Por Assad Frangieh*
09 de Agosto de 2020
A comoção popular e internacional da Explosão de Beirute continua mobilizando as ajudas humanitárias à nível de vários governos e das comunidades libanesas distribuídas pelo mundo afora. A Conferência Internacional conduzida hoje pelo Presidente Makron e a participação do Presidente Trump confirmaram o envio de ajuda, mas não deixaram de repetir as mensagens da necessidade de reformas transparentes financeiras, monetárias e administrativas em combate contra a corrupção que assolou o Líbano por mais de 30 anos como condição de créditos para a reconstrução da economia.
As manifestações de rua que explodiram em confrontos com as Forças de Segurança e o Exército Libanês refletem uma situação de caos social e claramente sem unidade das reivindicações. A mudança rápida somente é possível com substituição de lideranças políticas e nesse quesito, o Líbano não possui.
Por quem substituir o atual Gabinete? Como convocar novas eleições sem a aprovação do próprio Parlamento? As investigações apontam por displicência antes de tudo, tenha havido ato terrorista junto ou não. Quem acusará os responsáveis? A Justiça Militar ou um Tribunal Civil? Perguntas que levam à um ciclo vicioso de desentendimentos nacionais.
O material explosivo, o controle da alfandega, a superintendência do porto, o sistema judiciário, a inteligência das forças de segurança presentes no porto são os elementos da displicência. São ingênuas e maldosas às acusações ao Hezbollah. São ainda infundadas às acusações de um ato terrorista ou de um míssil de Israel. O próprio Presidente Makron repreendeu seus “aliados” e apelou ao Hezbollah para participar de um Governo de Conciliação Nacional.
Não haverá caos na segurança pública no Líbano. Apenas manifestações e manifestações. Algumas mais violentas e outras não. Não haverá repetição da divisão nacional de 2005 em dois campos opostos. Não haverá Comissão Internacional para investigar. Não há intenção de aumentar as tensões contra o Hezbollah. Israel está com tantos problemas internos quanto o Líbano. Em dias, o Líbano retoma seu caminho de incertezas enquanto isso Makron se veste de novo tutor da antiga colônia, prepara seu check in para Teerã e espera ser o novo Bombeiro desses novos tempos.