Síria: No meio do caos e da guerra civil,resiste uma seleção invencível

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por Rui Marques Simões

Omar Khribin (esq) fez dois golos no 6-0 ao Camboja, mas a figura da equipa é outro goleador: Sanharib Malki, do Kasimpasa (Turquia).

Omar Khribin (esq) fez dois golos no 6-0 ao Camboja, mas a figura da equipa é outro goleador: Sanharib Malki, do Kasimpasa (Turquia). Fotografia © Reuters

Futebol. Síria segue 100% vitoriosa na qualificação para o Rússia 2018, algo que não surpreende Rui Almeida, antigo selecionador dos sub-23.

Na Síria, a guerra civil entre defensores do presidente Bashar al-Assad, forças rebeldes e o auto-intitulado Estado Islâmico já destruiu quase todas as bases da sociedade. Mas o futebol resiste. E, apesar das dificuldades (e de estar obrigada a jogar em campo neutro), a seleção nacional é o maior exemplo dessa resistência: segue 100% vitoriosa no Grupo E da 2.ª fase de qualificação asiática para o Mundial 2018 e hoje recebe o super-favorito Japão, em Omã (às 14:00 de Portugal).

O futebol sírio vai resistindo a tudo – até à debandada geral da população, que foge do caos instalado no país. Partem atletas, como Mohammed Jaddou, estrela da seleção sub-17 (recém-apurada para o Mundial, que começa dia 17, no Chile), que se refugiou na Alemanha. E treinadores, como Osama Abdul Mohsen, convidado a ir trabalhar para um clube dos arredores de Madrid, após terem corrido mundo as suas imagens a ser agredido por uma jornalista húngara. Mas o campeonato prossegue, jogado a espaços, entre Damasco e Latakia (cidades sob o controlo do homens de Assad). E a seleção continua em alta, no 1.º lugar do Grupo E, com nove pontos (dois de vantagem sobre o Japão).

O mundo do futebol espanta-se com o desempenho dos sírios, que foram golear ao Afeganistão (0-6) e ao Camboja (0-6) e venceram Singapura (1-0), em casa emprestada (campo neutro, em Omã), nos seus primeiros passos na fase de qualificação para o Rússia 2018. Porém, isso não surpreende Rui Almeida, que dirigiu a seleção olímpica da Síria, entre 2010 e 2012. “Há três factores importantes para estes resultados: os melhores futebolistas do país estão a jogar fora da Síria, noutras ligas profissionais da região; todos devem estar a tentar superar-se, para dar uma alegria ao povo, que vive uma situação muito difícil; e, além do mais, são atletas de nível elevado, com uma robustez física e uma qualidade técnica, que os aproximam dos do Iraque ou do Irão”, descreve, ao DN.

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