Por Assad Frangieh* para o Oriente Mídia
05-09-2020
A visita de primeiro de setembro do Presidente Macron ao Líbano representa um marco importante para o Líbano e uma iniciativa diplomática no tabuleiro dos conflitos no Oriente Médio. Resumindo os fatos, a administração francesa se reposicionou como tutor do “Grande Líbano dos anos 20” impondo novas regras e diretrizes, afastando súditos e pressupostos aliados e, reabilitando outros num contexto internacional no qual a França está se posicionando como intermediário entre a política ocidental imposta pelos EUA e a Comunidade Europeia de um lado e o Eixo de Resistência do Irã e respaldado essencialmente pela Rússia e a China.
A respeito do Líbano, o novo Supremo mandou formar novo Gabinete, introduzir reformas nos setores financeiros, administrativos, infraestruturas, monetários e legislativos. Deu prazo e marcou seu retorno para o fim de ano. Bem ao estilo dos colégios missionários franceses no Líbano. A surpresa diplomática foi o reconhecimento público do Hezbollah como integrante inquestionável da sociedade libanesa e principal “aliado” no combate à corrupção e na implantação das reformas. Os súditos e a comprometida classe política não gostaram nada. Vão tentar minar, mas o Supremo francês apostou sua credibilidade e naturalmente seus recursos de sanções e empréstimos.
No contexto global, não há uma mudança na estratégia francesa. Há apenas alterações das táticas diplomáticas de retornar ao leste mediterrâneo como grande potência. O que aconteceu no Líbano, em específico a aproximação com o Hezbollah representa a volta da política “soft” para contrapor a política do Presidente Trump que mostrou ser dura, porém insuficiente para atingir seus objetivos. Mostrou a eficiência da guerra econômica através das sanções econômicas, financeiras e monetárias, porém inócua porque foi reagiu criando alternativas, sacrificando súditos e reintroduzindo potências militares como a Rússia e a China e potências emergentes como a Turquia, o Irã, o Egito na geopolítica do Oriente Médio e do Mediterrâneo em específico.
Após a visita ao Líbano vista como um check in a caminho de Teerã, o Presidente Macron esteve em Bagdá. A França voltou a mostrar que se faz parte do clube do Conselho de Segurança, doravante voltará fazer parte influente da política internacional desta vez aproveitando o portal libanês.
Assad Frangieh*-Médico e Coordenador do Grupo do Oriente Médio por WhatsApp.