Por Bruno Beaklini, jornalista profissional, cientista político (PhD) e professor de Estudos Internacionais.
O martírio do secretário-geral Hassan Nasrallah vai além do significado do martírio do líder político do membro mais importante e poderoso do Eixo da Resistência. Deste lado do Oceano Atlântico, escrevendo do Brasil, um país com quase 10 milhões de descendentes de árabes-libaneses, os efeitos são múltiplos. Para os colonizados, a ala falangista e pró-sionista da colônia cria vergonha, eu diria. Nem toda a riqueza construída na diáspora vale uma gota do sangue da dignidade de um mártir e de sua família.
Quanto à crescente ala da colônia que se posiciona como apoiadora da Resistência Libanesa, dói no fundo de nossas almas, porque estamos vivos e seguros, enquanto nossa pátria sofre com os bombardeios realizados por criminosos sionistas e seus financiadores do Departamento de Defesa. em Washington.
O inimigo já perdeu a vergonha de ser imoral. O filho de Netanyahu se esconde nas praias da Flórida, EUA. Cercado por festas e drogas, ele celebra sua existência sem sentido, talvez para esquecer que nasceu de um açougueiro. Podemos imaginar o peso moral de ser filho de Bibi? O cara acorda de manhã e diz: “meu pai é um genocida, e o que eu sou?”
Um dos filhos do mártir de hoje, Nasrallah, foi para a eternidade aos 15 anos. Ele deu um exemplo, como voluntário, de como é servir na Força Al Quds e correr o risco de bombardeio inimigo todos os dias. Definitivamente, nossas condições espirituais, morais e ideológicas são muito superiores às dos invasores supremacistas e genocidas.
Mas, para fedayins e mudjahiddins*, não basta ter o espírito de sacrifício ou orgulho moral, precisamos VENCER. Talvez esta seja a grande lição do secretário-geral Hassan Nasrallah. O Hezbollah ensinou o Líbano, o mundo árabe, o mundo islâmico a superar o inimigo sionista.
Esse ensinamento precisa ir além da condição de apoiadores da Resistência. O mesmo alto padrão de doutrina militar e emprego precisa estar presente em todos os setores de todas as forças e países da Resistência. Precisamos ser tão eficazes quanto o Hezbollah na frente de comunicações, serviços de saúde, economia nacional, desenvolvimento científico e tecnológico, capacidades de educação e pesquisa, serviços públicos e todos os aspectos do bem comum de nossas sociedades. Isso se aplica à diáspora, aos milhões e milhões de descendentes de árabes na América Latina e ao absurdo desperdício de ver tal volume de recursos humanos desperdiçado simplesmente porque a política externa não chega até nós e as contradições internas nos impedem de continuar como reserva estratégica em todos os níveis, além da publicidade.
Outro ensinamento de Nasrallah é a organização necessária para enfrentar desafios reais. Sem bravata, cada palavra tem uma consequência e somos forçados a fazer dez vezes mais do que dizemos. Na diáspora, infelizmente, existe uma cultura de falar alto, gritar muito e não organizar quase nada. As lições do Hezbollah são o oposto disso. Trabalho discreto, todos alimentam o formigueiro, as formigas guerreiras fazem parte do todo e a missão é a defesa dos oprimidos e não o grito de falsos líderes.
A coesão proporcionada pela liderança vibrante (na oratória), mas sóbria (na conduta diária) de Nasrallah é outra lição sentida em todos os lugares. Lembro-me de uma entrevista com o secretário-geral comentando suas experiências com o mártir Qassem Soleimani. Palavras simples e modestas, sem arrogância. Uma memória sincera de uma liderança política e de sua contraparte militar, observando o papel fundamental da vitória de 2006 como o ponto de virada do Eixo da Resistência.
O próximo passo é refletir, organizar, defender-se em todos os níveis e entender que o Estado sionista e seus financiadores, os EUA, estão simplesmente dispostos a fazer qualquer coisa e nenhum critério de humanidade os detém e não os impedirá. As lições de Nasrallah são diretas. A libertação é conquistada, não concedida. Os invasores colonialistas não têm restrições morais para assassinar crianças, mulheres, idosos, destruir hospitais e escolas, destruir a infraestrutura de um país e cometer genocídio à vista de todos. O inimigo é assim e não como o imaginamos. Enfrentar a realidade é a única maneira de transformá-la.
Acredito – e digo isso com a maior humildade – que é hora de tirar o farol de Nasrallah e assumir mais responsabilidades. Seja na frente de combate, nas estruturas de apoio, nos países do Eixo, na diáspora árabe na América Latina. É hora de o exemplo de Nasrallah como líder político e organizador chegar a todos os lugares onde há apoiadores do Eixo da Resistência. Que o exemplo dos mártires seja mais forte do que a mediocridade cotidiana, os interesses particulares e mesquinhos e até a vaidade de alguns.
Acredito que chegou a hora de entender o tamanho do inimigo (EUA + “Israel”) e adotar os conceitos políticos, a sabedoria e a capacidade organizacional fornecidos pela liderança sóbria do mártir Hassan Nasrallah.
Hoje, 29 de outubro de 2024, quero exaltar a memória de Yahya Ibrahim Hassan Sinwar em seu aniversário, o “Leão de Gaza”, que morreu lutando contra a besta sionista; o Hassan palestino, que, junto com o Hassan libanês, inscreveram seus nomes na história de infinita coragem dos povos árabes frente à covardia e perfídia israelense patrocinada pelo imperialismo ocidental. Israel, coberto de vergonha por décadas de atos genocidas…
Glória eterna aos guerreiros do Eixo da Resistência!
Viva Sinwar e Viva Nasrallah!