“Sayed Khamenei pronunciou esses dois sermões apoiado em um fuzil AK-47. O gesto já teve pelo menos um precedente documentado, em 2006. Mesmo assim, é fato excepcional, para tão alta autoridade religiosa, numa mesquita e para o sermão de comemoração do fim do mês de Ramadã e o Aïd-al-Fitr, dia de festa em todo o mundo muçulmano (18/7/2015, Sayed Hasan, “Nucléaire iranien : la République Islamique persiste et signe“).
18/7/2015, Dois Sermões sobre o Acordo Nuclear (nas orações Eid ul-Fitr) (ing.) 2º Sermão
Trad. ao fr. Sayed Hassan. Vídeo (só o segundo sermão) em Franco Persia
Tradução Vila Vudu
Ver também: PRIMEIRO SERMÃO, em Oriente Mídia
Em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso.
Que as bênçãos de Alá desçam sobre vocês. Toda a honra a Alá, Senhor dos Mundos. E paz e bênçãos sobre nosso Mestre e Profeta Ab-al-Qassem al-Mustafa Muhammad, e sobre sua família imaculada e infalível. Nossas saudações a todos os Imãs de muçulmanos e apoiadores dos oprimidos do mundo, especialmente ao Comandante dos Crentes, à amante de todas as mulheres, a Hassan e Hussein, aos filhos da graça e aos Imãs dos guiados – Ali ibn al-Hussein Zayn al-Abidin, Muhammad ibn Ali, Ja’far ibn Muhammad, Musa ibn Ja’far, Ali ibn Musa, Muhammad ibn Ali, Ali ibn Muhammad, Hassan ibn Ali e Hujjat al-Qaem al-Mahdi, Vosso representante entre vossos servos e dignos de confiança em Vossa terra.
A primeira coisa que quero dizer nesse segundo sermão é saudar e congratular-me com todos os irmãos e irmãs que rezam, e aconselhá-los a manterem-se piedosos.
Os eventos que se produziram em nossa região durante o mês de Ramadã e antes disso eram e continuam a ser eventos muito graves e preocupantes, mesmo, catastróficos. Infelizmente, os malfeitores fizeram do mês do Ramadã mês nefasto para os povos da região.
Vários povos muçulmanos e crentes, no Iêmen, no Bahrain, na Palestina, na Síria, no Iraque, etc., viveram esses dias de jejum particularmente árduo por causa de conspirações maléficas dos inimigos. Todos esses eventos são importantes para nossa nação e nosso povo.
Outra questão é interna, e é a questão das negociações nucleares. Nesse contexto, é preciso destacar alguns pontos.
Primeiro, cabe agradecer aos responsáveis que trabalharam nessas negociações longas e difíceis, ao presidente [Hassan Rouhani] e em especial à equipe de negociadores à qual coube praticamente todo o trabalho e todos os esforços. Deus com certeza os recompensará, seja o texto preparado ratificado ou não pelos canais legais. Já tivemos ocasião de dizê-lo também pessoalmente àqueles amigos.
Claro, para que o acordo seja adotado, há um procedimento legal bem definido que tem de ser observado, para que o acordo seja aprovado. E com a graça de Deus, será aprovado. Esperamos de todos os nossos responsáveis encarregados do assunto façam estudo minucioso, que leve em conta os negócios do país e os interesses nacionais do Irã, de sorte que, quando o acordo for apresentado à nação, todos possam manter a cabeça erguida, e prestem contas a Deus, o Altíssimo.
O ponto seguinte é que, seja o acordo ratificado ou não, com a ajuda de Deus, não será permitido que se faça dele nenhuma exploração abusiva [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”.]
Não será permitido a ninguém arranhar os princípios fundamentais da República Islâmica. As capacidades defensivas e tudo que tenha a ver com a segurança do país será protegida, pela Graça de Deus, ainda que saibamos perfeitamente que os inimigos insistem especialmente sobre esse preciso ponto. Para todas as questões de proteção, de defesa, de interesse nacional, especialmente no clima de ameaças criadas por nossos inimigos, a República Islâmica não se submeterá jamais a demandas abusivas de nossos inimigos [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”].
O terceiro ponto é o seguinte: seja esse acordo ratificado ou não, não retiraremos o apoio que damos a nossos amigos na região – ao povo oprimido da Palestina, ao povo oprimido do Iêmen, ao povo e ao governo da Síria, ao povo e ao governo do Iraque, ao povo oprimido do Bahrain e aos combatentes sinceros da Resistência no Líbano e na Palestina. A todos continuaremos a assegurar o benefício do apoio da República Islâmica.
