A Segunda Guerra mundial pode servir-nos de lição. Ela não caiu de um céu idílico. Não se tratou de uma luta dos Bons contra os Maus. Ela foi desencadeada precisamente por uma conjunção imprevista de forças capaz de destruir tudo.

Após a crise económica de 1929, o mundo inteiro estava convencido, com razão, que o capitalismo de então estava acabado. A União Soviética, por si só, propunha uma alternativa, o bolchevismo. Cedo os Estados Unidos imaginaram uma segunda, as reformas estruturais do New Deal, depois a Itália promoveu uma terceira solução, o fascismo. Os grandes capitalistas anglo-saxónicos optaram por apoiar um novo regime, próximo ao fascismo, o nazismo. Eles pensavam que a Alemanha atacaria a URSS, preservando assim os seus interesses ameaçados pelas colectivizações bolcheviques, bem como pelas reformas económicas nos EUA. No entanto, nada saiu como previsto uma vez que a Itália, a Alemanha e o Japão formaram o Eixo com a sua própria lógica e que a guerra não foi posta em marcha contra os Soviéticos, mas contra as grandes fortunas que a prepararam.

No imaginário colectivo, não se tem como responsáveis os grandes capitalistas anglo-saxónicos que apoiaram o nazismo no seu início. Pelo contrário, lembram-se os povos britânico e americano como tendo conseguido a vitória.

Desta experiência, deve-se reter que os planos mais elaborados podem escapar aos seus promotores. A paz foi ameaçada pela aliança entre três regimes muito diferentes entre si, o fascismo, o nazismo e o Hakkō ichiu. Esta união não foi prevista por qualquer dos especialistas em relações internacionais e outros geopolíticos da época. Todos, sem excepção, se enganaram.

Estas três ideologias tinham em comum a vontade de mudar a ordem mundial sem se preocupar com as consequências humanas dos seus actos. Isso não quer dizer que os seus adversários fossem democráticos e pacíficos, longe disso, mas apenas que se abstinham de exterminar povos inteiros.

Não confundamos o adversário. Devemos estar muito atentos não em relação a um tipo particular de regime político, mas a que Estados governados por homens capazes do pior jamais se possam unir. O perigo actual não é o fascismo, nem o nazismo, nem o Hakkō ichiu, três ideologias marcadas pelo seu tempo e que nada representam hoje. Aquilo de que nos devemos proteger prioritariamente é de uma aliança global entre ideologias capazes do pior.

Ora, é exactamente isso que está a ponto de advir : os responsáveis actuais do Departamento de Estado dos EUA, do governo de Kiev e os do próximo governo de Telavive não têm limites. A união dos « straussianos », dos « nacionalistas integralistas » ucranianos e dos « sionistas revisionistas » israelitas (israelenses-br) pode, sem quaisquer escrúpulos, mergulhar o mundo numa Terceira Guerra Mundial. Felizmente, a CIA não partilha as suas ideias, o governo de Kiev é contido pela intervenção militar russa e a coligação (coalizão-br) do Primeiro-Ministro israelita ainda não formou governo.

O Professor Leo Strauss (1899-1973). Embora tenha escrito muito sobre o Direito Natural e sobre a Filosofia judaica, nada deixou quanto às suas concepções políticas que reservava para alguns dos seus alunos. Inúmeros testemunhos dão-nos a conhecer o seu pensamento transmitido de forma « oral ».

Os « straussianos » norte-americanos

Este grupúsculo de uma centena de pessoas controla a política externa dos Estados Unidos, com destaque para o Secretário de Estado, Antony Blinken, a sua adjunta, Victoria Nuland, e o Conselheiro de Segurança Nacional, Jacob Sullivan.

Ele revê-se no pensamento do filósofo judeu Leo Strauss [1] para quem as democracias mostraram as suas fraquezas durante os anos 30. O único meio para garantir não vir a ser massacrado pelo próximo regime anti-semita é, pois, para os judeus, o de montar a sua própria ditadura; estar do lado do executor e não do da lâmina.

Os « straussianos » mostraram já do que são capazes ao organizar os atentados do 11 de Setembro e assim lançando várias guerras para destruir o «Médio-Oriente Alargado».

É incrível que, apesar das polémicas que dilaceraram a classe dirigente norte-americana sob a Administração de Bush Jr., a maior parte dos responsáveis políticos actuais ignore quem são os straussianos.

O poeta Dmytro Dontsov (1883-1973). Ele criou uma mitologia que insuflou milhões de Ucranianos a combater os Russos. Agente secreto do segundo e do terceiro Reich alemães, participou na supervisão do extermínio de judeus e ciganos na Europa enquanto administrador do Instituto Reinhard Heydrich, antes de acabar branqueado pelos Serviços Secretos anglo-saxónicos.

Os « nacionalistas integralistas » ucranianos

É um grupo que compreende centenas de milhar de pessoas, de milhões talvez. Teve a sua origem na Primeira Guerra Mundial, mas solidificou-se no período entre as duas guerras, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria [2].

Eles afirmam-se seguidores do poeta e criminoso contra a humanidade Dmytro Dontsov. Eles consideram-se como originários dos vikings varangianos prontos a travar a última batalha contra o Mal, quer dizer, segundo eles, contra a civilização russa.

A expressão « nacionalista integralista » não deve induzir-nos em erro. Ela foi escolhida por Dontsov em referência ao pensamento do Francês Charles Maurras. Dontsov jamais foi patriota, nem sequer nacionalista no sentido clássico do termo. Ele nunca defendeu o povo ucraniano, nem a terra ucraniana. Muito pelo contrário.

