31/12/2015, John Helmer, Dance with Bears
Intitulado “O avião amarelo”, esse quadro é arte russa do final do período do Realismo Socialista. O artista assina “Cazaque”, e o trabalho leva data de 1960.
Encontrei o quadro em Moscou em 1998. Depois desapareceu por mais de uma década. Mas foi encontrado há vários meses. Mandei esticar, restaurar, tornei a emoldurá-lo e pendurei na minha parece.
Tentando rastrear o pintor, encontrei dois nomes cazaques que mais ou menos, se qualificam como autor possível – Oleg Iosifovich Cazaque, nascido em Minsk em 1935; e Vasily Ivanovich Cazaque, nascido na Moldávia em 1938. O autor, mais provavelmente, é Vasily Ivanovich – que viveu e trabalhou durante a maior parte da carreira na região de Belgorod, e porque há “Belgorod” escrito no verso da pintura. Vasily Ivanovich morreu em 1996.
Só consegui encontrar um único outro quadro do mesmo cazaque, e nada que se compare à beleza do primeiro.
“O avião amarelo” é de um tempo quando ainda era possível acreditar que se construiria um futuro civilizado para a Rússia na Europa.
Esses cuja maldade vocês acompanharam nessa coluna durante todo o ano nos empurraram para uma guerra da qual talvez não haja tempo para você, caro leitor, e eu, nos recuperarmos.
Para nós, o avião amarelo não é fantasia da imaginação, porque, se fosse, não haveria perigo de ele ser derrubado.
O que pensar quando chegar a meia-noite?
Não pense. Dance.[1] O truque é coragem, leveza. Abra os braços, aponte os dedos para o mais longe possível; gire devagar. Depois que os pés saírem do chão, cuidem para que voltem ao chão, para bater com força: estamos dançando juntos em cima da cova dos inimigos.
Decole outra vez. Bata os pés.*****
[1] O gênero dessa canção grega é “rembetiko“. O termo designa hoje vários tipos de música urbana grega, que voltaram a ser reunidos a partir dos anos 1960 e desenvolveram-se fortemente a partir dos anos 1970s (mais sobre isso em https://en.wikipedia.org/wiki/Rebetiko#The_bouzouki). A canção para a qual o artigo linka tem o título de Misirlou [“A garota egípcia”], de 1927, que fez longa carreira e acumulou interessante história no ocidente que ‘integra’, até Jimmy Hendrix, Pulp Fiction (Tarrantino) e John Travolta (gordo) [NTs].