O terrorismo arquitetado por Israel em Aleppo mostra o papel fundamental da Síria no Eixo da Resistência

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Domingo, 01 de dezembro de 2024

Por Ghadir Khumm

Por Ghadir Khumm

Após o fim das hostilidades israelenses no Líbano com um cessar-fogo em 27 de novembro, moradores do sul do Líbano, juntamente com aqueles de outras regiões afetadas, finalmente puderam retornar para suas casas.

No entanto, certas vilas e cidades fronteiriças foram classificadas como áreas de “alto risco” devido a maiores preocupações com a segurança, tornando-as inacessíveis por enquanto.

Houve até relatos de que forças de ocupação israelenses estacionadas na fronteira abriram fogo contra libaneses que tentavam retornar para suas casas após o cessar-fogo.

Enquanto isso, um cessar-fogo no Líbano coincidiu com a intensificação da agressão violenta no oeste de Aleppo, onde o Exército Árabe Sírio (SAA) está atualmente envolvido em confrontos contra terroristas Takfiri apoiados por Israel, descritos incorretamente na grande mídia como “rebeldes” sírios.

Esses grupos terroristas, que operam na Síria sob a égide da Hayat Tahrir Al Sham, são apoiados pelo regime israelense e pelas potências ocidentais e representam uma dinâmica geopolítica mais ampla em jogo.

A recente derrota vergonhosa da entidade sionista no sul do Líbano, após quase 70 dias de agressão desenfreada, marcada pela incapacidade de penetrar no território libanês devido às hábeis manobras militares do Hezbollah, levou a uma recalibração estratégica.

Para salvar sua imagem já abalada, o regime israelense agora está buscando novas frentes de guerra, com o objetivo de interromper cadeias de suprimentos críticas que facilitem a transferência de armas para a resistência libanesa.

Essa escalada ocorre após um alerta direto do primeiro-ministro da entidade sionista, Benjamin Netanyahu, ao presidente sírio Bashar al-Assad, dizendo-lhe: “Você está brincando com fogo”.

A declaração de Netanyahu, feita após o cessar-fogo no Líbano e a admissão de derrota contra o Hezbollah, faz referência direta ao papel crucial da Síria em ajudar o Eixo da Resistência.

O papel da Síria no Eixo da Resistência

A Síria desempenha um papel fundamental dentro do Eixo da Resistência, servindo como um importante apoiador do Hezbollah e das facções de resistência palestinas, facilitando a transferência de armas e recursos.

Além de suas contribuições logísticas, a Síria também hospeda instalações críticas de pesquisa na cidade de Aleppo, ressaltando sua importância estratégica para a rede de resistência mais ampla. Além disso, a Síria continua sendo um estado de linha de frente na luta contra os representantes apoiados pelo Ocidente, que visam ganhar o controle de Aleppo e minar o governo democraticamente eleito do presidente Bashar al-Assad em Damasco.

Essas dinâmicas destacam o papel duplo da Síria como um centro logístico e um ator firme na resistência a tentativas externas de desestabilizar a região.

Os depósitos de armas da Síria, compostos por armas fabricadas internamente e suprimentos adquiridos de outros países, têm sido fundamentais no apoio às operações do Hezbollah no Líbano.

Na última década, instalações de pesquisa e centros de pesquisa científica sírios dedicados ao desenvolvimento de armas foram repetidamente alvos do inimigo.

Isso incluiu ataques aéreos em locais estratégicos e assassinatos direcionados de pessoal-chave envolvido na coordenação de transferências de armas. Nas últimas semanas, esses ataques se intensificaram, sinalizando um esforço deliberado para enfraquecer a infraestrutura militar da Síria e seu papel na sustentação da resistência.

Ao mesmo tempo, forças de resistência estão posicionadas em Aleppo para combater a crescente ameaça de proxies apoiados pelo inimigo dentro e do norte da Síria. Esses proxies estão tentando estender demais a resistência e cortar rotas essenciais de suprimento, ilustrando ainda mais a natureza interconectada da guerra regional.

Por que a Síria se absteve de entrar em guerra?

O argumento de que a Síria não entrou na guerra contra o regime sionista está enraizado nas realidades complexas de suas circunstâncias nacionais e regionais.

A Síria se absteve de envolvimento direto ao lado do Hezbollah ou das facções de resistência palestinas porque está profundamente envolvida em suas próprias batalhas internas, lutando contra forças terroristas dentro de suas fronteiras. Apesar disso, a Síria continuou a servir como um fornecedor crítico de armas para a frente de resistência.

