No Rio, filho de presidente sírio, Bashar Al Assad, compete na Olimpíada de Matemática
RIO – Modesto e descontraído em meio a outros colegas de time, Hafez al-Assad — filho do presidente sírio Bashar al-Assad, que tem o nome do avô — está no Rio para participar da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês), que vai até sábado. Como se fosse apenas mais um competidor do time da Síria, o jovem de 15 anos falou, nesta segunda, a imprensa em um inglês impecável sobre suas posições políticas e sua opinião a respeito da situação atual de seu país de origem. Na conversa, Hafez disse que nunca sairia da Síria e que é “um cara como outro qualquer”. A organização do evento confirmou que se trata do filho do presidente sírio e a Polícia Federal informou ainda que Hafez está no Brasil desde quinta-feira, numa operação cercada de sigilo. O rapaz contou que já esteve no Pão de Açúcar e no Corcovado.
Tem vontade deixar a Síria?
Nunca.
Quando vai para competições como esta, suas posições políticas são questionadas?
Algumas vezes acontece. Mas, eventualmente, quando percebem que eu sou um cara normal,
veem que é só um posicionamento político pessoal, independentemente de quem quer que eu seja.
O que quer estudar na faculdade?
Quero fazer engenharia, mas ainda não sei qual especialidade.
É uma responsabilidade grande participar do time.
Há uma expectativa maior por você ser quem é?
Não. Não sou o melhor do meu time. Sou a segunda geração do time sírio.
Talvez no ano que vem eu seja.
Não por quem eu sou, mas sim porque eu serei o mais velho.
O que você sente quando as pessoas dizem que seu pai é um “ditador”?
Eu sei o tipo de homem que ele é como meu pai.
Como presidente, as pessoas dizem muitas coisas.
Muitas estão cegas. Mas isso não é a realidade.
O que significa para você participar de um evento como esse em
um momento no qual a Síria passa por uma situação difícil?
Além da matemática, qual seu principal aprendizado na IMO?
A coisa mais importante que vimos aqui é que mesmo nos tempos mais difíceis, há esperança.
A olimpíada mostra isso.
Mais de 600 estudantes do ensino médio, vindos de 111 países, participam até hoje das provas de matemática, num hotel na Barra da Tijuca. São os atletas da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês), que acontece pela primeira vez no Brasil. A competição anual, iniciada em 1959 -então com apenas sete países- está em sua 58ª edição, com participação recorde (623 estudantes).
São os atletas da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês), que acontece pela primeira vez no Brasil.
Metade da delegação brasileira já participou da IMO-2016, em Hong Kong, quando o País obteve sua melhor colocação (15° lugar): João César Vargas, 19 (de Passa Tempo – MG) e Pedro Henrique de Oliveira, 18 (Campinas) levaram medalhas de prata; George Lucas Alencar, 18, de Fortaleza, ganhou bronze. Os demais integrantes nesta edição são André Hisatsuga, 17 (São Paulo), Bruno Meinhart, 16 (Fortaleza) e Davi Sena, 17 (Recife) (Foto acima).
Hafez al-Assad
Entre as centenas de atletas da Matemática, a edição brasileira da Olimpíada ganhou mais destaque após a revelação de que Hafez al-Assad, 15, filho do presidente da Síria, Bashar al-Assad, integra a delegação de seu país. A notícia foi dada pelo jornal “O Globo”, que conversou com o estudante e afirmou que sua identidade foi confirmada pela organização do evento e pela Polícia Federal. A IMO é a maior, mais antiga e mais prestigiosa olimpíada científica para alunos do ensino médio.
Fonte: O Globo e Folha press