Territórios de terror

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Foto: AP- Militantes do EI

Por Vadim Fersovich

Costuma-se considerar que no mundo hoje existe um “estado” terrorista. Na verdade, eles já são vários. E todos eles são igualmente perigosos e cruéis.

Atualmente, uma luta eficaz para eliminar “territórios de terror” está sendo conduzida, talvez, apenas no Iraque e na Síria contra o Estado Islâmico. Nela estão participando muitos países, militares com uma sólida motivação para vencer, estão sendo usados os armamentos e equipamentos mais modernos. Como resultado, já foram recuperadas áreas estratégicas, destruídos muitos funcionários e comandantes de campo. No entanto, os terroristas conseguiram capturar grandes áreas, e mesmo aqui serão necessários mais alguns anos para uma derrota final desse “califado”.

Em 16 de dezembro aconteceu um terrível atentado terrorista numa escola em Peshawar. Ele matou mais de 140 pessoas, incluindo 133 crianças, e lembrou ao mundo de outro ninho de terrorismo. Militantes suicidas do grupo Tehrik-i-Taliban Pakistan (Movimento Talibã do Paquistão, ou TTP) atacavam o exército paquistanês em vingança pela operação militar para assumir o controle da parte sempre rebelde do Paquistão, o Waziristão do Norte. Lá, ainda em fevereiro de 2006, foi declarada a independência e a criação do “Emirado Islâmico do Waziristão”. De fato, um “estado” de talibãs paquistaneses e afegãos.

Esses últimos condenaram o atentado terrorista em Peshawar, mas não deixaram de mencionar o seu nome oficial: “Emirado Islâmico do Afeganistão”. Muito antes do EI no Iraque, durante cinco anos aqui já existia um “emirado”, onde encontravam abrigo terroristas de todo o mundo. E ainda falta muito até o fim da guerra com este “emirado”: mil e quinhentos talibãs estão atualmente lutando pelo controle da província afegã de Kunar.

Sem equipamentos modernos, que a coalizão ocidental levou consigo ao partir, sem coordenação de ações com os militares paquistaneses, e com um terreno difícil, tão pouco podemos contar com uma vitória rápida aqui. Os dois “emirados”, ao que parece, ainda durante muito tempo vão continuar a aterrorizar os povos sofredores desses países.

Na África, os grupos que procuram se tornar estados, têm tido sorte diferente. O grupo Boko Haram quer criar um “califado” na maior parte do Nordeste da Nigéria e partes de Camarões, Chade e Níger. O exército nigeriano está agindo contra os militantes tão mal que as autoridades locais estão apelando às pessoas para defenderem a si e suas aldeias por conta própria.

Eles poderiam ser ajudados, como no Iraque, por exemplo, pelos Estados Unidos. Na África eles têm o seu próprio grupo de soldados, o AFRICOM. O comando afirma que seu propósito é manter a estabilidade. Mas, por algum motivo, eles ensinam mal os exércitos locais, e quase não lhes ajudam em apuros. O embaixador da Nigéria em Washington recentemente até mesmo lamentou: “É difícil para nós entender como e porquê, apesar da presença (militar) dos Estados Unidos com o seu equipamento militar sofisticado na Nigéria, a Boko Haram consegue expandir sua zona de influência e tornar-se mais perigosa”.

A zona de influência do grupo somali Al-Shabaab está sendo constantemente diminuída pelas forças dos governos do Quênia e da Somália. Em seu tempo ele controlava grandes áreas do país e buscava capturar toda a Somália. E agora está retirando-se para áreas remotas. Mas aqui já está surgindo um problema que inevitavelmente terão que enfrentar também após a derrota do EI. Al-Shabaab está se escondendo na clandestinidade de lá está aplicando golpes terríveis já no território do Quênia.

“Todos veem e ouvem os campos de treinamento”, diz o chefe de uma tribo da vizinhança da cidade líbia de Derna. Os primeiros militantes do EI apareceram aqui ainda em abril. Segundo o chefe, um considerável número de militantes do EI de muitas nacionalidades vieram à Líbia pelo mar. “Agora eles não se escondem e passeiam, desfrutando, pela cidade”. Mas o comandante do AFRICOM por enquanto não vê qualquer ameaça por parte deles. Em suas palavras, mesmo se militantes do EI estão na Líbia, é só para demonstrar a sua presença.

A maneira como tais grupos demonstram a sua presença é ilustrada pelo atentado terrorista em Peshawar. E ele não por ele. Em 28 de novembro, militantes do Boko Haram atacaram a Grande Mesquita na cidade de Kano. 120 mortos, 270 feridos. Duas mulheres-bomba se explodiram no bazar – mataram 21 pessoa. Uma explosão numa estação de ônibus – 40 mortes. No início deste mês, no Quênia, militantes do Al-Shabaab mataram 36 pessoas.

Como mostrou o tempo, cada nova geração de anarquistas fanáticos demonstra uma maior violência e imprevisibilidade. A fim de não deixar crescer a próxima, é necessário, no verdadeiro sentido da palavra, privá-la de solo. O mais rápido o possível, e não só no Iraque.

http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_12_27/Territ-rios-de-terror-9055/

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