução Final de impor uma Nakba 2.0 sobre Gaza deveria ler um pouco de Lewis Carroll. A guerra de sombras já em curso tem como objetivo esmagar todos os nós do Eixo de Resistência na Síria, no Líbano e no Iraque – com o Irã mantido como a pièce de resistance culminante.

Qualquer analista militar com um QI acima da temperatura ambiente sabe que todas essas caríssimas banheiras de ferro americanas estão fadadas a se tornarem parte dos atóis de coral suboceânicos  – especialmente se visitadas por mísseis hipersônicos.

É claro que tudo isso poderia ser apenas Projeção de Poder Americano/Show de Dissuasão normal. Os principais atores – Irã e Rússia – não se deixam impressionar. Basta uma olhada no retrovisor para ver o que aquele bando de pastores de cabras com Kalashnikovs falsificadas fizeram com a OTAN no Afeganistão.

Além do mais, o Hegêmona teria que contar com uma forte rede de bases terrestres caso pretenda lançar uma guerra contra o Irã. Nenhum ator do Oeste Asiático permitiria que os Estados Unidos usassem bases no Qatar, no Kuwait, no Iraque, ou sequer na Jordânia. Bagdá já está tomando providências para se livrar de todas as bases americanas.

Onde está minha nova Pearl Harbor?

O Plano B, como não poderia deixar de ser, é montar mais uma  Pearl Harbor (a última ocorreu há poucas semanas atrás, segundo Tel Aviv). Afinal, organizar uma exibição tão extravagante de diplomacia de navios de guerra em um mar interno revela uma escolha de apetitosos alvos fáceis.

Não vale a pena esperar que o chefão do Pentágono,  Lloyd “Raytheon” Austin,  leve em conta a possível humilhação cósmica do Hegêmona se uma dessas multibilionárias banheiras for afundada por um míssil iraniano. Caso isso aconteça eles partiriam – literalmente – para a solução nuclear.

Alastair Crooke – o padrão analítico ouro, platina e terras raras – advertiu que todos os pontos críticos podem explodir simultaneamente, destruindo a totalidade (itálicos meus) do sistema de “alianças” dos Estados Unidos.

O Chanceler russo Sergey Lavrov, como de costume, acertou na mosca quando disse que se Gaza for destruída, a catástrofe resultante perduraria “décadas, se não séculos”.

O que começou como um jogo de dados em Gaza agora vem se expandindo para todo o Oeste Asiático e mais tarde, inevitavelmente, para Europa, África e Ásia.

Todos se lembram do preâmbulo às atuais e incendiárias circunstâncias: o gambito à la Brzezinski tentado na Ucrânia para cortar o acesso da Europa aos recursos naturais russos.

A situação se metastizou na maior crise mundial desde 1939. Os  dementes neocons-straussianos no D.C. não fazem a mínima ideia de como recuar. De forma que, no pé em que as coisas andam, há menos que zero esperança  de uma solução pacífica para ambas as guerras interligadas.

Como ressaltei anteriormente, os governantes dos principais produtores de petróleo  – Rússia, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait – conseguiriam cortar quase que pela metade a produção mundial de petróleo com um único golpe, demolindo economias inteiras da União Europeia e dos Estados Unidos sem disparar um único tiro. Fontes diplomáticas asseguram que essa possibilidade vem sendo seriamente considerada.

Uma fonte do Deep State velha-escola, hoje trabalhando na Europa, me afirmou que atores sérios estão ativamente engajados em enviar essa mensagem ao Beltway “para fazer os Estados Unidos pensarem duas vezes em desencadear uma guerra que não conseguirão controlar”. Quando eles forem a Wall Street para checar a exposição a derivativos eles já terão tido tempo para refletir sobre a questão, depois de documentos terem sido enviados a gente como Larry Fink da Blackrock e Michael Bloomberg.”

Em paralelo, vem se desenvolvendo uma discussão séria envolvendo círculos de inteligência de todo o novo “eixo do mal” (Rússia-China- Irã) sobre a necessidade de consolidar um polo islâmico unificado.

As perspectivas não são boas – mesmo que os principais polos, como Rússia e China tenham claramente identificado o inimigo comum de todo  o Sul Global/Maioria Global. A Turquia de Erdogan está só fazendo pose. A Arábia Saudita de modo algum investirá na defesa/proteção da Palestina. Os clientes/minions dos Estados Unidos no Oeste Asiático estão apavorados. Restam apenas o Irã e o Eixo da Resistência.

Quando em dúvida, lembre-se de Jeová

Enquanto isso, a vingativa e narcísica tribo de conquistadores, mestres da trapaça política e da isenção moral, está mergulhada na consolidação de sua Nakba 2.0 – que também serve como solução perfeita para ilegalmente abocanhar todo o gás encontrado na costa de Gaza.

A diretriz de deportação do Ministro da Inteligência de Israel, que afeta 2,3 milhões de palestinos, é bastante clara, tendo sido oficialmente endossada pelo Ministério em 13 de outubro.

Essa deportação começa com a expulsão de todos os palestinos do Norte de Gaza, seguida por uma série de “operações terrestres”, deixando rotas abertas através da fronteira egípcia em Rafah e estabelecendo “cidades de tendas” no norte do Sinai e, mais adiante, até mesmo novas cidades para “reassentar os palestinos” no Egito.

O consultor de Direito e Política Humanitária Itay Epshtain observou: “Não fui capaz de detectar, até o momento, nenhum item de agenda ou decisão governamental endossando a diretriz do Ministério. Se essa decisão de fato houvesse sido apresentada e aprovada, o mais provável é que ela já fosse de domínio público”.

Seja como for, diversos extremistas de Tel Aviv já confirmam a decisão em seus acessos de ódio.

Quanto à guerra mais ampla, ela já foi determinada. Há muito tempo. E eles pretendem seguir à risca essas determinações, seguindo os cristãos sio-conservadores americanos.

Todos se lembram do General  Wesley Clark indo ao Pentágono dois meses depois do 11 de setembro e sendo informado sobre o plano neocon/cristão/ziocon de atacar sete países em cinco anos de destruição:

Esse países eram Iraque, Líbia, Líbano, Síria, Somália, Sudão – e Irã.

Todos eles foram desestabilizados, destruídos e atirados no caos.

O último da lista é o Irã.

Agora, voltemos ao Deuteronômio 7:1-2, 24:

“Jeová disse a Israel que havia identificado ‘SETE NAÇÕES MAIORES E MAIS PODEROSAS QUE VÓS” (caixa alta minha), que vós deveis amaldiçoar e destruir” e delas “não ter misericórdia”. Quanto a seus reis, “vós apagareis seus nomes da face da terra”.

Tradução de Patricia Zimbres

Fonte: Brasil 247

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