Verão Quente no Oriente Médio

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Por Assad Frangieh.

Os acontecimentos no Egito ocupam as primeiras páginas dos noticiários no Oriente Médio. Um mês após a retirada forçada de Mursi & Cia “barbuda”, assim Jamal Abdel Nasser descrevia a Irmandade Muçulmana, os acontecimentos parecem evoluir num processo sem volta. As tentativas dos defensores do Islã Político versão otomana, em usar a força bruta seja com seus grupos terroristas e aliados armados no norte do Sinai, seja na mobilização de seus simpatizantes nas ruas do Cairo e em seus redutos dispersos estão sendo sufocadas gradativamente. Os fatos apontam que as forças de mudança com perfil liberal e laico predominarão as cenas futuras. Algo parecido com a era Mubarak com reformas sociais e econômicas que aliviam a panela de pressão exposta na “revolução de 25 de janeiro”. O Exército firmou-se como um elemento decisório: isolá-lo da vida política é improvável. Os Estados Unidos absorveram a mudança rápida, apoiaram as mudanças injetando 13 bilhões de dólares na desastrosa economia egípcia do dinheiro de seus súditos a Arábia Saudita, Emirados e Kuwait. Para fechar o Mise-en-scène, a União Europeia acaricia as feridas de seus antigos aliados islâmicos prometendo seu colo amigo… Restam os gritos da Turquia Otomana de Erdogan e as brasas das revoltas na Tunísia, Líbia, Argélia e Marrocos que logo poderão virar fogo… ou cinzas.

Em paralelo, os palestinos forçados a sentar nas mesas de negociação numa manobra de John Kerry. Nem mesmo Obama acreditava nisso. Ponto para Netanyahu que definiu as pautas e os resultados: nada de fronteira de 1967, os assentamentos continuarão na Judéia e Samaria, nada de libertação de prisioneiros antes de negociar e finalmente um Estado Palestino por um Estado Judaico. São nove meses para se chegar a um acordo. Certamente insuficientes para o Fatah de Abbas se moralizar ou o Hamas de Haniya se redimir. Infelizmente, não há luta pela causa palestina sem líderes palestinos sinceros.

No Iraque, as ondas de explosões e assassinatos voltaram. O patrocinador é o mesmo: a Arábia Saudita. Os executores: Al-Qaeda & Cia. Nesse caso, a Agência de Inteligência. Tudo para atingir o Irã. No Líbano, o mês do blablabla, blablabla, blablabla. Manter o Líbano em banho-maria até resolver os problemas maiores. Blablabla significa nem guerra nem paz. Apenas medo e incertezas. Algo parecido na Jordânia…

Por fim na Síria. A solução será militar e se definirá no campo de batalha. O Exército Sírio recupera gradativamente os territórios “Fora-da-Lei” enquanto os curdos preparam seus territórios para a administração própria sob a bandeira síria, desafiando a Turquia. Todos estão se voltando contra Al-Qaeda até a “oposição mosaica” afinal o próximo passo é concentrar o pior dos terroristas para que o sujo trabalho de dizimá-los seja executado pela própria vítima, a única digna de ser chamada de Resistência.

Ainda estamos em pleno verão mediterrâneo e o calor fica para Agosto.

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