Zarif- Ministro das Relações Exteriores do Irã: “Aventurismo unilateral dos EUA é o mais grave desafio global”

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21/7/2019, Teheran Times

“Uma nova onda do aventureirismo unilateral extremo dos EUA é o mais grave desafio que quase todos nós enfrentamos, de um modo ou de outro” – disse o ministro de Relações Exteriores do Irã na reunião de ministros do Movimento dos Não Alinhados, em Caracas, Venezuela, na 6ª-feira. – “Está minando o estado de direito no plano internacional e, por diferentes vias, ameaça a paz e a estabilidade em todo o planeta.”

A seguir, a íntegra da declaração publicada no website do Ministério de Relações Exteriores do Irã:

“Permitam-me começar por agradecer ao povo e ao governo da República Bolivariana da Venezuela pela excelente organização dessa reunião e por sua calorosa hospitalidade.

Nossos encontros e consultas regulares como membros do Movimento dos Não Alinhados sinalizam nossa determinação para preservar e fortalecer nosso Movimento e ampliar nossa cooperação, na direção de proteger os interesses de nossas nações. No processo de fazer frente aos graves desafios que enfrentamos hoje e aos que se preveem, temos de mobilizar e usar a plena capacidade de nosso Movimento.

Uma nova onda do aventureirismo unilateral extremo dos EUA é o mais grave desafio que quase todos nós enfrentamos, de um modo ou de outro. Está minando o estado de direito no plano internacional e, por diferentes vias, ameaça a paz e a estabilidade em todo o planeta. A cooperação internacional em muitos campos, incluindo o livre comércio, o meio ambiente, o estado de direito, organizações internacionais e muitos outros, está sendo agredida de modos jamais vistos. Enquanto algumas nações são ameaçadas por sanções unilaterais e agressões militares, outras enfrentam a violência do mais furioso impulso do protecionismo norte-americano. Até muitos aliados dos EUA estão sofrendo uma onda sem precedentes de intervenção em seus assuntos internos.

Conhecendo os resultados catastróficos da onda anterior de unilateralismo norte-americano, no início dos anos 2000 – que incluiu invasões, brutalidades e extremismo violento, temos um dever de nos levantar e repelir a nova onda.

Meu país está na vanguarda da resistência às novas tendências unilaterais dos EUA, que incluem o mais absoluto terrorismo econômico.

Nossos sinceros esforços para lidar com a preocupação relacionada ao nosso programa de uso de energia nuclear para finalidades pacíficas, ainda que seja preocupação sem qualquer justificativa, são uma dentre as muitas vítimas do novo unilateralismo. O governo dos EUA está destruindo o acordo nuclear para o Irã, apesar do muito que todo o mundo investiu para o alcançar. E no processo, não só violaram a importante resolução do Conselho de Segurança, mas, além disso, e ironicamente, sancionaram os países que tentam cumprir os compromissos assinados.

A pesada intervenção dos EUA em assuntos internos da Venezuela, que nos recebe hoje, incluindo instigar o fracassado golpe de Estado em abril passado, é mais um exemplo do comportamento maligno dos EUA. A novidade é que o novo governo dos EUA rasgou a própria máscara e mostra hoje o mais aberto e visível desrespeito pela lei internacional e pelos direitos de nações soberanas.

O povo da Venezuela, como em todos os demais países, é a autoridade suprema para eleger o próprio presidente, como elegeram em maio passado. Os venezuelanos estão no pleno direito de levantar-se em defesa do próprio presidente eleito.

Do mesmo modo, o impulso unilateral e maligno dos EUA está destruindo as bases já implantadas com vistas a resolver a questão palestina, que tem no centro a violência da ocupação. Os movimentos ilegais dos EUA, que visam a negar todos os direitos básicos do povo palestino, exacerbam a situação em todo o Oriente Médio. Os bem poucos regimes árabes que se alinharam a esse e a outros golpes dos EUA não só traem o povo palestino, mas, além disso, também põem em risco a paz e a segurança em toda a região.

Opor-se ao unilateralismo e tentar promover a lei e o estado de direito no plano internacional sempre foi alta prioridade da agenda do Movimento dos Não Alinhados, desde o início. Hoje, com a ordem legal internacional mais ameaçada do que jamais antes, é imperativo que os estados-membros do Movimento dos Não Alinhados cerrem fileiras e fixem-se na tarefa de repelir essa ameaça. Se não o fizermos, todos nós perderemos.”

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Traduzido por Vila Mandinga

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