Desde 1919, os « nacionalistas integralistas » ucranianos mostraram do que são capazes. Eles assassinaram mais de 4 milhões dos seus concidadãos, entre os quais 1,6 milhões de judeus. Desde 2014, têm levado a cabo uma guerra civil que custou a vida a cerca de 20. 000 dos seus concidadãos. Em 1921, também amputaram a sua terra da Galícia e da Volínia para pagar antecipadamente o Exército polaco (polonês-br) contra a URSS.

Em 2000, eles fizeram aliança com os straussianos durante um grande congresso em Washington, onde o straussiano Paul Wolfowitz foi o convidado de honra.

É muito perigoso afirmar, como faz a OTAN, que os « nacionalistas integralistas » são marginais na Ucrânia. É claro, no espírito desta organização trata-se apenas de descredibilizar o discurso da Rússia e de tentar mobilizar em favor da Ucrânia. Mas, esta gente assassina hoje em dia, sem processo nem julgamento, os seus concidadãos que professam a cultura russa.

É particularmente perigoso participar no delírio dos « nacionalistas integralistas », como acaba de fazer o Bundestag ao aprovar uma resolução sobre o «Holodomor», quer dizer, o «genocídio pela fome». A fome dos anos 1932-33 não foi de forma alguma causada pelos Soviéticos, em geral, nem por Joseph Stalin em particular. Ela atingiu muitas outras regiões da URSS além da Ucrânia. Tratou-se de uma catástrofe climática. Além disso, na própria Ucrânia, não afectou as cidades, mas unicamente a zona rural porque os soviéticos decidiram gerir essa penúria alimentando os operários em vez dos camponeses. Dar crédito ao mito de um genocídio planeado é encorajar o ódio anti-russo, tal como antes os nazis encorajaram o ódio anti-judaico.

Vladimir Jabotinsky (1880- 1940), fundador da Legião judaica, depois da Irgun. Ele reclamava que Israel se estendesse sobre todo o território do mandato britânico, ou seja, ao mesmo tempo sobre o que é hoje o Estado de Israel, sobre os Territórios palestinianos e sobre o Reino da Jordânia.

Os « sionistas revisionistas » israelitas

Os « sionistas revisionistas » representam cerca de 2 milhões de Israelitas. Eles conseguiram constituir uma maioria parlamentar ao agregar várias formações políticas apoiando Benjamin Netanyahu.

Eles afirmam seguir o Ucraniano Vladimir Jabotinsky ; o homem que defendia que a Palestina é « Uma terra sem Povo, para um Povo sem terra ». Por outras palavras, os árabes palestinianos simplesmente não contam. Eles não deveriam ter direitos e deviam ser expulsos das suas casas.

Em Setembro de 1921, Jabotinsky urdiu uma aliança secreta com os anti-semitas « nacionalistas integralistas » ucranianos, o primeiro elo do Eixo em formação. Esta união levantou a indignação de toda a diáspora judaica e Jabotinsky foi expulso da Organização Sionista Mundial. Em Outubro de 1937, Jabotinsky teceu uma nova aliança com os anti-semitas do Marechal Rydz-Smigly, número 2 na Polónia a seguir a Józef Piłsudski. Ele foi de novo rejeitado pela diáspora judaica.

Logo no início da Segunda Guerra Mundial, Jabotinsky escolheu Bension Netanyahu, pai de Benjamin, como seu secretário particular.

É revoltante que, 75 anos após o estabelecimento do Estado de Israel, a maioria das pessoas continue a misturar opiniões diferentes, e muitas vezes opostas, baseando-se apenas no critério da religião sobre aqueles que as professam.

O « sionismo revisionista » é o oposto do sionismo de Nahum Goldman e do Congresso Judaico Mundial. Ele não se preocupa, de forma nenhuma, com o povo judeu e, portanto, não hesitou em formar aliança com forças armadas anti-semitas.

Os « sionistas revisionistas », entre os quais Menahem Begin e Ariel Sharon, mostraram do que são capazes com a Nakba; a expulsão forçada da maioria da população árabe da Palestina em 1948. É esse crime, cuja memória assombra tanto Árabes quanto Israelitas, que torna até hoje impossível a paz na Palestina.

Benjamin Netanyahu fez, em 2003, uma aliança com os straussianos durante um grande congresso à porta fechada em Jerusalém [3]. Logo após a eleição de Volodymyr Zelensky, de quem se tornou amigo pessoal, Netanyahu renovou também a aliança de Jabotinsky com os « nacionalistas integralistas ».

Ficou constituído o Eixo.

A ideologia comum do novo Eixo

Tal como o fascismo italiano, o nazismo alemão e o Hakkō ichiu japonês não têm grande relação entre si, os straussianos, os « nacionalistas integralistas » e os « sionistas revisionistas » pensam de maneira diferente e perseguem objectivos distintos. Apenas os nazis eram anti-semitas ao ponto de quererem matar todo um povo. Os fascistas desprezavam os judeus, mas não procuraram exterminá-los. Os Japoneses nunca assumiram esse ódio e até protegeram os judeus em casa e nos territórios que ocuparam. Da mesma maneira hoje em dia, se os « nacionalistas integralistas » são obsessivamente contra a cultura russa e desejam matar todos os Russos, homens, mulheres e crianças, os straussianos desprezam-nos sem, no entanto, os querer exterminar e os « sionistas revisionistas » visam outros objetivos.

Cada um destes três grupos isolado representa um perigo para populações específicas, mas os três em conjunto ameaçam toda a humanidade. Eles partilham um mesmo culto de violência e de poder. Eles mostraram que se podem lançar em guerras de extermínio. Os três consideram que a sua hora chegou. No entanto, não só têm de superar as suas oposições internas, como o seu Eixo é ainda incerto. Por exemplo, os straussianos acabam de avisar os « sionistas revisionistas » quanto a uma possível expansão dos colonatos judaicos nos territórios palestinianos.

Tradução
Alva