O quarto ponto é que, independente de negociações feitas e desse texto preparado por diferentes grupos, não haverá em nenhum caso qualquer modificação de nossa política contra o governo arrogante dos EUA [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”]. Como já o dissemos muitas vezes, nós não negociamos com os norte-americanos sobre as várias diferentes questões internacionais ou regionais. Não há qualquer tipo de negociação sobre questões bilaterais. O que há é que, vez ou outra, em temas excepcionais como o programa nuclear, e em nome do superior interesse do Irã, sim, negociamos com eles. A questão nuclear não é o único caso, já negociamos sobre outras questões das quais já falei em outros sermões.
As políticas que guiam os norte-americanos para nossa região e as políticas conduzidas pela República Islâmica na região são diametralmente opostas, opostas num ângulo de 180 graus.
Os norte-americanos acusam de terrorismo o Hezbollah e a Resistência libanesa – quando essas são as forças mais empenhadamente devotadas à defesa nacional de seu país. E são acusados de terrorismo! Não há grau mais alto de iniquidade.
E, paralelamente, os norte-americanos apoiam o regime sionista – regime no qual o terrorismo e o assassinato de crianças estão marcados na sua própria natureza. Como se poderia negociar com países que têm tais políticas, como tratar com eles, como chegar a algum acordo? E há outras questões, das quais falarei em outras ocasiões.
O ponto seguinte tem a ver com a jactância vaidosa dos norte-americanos, por esses dias. Nos dias imediatamente posteriores ao fim das negociações, aqueles Excepcionais, as Excelências, os negociadores norte-americanos, os dirigentes e as dirigentes, ocuparam-se com se autoelogiar, vaidosos, cada um à sua maneira e com língua própria. Mas o que façam não nos diz respeito. Eles são obrigados a se autopromover por causa dos problemas internos que há por lá. Fingem que teriam arrastado o Irã à mesa de negociações, que teriam conseguido submeter o Irã, impedido o Irã de obter armas nucleares.
Mas a verdade é muito diferente. Mentem que teriam de impedir o Irã de obter a arma nuclear, e que teriam conseguido. Na realidade, nossas negociações com os EUA nada têm a ver com a questão das armas nucleares. O problema é completamente outro. Os norte-americanos sabem disso muito bem! Eles sabem da importância da fatwa que proíbe as armas nucleares.
Nós nos baseamos no que dizem o Alcorão e as leis islâmicas (Xaria) para declarar ilícitas a produção, a posse e a utilização de armas nucleares, e respeitaremos escrupulosamente essa proibição. Nada disso tem coisa alguma a ver com os norte-americanos nem com essas negociações. Querem deformar a realidade a favor deles, mas sabem bem que o que eu digo é a verdade.
Sabem perfeitamente que o que impede a República Islâmica de pôr-se a produzir bombas atômicas não é nem a atitude agressiva dos EUA, nem as ameaças, nem a barulheira que fazem, mas, simplesmente, porque há uma interdição de ordem religiosa – e eles sabem bem a importância da fatwa emitida sobre esse assunto. Pois mesmo sabendo de tudo isso, continuam a fingir que eles teriam impedido o Irã de fabricar a arma nuclear. Não são honestos, não dizem a verdade ao povo deles.
Sobre diversas outras questões, dizem que adotaram essa ou aquela medida a propósito da indústria nuclear do Irã, que forçaram o Irã a render-se e a submeter-se. Só em sonhos, eles verão o Irã rendido ou submetido [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”].
Desde o início da Revolução, até hoje, cinco presidentes norte-americanos morreram ou perderam-se na história sonhando que conseguiriam obrigar a Revolução Islâmica a render-se. O presidente de hoje conhecerá a mesma sorte. Você, hoje, não alcançará o sonho de forçar a República Islâmica a render-se.
Destaco um ponto nas declarações que o presidente norte-americano fez nos últimos dias: ele reconheceu erros passados dos EUA. Claro, não passava de conversa à toa. Mas admitiu que os EUA cometeram um erro no Irã, dia 28 Mordad [agosto, 1953, golpe que derrubou Mossadegh]. Admitiu que os norte-americanos erraram ao ajudar Saddam Hussein. Admitiu dois ou três erros. Mas não mencionou dezenas de outros ‘erros’. Não falou dos 25 anos de reinado opressor e pérfido do segundo rei Pahlavi [o Xá]. Não falou dos numerosos casos de tortura, das pilhagens, dos massacres, das catástrofes e calamidades que os EUA causaram. Não falou da destruição da dignidade do povo iraniano e dos esforços dos EUA para pisar sobre os interesses iranianos, internos e externos. Não falou da dominação sionista, do assassinato de [290] passageiros iranianos que viajavam em avião comercial [derrubado por um cruzador norte-americano, dia 3/7/1988, sobre águas territoriais iranianas] e de tantas outras coisas. Mas, de qualquer modo, o presidente dos EIA referiu-se a alguns erros.
