Turquia avisa Rússia e EUA: “não tolera” apoio a curdos sírios

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Mulheres curdas turcas caminham na cidade de Cizre, palco de conflitos entre o PKK e o exército turco. REUTERS/SERTAC KAYAR

“Foram dirigidas as necessárias advertências” aos embaixadores dos dois países.

A Turquia convocou na terça-feira os embaixadores dos Estados Unidos e da Rússia para os alertar contra qualquer ajuda aos combatentes curdos da Síria no âmbito das suas operações militares, referiu hoje fonte oficial turca.

As autoridades turcas “informaram [os embaixadores] da posição da Turquia em relação ao Partido da União Democrática [PYD, curdos da Síria]”, indicou à agência AFP um responsável do ministério dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que “lhes foram dirigidas as necessárias advertências”.

Ancara considera o PYD como um “partido irmão” do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que em 1984 iniciou uma rebelião armada nas regiões do sudeste da Turquia com maioria de população curda, em resposta à repressão das autoridades de Ancara.

“A Turquia não pode tolerar qualquer cooperação com organizações terroristas que lhe fazem guerra”, declarou hoje aos media locais o primeiro-ministro islamita-conservador Ahmet Davutoglu.

As milícias do PYD, apoiadas por combatentes do PKK e o apoio aéreo dos Estados Unidos, derrotaram os ‘jihadistas’ em janeiro na emblemática cidade síria curda de Kobane, e em junho expulsaram-nos de Tall Abyad, também junto à fronteira turca.

A Rússia entrou por sua vez no conflito sírio em apoio ao regime do Presidente Bashar al-Assad, e assegurou que as suas operações aéreas, à semelhança da coligação ocidental, têm como alvo privilegiado o grupo Estado Islâmico (EI).

No entanto, e nos últimos dias, os russos multiplicaram os seus ataques contra diversos movimentos rebeldes que combatem Damasco, incluindo o EI. Na semana passada, o enviado especial do Presidente russo Vladimir Putin para o Médio Oriente, Mikhail Bogdanov, reuniu-se com o chefe do PDY Salih Muslim, para discutir a cooperação no combate às forças ‘jihadistas’.

Davutoglu optou por sublinhar hoje as “ligações orgânicas” que unem o PYD e o PKK, considerado organização terrorista por Ancara, Washington e União Europeia (UE).

“À semelhança dos Estados Unidos e de outros países aliados que combatem os grupos filiados na Al-Qaida, a Turquia está determinada em combater o PKK e as suas filiais. Tal como os Estados Unidos e seus aliados não toleram as entregas de armas à Al-Qaeda e suas filiais, a Turquia não tolera as destinadas ao PKK e às suas filiais”, insistiu o chefe do Governo turco.

Publicado em Diário da Notícia

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