Por exemplo, quando o Hezbollah atacou a base aérea de Tel Nof, do regime israelense, ele usou uma versão modificada do Sistema de Lançamento Múltiplo de Foguetes (MLRS) M-302 Khaibar-1 da Síria de 302 mm, com um alcance declarado de até 225 km, conhecido como “Fadi-6”.

Essa adaptação, fornecida pela Síria, incluiu a extensão do alcance do foguete e a redução do peso da ogiva, resultando em um peso total de 650 kg e uma ogiva de 140 kg.

Além disso, um vídeo militar divulgado pelo Hezbollah em 3 de novembro destacou suas instalações subterrâneas e reforçou seu compromisso com a resistência.

“Não abandonaremos o campo de batalha… Não deporemos nossas armas”, afirmou.

A filmagem mostrou foguetes “Fadi-4”, derivados do Khaibar-1 da Síria, juntamente com carabinas AKS-74U, demonstrando ainda mais as contribuições da Síria ao arsenal da resistência libanesa.

Também houve repetidas descobertas de armas pela IOF durante sua infiltração em armazéns e prédios no sul do Líbano. Entre essas descobertas estavam armas de origem russa, previamente identificadas como sendo usadas pelo Exército Árabe Sírio.

Essas descobertas ressaltam ainda mais o profundo envolvimento e o apoio inabalável da Síria ao Hezbollah, demonstrando a extensão de seu comprometimento com a resistência.

Operações terroristas de Israel na Síria (2022–2024)

Entre 2022 e 2024, as operações de Israel na Síria se concentraram principalmente no desmantelamento das defesas aéreas, sistemas de radar e instalações de pesquisa militar do país.

Ele sistematicamente mirou componentes críticos da infraestrutura militar da Síria, incluindo centros de pesquisa científica, laboratórios de defesa e depósitos de armas. Esses locais são essenciais para o desenvolvimento militar e as capacidades estratégicas da Síria.

No início de novembro de 2024, por exemplo, Israel lançou um ataque a uma instalação de pesquisa científica e laboratórios de defesa do Exército Árabe Sírio perto de Al-Safira, na zona rural de Aleppo.

Essas instalações não são apenas pontes críticas para a transferência de armas, mas também centrais para o papel mais amplo da Síria em apoiar a resistência. Os centros de pesquisa científica, laboratórios de defesa e instalações de fabricação militar da Síria formam a espinha dorsal de suas capacidades de defesa, permitindo a produção de armas que vão de balas a mísseis e artilharia.

Humilhação no Líbano alimenta violência sionista-proxy na Síria

As ações recentes do regime israelense podem ser caracterizadas como derrotistas, refletindo seu reconhecimento de ter perdido a guerra no Líbano contra a resistência libanesa antes mesmo de ela começar.

Suas escaladas na Síria não são apenas tentativas de recuperar alguma aparência de controle, mas também visam minar as capacidades de resistência do Hezbollah.

No entanto, o SAA permanece firme em sua defesa do povo sírio e seu apoio ao Eixo da Resistência. Os combatentes da liberdade na Síria são profundamente leais ao presidente Bashar al-Assad e inspirados pelo martírio de líderes icônicos como Sayyed Hassan Nasrallah.

Na última década, a Síria reforçou significativamente a resistência no Líbano, incluindo avanços na tecnologia de drones e mísseis para o Hezbollah.

Paralelamente, uma intensa campanha de propaganda contra o SAA está em pleno andamento, semelhante àquelas lançadas contra o país árabe a partir de 2011.

Tais esforços visam deslegitimar o papel da Síria no eixo de resistência e enfraquecer sua influência.

No entanto, a história demonstra que, quando um inimigo recorre a essas estratégias após uma derrota, geralmente é apenas uma questão de tempo até que ele enfrente outro fracasso.

A resiliência da Síria e suas alianças estratégicas continuam a frustrar as tentativas do regime de Tel Aviv de desestabilizar a região, e a batalha duradoura por uma Palestina libertada continua.

Ghadir Khumm  é uma estudante universitária no Canadá cursando mestrado. Ela se concentra em estudos pós-coloniais, dedica seu tempo às relações internacionais e elabora análises políticas perspicazes sobre questões globais.

As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente as do Oriente Mídia

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