Quero aqui dar um conselho amigável àquelas Excelências: hoje – depois que tantos anos transcorreram desde o 28 Mordad, a guerra de oito anos e a defesa que a República Islâmica lhes opôs – vocês reconhecem que cometeram alguns erros.
Pois quero dizer-lhes que nesse momento mesmo, novamente vocês estão próximos de cometerem mais erros.
Nesse momento mesmo estão cometendo erros e mais erros em diferentes pontos dessa região, e erros, especialmente, contra a República Islâmica e o povo do Irã. Dentro de alguns anos, outro presidente virá e lhe indicará os erros que vocês cometem hoje, exatamente como hoje vocês admitem erros dos que vieram antes de vocês. Vocês mesmos, hoje, estão cometendo erros. Portanto, bem fariam se acordassem!
Abandonem o caminho do erro, corrijam os erros que já cometeram e compreendam a verdade. Hoje mesmo vocês estão cometendo erros graves nessa região.
O que quero dizer ao povo iraniano é que, pelo favor e por graça de Deus, a República Islâmica tornou-se forte e poderosa [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”]. Foi-se fortalecendo dia após dia.
Já são 10 ou 12 anos que seis grandes potências mundiais – dentre os países mais poderosos do mundo, em termos de riqueza econômica – confrontam o Irã, tentando impedir o país de ter sua indústria nuclear. Já o declararam abertamente. O verdadeiro objetivo deles é desmontar até as últimas porcas e parafusos de nossa indústria nuclear. Já disseram exatamente isso a nossos diplomatas, há muitos anos. E até hoje, ainda perseguem o mesmo sonho. O resultado de uma luta de 10 ou 12 anos contra a República Islâmica é que foram obrigados a aceitar a existência e a operação de vários milhares de centrífugas no país. Foram forçados a aceitar o desenvolvimento dessa indústria e a continuação de nossas pesquisas. A pesquisa e o desenvolvimento da indústria nuclear iraniana vão prosseguir. O ciclo da indústria nuclear vai prosseguir.
Isso foi o que tentaram impedir durante tantos anos, que acontecesse. Mas hoje já são obrigados a admitir, registrar no papel e assinar, que reconhecem que não há problema algum com nossa indústria nuclear. E qual outro significado teria isso, se não o de provar e comprovar a potência do povo do Irã? [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”]
O que foi feito só foi feito graças à resistência e à firmeza do povo e à coragem e capacidade de inovar de nossos amados cientistas. Que a Misericórdia de Deus esteja com Shahriari [cientista do programa nuclear iraniano, assassinado dia 29/11/2010], Rezainejad [cientista do programa nuclear iraniano, assassinado dia 23/7/2011], Ahmadi Roshan [cientista do programa nuclear iraniano, assassinado dia 11/1/2012] e Ali Mohammadi [cientista do programa nuclear iraniano, assassinado dia 12/1/2010] e com todos os cientistas como eles. Que a Misericórdia de Deus esteja com nossos cientistas mártires da indústria nuclear do Irã. Que a Misericórdia de Deus desça sobre as famílias deles. Que a Misericórdia de Deus desça sobre todo um povo que defende suas legítimas reivindicações e seus direitos.
Quero destacar mais um ponto, e será o último. Alguém disse que eles poderiam destruir o exército do Irã. Nossos mais antigos referiam-se a essas conversas como “jactar-se para estrangeiros” [no sentido de se jactar para quem nada sabe do lugar onde está], palavras ao vento [Público ri]. Não quero falar mais desse assunto. Os que ouçam essa declaração, se quiserem conhecer realmente a verdade e se estão dispostos a usar corretamente as próprias experiências, sabem que se uma guerra vier a acontecer – guerra que não queremos, não procuramos e não seremos nós instigadores de guerra alguma –, se alguém fizer guerra contra nós, quem será derrotado, quem sairá vencido e humilhado [literalmente “com a cabeça quebrada”], serão os EUA agressivos e criminosos. [Público: “Deus é o maior, Deus é o maior, Deus é o maior, Khamenei é nosso guia. Morte aos inimigos da Wilayat-al-Faqih (Orientação do jurista) Morte aos EUA. Morte à Inglaterra. Morte aos hipócritas e aos inimigos de Deus. Morte a Israel”].
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Quando te chegar o socorro de Deus e o triunfo,
E vires entrar a gente, em massa, na religião de Deus,
Celebra, então, os louvores do teu Senhor, e implora o Seu perdão, porque Ele é todo mansidão e compaixão” [Alcorão, Surata 110].
Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam com vocês. [Fim do segundo sermão]