Várias pessoas, com dupla cidadania, israelense-americana, ocupam cargos-chave no governo de Washington, informou na quarta-feira a cadeia iraniana PressTV.
HispanTV- De acordo com o relatório, os israelenses dirigem organismos de alta importância como o Pentágono e o Departamento de Segurança Interna (DHS, por sua sigla em Inglês), além de estar presentes no Senado e Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, desde donde exercem grande influencia nas políticas e decisões do país norte-americano.
Na longa lista desses funcionários se incluem Michael Mukasey, diretor DHS, Richard Perle, ex conselheiro do Pentágono, e Paul Wolfowitz, presidente do Banco Mundial e ex-vice-secretário de Defesa de EUA.
Seus poderes lhes permitem votar nos projetos de lei sobre questões sensíveis como, lançar ataques contra outros países, pressionar as autoridades americanas a vetar qualquer resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) contra o regime de Tel Aviv e promover contratos que favorecem o regime usurpador israelense.
Há poucos dias, o jornal israelense Haaretz observou que a ajuda militar total de EUA ao regime israelense excedeu os 100 bilhões de dólares desde seu início em 1962, tornando este regime o maior beneficiário estrangeiro de dólares dos contribuintes em todo o mundo.
Além disso, as autoridades israelenses recebem, há décadas, uma ajuda de cerca de 3 bilhões de dólares por ano, proveniente de impostos pagos pelos cidadãos americanos.
A esta permantente ajuda financeira, é preciso acrescentar um pacote de financiamento de emergência de 225 milhões aprovado pelo Senado dos Estados Unidos no início deste mês para melhorar seu ineficaz escudo antimísseis “cúpula de ferro”.
Em 2006, o jornal Le Monde divulgou um ensaio intitulado “O lobby israelense e a política externa dos Estados Unidos”, dos professores Stephen Walt, diretor de estudos da Kennedy School of Government, da Universidade Harvard, e John Mearsheimer, professor de ciência política na Universidade de Chicago, que afirmavam que os EUA, com demasiada freqüência, confundem seus interesses com os do Estado judaico, ao ponto de “comprometer sua segurança”.
No informe, os professores afirmaram que a culpa por isso é do “lobby pró-israelense”, grupo que definem como sendo composto de indivíduos e organizações que “trabalham ativamente” para influir sobre a diplomacia americana.
“Outros grupos de interesse conseguiram direcionar a política externa americana no sentido que desejavam, mas nenhum conseguiu distanciá-la tanto daquilo que o interesse nacional americano recomendaria, e, ao mesmo tempo, convencer os americanos de que os interesses dos EUA e de Israel são quase idênticos”, escrevem os dois pesquisadores.
A tese contraria o raciocínio habitual nos EUA, segundo o qual a ameaça terrorista aproximou Israel dos EUA. Para os dois professores, que se incluem na escola “realista” em matéria de política internacional, se os EUA têm um problema com o terrorismo, “é em grande medida porque são aliados de Israel, e não o inverso”.
Desde o fim da Guerra Fria, dizem os dois pesquisadores, Israel deixou de ser um “trunfo estratégico” que ajuda a conter a expansão soviética na região, e passou a ser um “fardo”. Para eles, que se opuseram à guerra no Iraque, o lobby pró-Israel e o governo israelense foram, não o único fator, mas “um elemento crítico” na decisão de derrubar o regime de Saddam Hussein.
É importante lembrar que o chamado “lobby judaico”, “lobby pro-Israel” ou “lobby sionista” não é composto apenas por indivíduos de origem judaica, o lobby também inclui não judeus, sobretudo protestantes fundamentalistas, nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. O apoio do fundamentalismo protestante ao sionismo se justifica com interpretações controvertidas de profecias bíblicas. Algumas correntes evangélicas afirmam que Jesus Cristo voltará à Terra (é a famosa “Segunda Vinda”) somente quando os judeus estiverem reunidos na Terra Santa. Como esses grupos interpretam que esse evento é iminente, eles apóiam os objetivos do sionismo internacional. Os fundamentalistas afirmam que profecias bíblicas apontam para o Milênio, que teria um “governo mundial”, cujo centro seria em Jerusalém. O Estado de Israel seria parte de um “plano divino” e deve ser apoiado pelos cristãos.
Foi a partir da década de 1990 e do governo de George Bush, nos EUA, que o sionismo cristão se converteu em força política significativa, especialmente ao se aliar ao movimento neoconservador (“neocon”).
As três maneiras dos EUA ajudarem o massacre em Gaza
O Portal FORUM publicou no dia 22 de agosto, um artigo de J. S. Davies, que cita os três elementos da política norte-americana que formam o tripé que permite que esse conflito – com seus massacres e destruição em massa – continuem.
1. Ajuda militar
Os EUA forneceram a Israel, no total, cerca de 73 bilhões de dólares em ajuda militar – e atualmente, fornecem 3,1 bilhões de dólares por ano. Segundo a Lei de Assistência Internacional dos EUA (FAA, sigla em inglês) e a Lei de Controle de Exportação de Armas (AECA, sigla em inglês), os EUA são obrigados a suspender ou encerrar qualquer ajuda militar quando armas norte-americanas estão sendo usadas contra civis ou, em outros casos, quando viola a lei humanitária internacional. Todavia, essas leis não foram invocadas ou utilizadas no caso de Israel desde 1982. Após suprir novamente os israelenses com munição durante a atual crise em Gaza, a administração Obama finalmente passou a rever os pedidos de armas de Israel, analisando caso por caso, inclusive segurando um novo envio de mísseis Hellfire para o país aliado. O cumprimento da FAA e da AECA requer a suspensão imediata de auxílio militar até que a violação dessas leis seja investigada por completo.
2. Cobertura diplomática
Desde 1966, os EUA usaram 83 vezes seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, mais do que os outros quatro países membros combinados (Rússia, Reino Unido, França, China): 42 desses vetos serviram para “matar” resoluções envolvendo Israel e Palestina – efetivamente protegendo Israel de prestar contas e se submeter às leis internacionais. Israel utilizou dessa imunidade para violar as Convenções de Genebra e outras leis de direitos humanos, para continuar expandindo seus assentamentos ilegais em territórios palestinos ocupados, e também ignorar resoluções do Conselho de Segurança que exigem sua saída imediata deles.
3. Apoio incondicional
Israel é hoje um país rico e desenvolvido, com uma avançada indústria de armas, para que assim pudesse se adaptar para uma eventual quebra de assistência militar norte-americana, mas os apoio diplomático e do Congresso dos EUA é vital para que o governo de Israel possa ignorar a condenação – quase universal – dos outros países sobre seus assentamentos ilegais, abusos de direitos humanos e a ocupação dos territórios. Em 2013, a Assembléia Geral da ONU aprovou 21 resoluções sobre Israel-Palestina – a maioria com uma representação de 165 contra 6, tendo EUA e Israel na minoria. Todavia, o apoio dos EUA confere um falso senso de legitimidade para as políticas de Israel. Esse apoio incondicional encoraja os sucessivos governos israelenses a continuar com uma expansão territorial ilegal que o mundo jamais irá reconhecer, resultando apenas em um conflito infinito com palestinos – assim como o crescente isolamento de Israel para com o resto do mundo.
HispanTV: ask / NCL / MSF
FORUM: Por Nicolas J. S. Davies, em Alternet | Tradução: Vinicius Gomes