Biden discretamente dá luz verde a mais armas para Israel, apesar da disputa pública
O presidente Joe Biden critica Israel pelo massacre e pela fome de palestinos em Gaza
The Cradle, 30 DE MARÇO DE 2024
Palestinos inspecionam uma cratera após três dias de conflito com Israel antes de uma trégua, na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 8 de agosto de 2022. (Foto: SAID KHATIB/AFP)
A Casa Branca autorizou discretamente a transferência de milhares de milhões de dólares em bombas e aviões de guerra para Israel, informou o Washington Post em 30 de Março. As transferências ocorrem antes da invasão antecipada de Rafah, no sul de Gaza, por Israel, que ameaçaria as vidas de mais de um milhão de civis palestinos deslocados que se abrigavam na cidade fronteiriça sitiada.
As transferências de armas incluem mais de 1.800 bombas MK-84 de 2.000 libras e 500 bombas MK-82 de 500 libras, de acordo com funcionários do Pentágono e do Departamento de Estado.
Israel utilizou extensivamente as bombas MK-84 de 2.000 libras para matar um grande número de civis palestinos em Gaza, incluindo 100 civis num ataque no campo de refugiados de Jabaliya, em 31 de Outubro.
As bombas MK 84 raramente são utilizadas pelos militares de outros países em áreas urbanas devido ao seu poder esmagador. Uma bomba pode destruir um quarteirão inteiro e deixar uma cratera no chão com 12 metros de largura.
A guerra de Israel contra Gaza matou mais de 32 mil palestinos nos últimos cinco meses, a maioria mulheres e crianças.
O Departamento de Estado também autorizou a transferência de 25 aviões de guerra e motores F-35A avaliados em 2,5 mil milhões de dólares, disseram autoridades norte-americanas ao Post .
“Continuamos a apoiar o direito de Israel se defender”, vangloriou-se um funcionário da Casa Branca ao falar das transferências. “Condicionar a ajuda não tem sido a nossa política.”
Alguns democratas criticaram o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken pelas transferências de armas. Biden e Blinken criticaram publicamente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pelo assassinato em massa de civis palestinos por Israel. Mas apesar das críticas públicas a Netanyahu, Biden e Blinken continuam a facilitar com entusiasmo o fluxo de armas.
“A administração Biden precisa de usar a sua influência de forma eficaz e, na minha opinião, deveria receber estes compromissos básicos antes de dar luz verde a mais bombas para Gaza”, disse o senador Chris Van Hollen, um democrata de Maryland, numa entrevista. “Precisamos respaldar o que dizemos com o que fazemos.”
As recorrentes aprovações de transferências de armas por parte de Biden são uma “revogação da responsabilidade moral e um ataque ao Estado de direito tal como o conhecemos, tanto a nível nacional como internacional”, disse Josh Paul, um antigo funcionário do Departamento de Estado envolvido em transferências de armas que renunciou em protesto contra a política de Biden em Gaza.
Israel dependerá, em parte, das novas armas para invadir Rafah, um ponto de entrada fundamental para a ajuda humanitária aos habitantes de Gaza que passam fome devido ao cerco de Israel.
É necessário um afluxo maciço de camiões de ajuda para evitar a fome, mas Israel impôs restrições rigorosas às entregas de ajuda a Gaza que as autoridades norte-americanas se recusaram a contestar.
Uma invasão de Rafah também se revelaria “um banho de sangue”, alertaram grupos de ajuda humanitária, já que os 1,3 milhões de palestinianos abrigados na cidade no sul de Gaza não têm um lugar seguro para onde ir.
O Presidente Biden e os seus conselheiros “não veem a contradição entre enviar mais bombas ao governo de Netanyahu, mesmo que este ignore as suas exigências em relação a Rafah, e obter mais assistência humanitária às pessoas famintas”, acrescentou Van Hollen. “Se isto é uma parceria, precisa ser uma via de mão dupla.”
Fonte The Cradle