A alegria das pessoas em nosso país nunca está relacionada com a ocorrência de guerra, e eu não acho que nenhum jordaniano ou árabe esteja satisfeito com todo esse sangue na Ucrânia. Porém, esta história é sobre a derrota do Ocidente e não sobre a vitória de Putin.
Virou costume o Ocidente, incluindo os Estados Unidos, empoleirar-se sobre os países fracos.
É possível que o espaço aéreo líbio esteja aberto para os aviões franceses. É possível também que os céus de Bagdá estejam abertos aos pilotos (ingleses) para demonstrarem suas habilidades em baixas altitudes. É possível que o fuzileiro norte-americano (marine) desembarque nas praias da Somália, onde mata e desfila, e em seguida, então (Hollywood) pode produzir um filme que onde conta o protagonismo desses soldados, e é claro, será um filme baseado em mentiras.
Virou costume também bombardearem cada centímetro do Afeganistão para matar quem desejassem e quando quisessem, sem que ninguém se oponha, como tem sido o costume, que (adora) Israel usar sua máquina militar de origem norte-americana americana, em Gaza, e no sul do Líbano , para matar quem quiser e assassinar quem quiser.
Porém, desta vez, é diferente. Se um piloto francês sobrevoa a Ucrânia para “proteger a liberdade e os valores da justiça”, como diz seu ministro das Relações Exteriores, então, ele sabe que o piloto não voltará a não ser como um cadáver ou um cativo. E os britânicos, que profanaram a terra e o céu de Basra e bombardearam com aviões (Harrier e Tufão) todos os objetos em movimento que conheciam, sabem que se seus tanques se aproximassem das fronteiras da Ucrânia, seus soldados seriam queimados. E os norte-americanos, também, sabem muito bem, que a Rússia não é o Taleban, nem Iraque, nem leste da Síria, e eles entendem que seus aviões voltarão carregando centenas de cadáveres se decidirem entrar no jogo.
Essa é a história em poucas palavras. É que os valores de liberdade, democracia, direitos das mulheres, justiça, direitos dos homossexuais, empoderamento das mulheres e métodos que libertam a mente, tudo isso, só é aplicado aos fracos e pobres , acompanhado de alguma assistência material e carregamentos de fórmulas infantis.
A história, também, é que o Ocidente está enfrentando a Rússia. Ele não ousará desempenhar os mesmos papéis que desempenhou no Iraque ou no Afeganistão, porque agora está de frente para um país que sabe desmantelar conspirações, possui o maior arsenal militar e, o mais importante, a Rússia é uma civilização e cultura, que exportou para o mundo a música, o teatro e os romances, e, ainda, protegeu a dignidade da Europa quando Hitler a jogou no chão.
Quem pensa que é uma guerra errada, precisa entender que isso é muito maior do que uma guerra, é um confronto de civilizações, civilização que, de um lado, se acostumou a impor seus produtos pela força e tentações e, por outro lado, a civilização que trata o mundo com parceria e distribuição de pão, civilização essa que não tem passado colonial, como a França e a Grã-Bretanha, civilização que não roubou as riquezas dos povos e não praticou matanças e extermínios.
Pelo menos, em países como Rússia e China, não se encontram negros sofrendo discriminação e nem torcida de futebol jogando bananas em jogadores africanos.
Estou com a Rússia, não porque é ela vitoriosa, mas porque fala em nome dos pobres deste mundo e luta em nome deles, impõe seu ritmo, e diz ao mundo inteiro: chega da influência da civilização ocidental e de tentar “libertar a mente”.
A guerra inevitavelmente terminará, e (os ucranianos) perceberão que estiveram envolvidos em um jogo no qual eles foram o maior combustível para ela. Eles também perceberão que foram um campo de teste para a esmagadora potência russa. Entretanto, com o tempo, entenderão que seu espaço é a Eurásia. E que a Rússia é sua verdadeira profundidade. E que todo o Ocidente estava mentindo para eles e os conduzindo para o forno do incinerador.
_*Abdul Hadi Raji Al-Majali é jornalista jordaniano e articulista de vários jornais árabes. O artigo “Guerra de Civilizações” foi publicado no dia 26 de fevereiro de 2022, no jornal Al Rai, da Jordânia. _
Texto original em árabe: https://alrai.com/article/10722173/%D9%83%D8%AA%D8%A7%D8%A8/%D8%AD%D8%B1%D8%A8-%D8%A7%D9%84%D8%AD%D8%B6%D8%A7%D8%B1%D8%A9
Traduzido por Anwar Assi