Síria: Carta ao Conselho de Segurança da ONU

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Ao Conselho de Segurança das Nações Unidas

01/05/2015

Duas cartas de igual teor, datadas em 28 de abril de 2015, dirigidas ao Secretário Geral e à Presidente do Conselho de Segurança pelo Representante da Missão Permanente da República Árabe da Síria junto às Nações Unidas.

Em aditamento à nossa carta, dirigida a Vossa Senhoria, sobre o envolvimento direto e ilegal do Governo da Turquia no fornecimento de apoio aos grupos terroristas e suas atividades criminosas e que tem como alvo a segurança e a estabilidade da Síria, gostaria de levar ao Vosso conhecimento informações gravíssimas sobre o apoio claro e direto, por parte do Governo da Turquia, que permitiu a infiltração de efetivos de terroristas na cidade de Idleb, no início do mês de abril, e na cidade de Jisr Al Shoghor e na cidade de Ishtabraq há cerca de dois dias.

Os grupos terroristas armados, incluindo o “Jabhat Al Nusra” para o qual o governo turco forneceu armas e treinamento, perpetraram um massacre, há cerca de dois dias, contra a cidade de Ishtabraq, localizada nos arredores de Jisr Al Shoghor, quando os terroristas massacraram cerca de 200 civis, mulheres e crianças em sua maioria, e deixaram seus corpos jogados, ao relento, na zona rural. Isso não somente mostra a selvageria do Jabhat Al Nusra, mas também a selvageria de quem o apoia entre as autoridades turcas, sauditas e qataris. O Governo da República Árabe da Síria encaminhará informações sobre estas vítimas civis inocentes ao Conselho de Segurança.

Oficiais ligados ao serviço de inteligência da Turquia, baseados num centro avançado, construído na fronteira entre a Turquia e a Síria, com o apoio da Arábia Saudita e do Qatar, administraram e ofereceram apoio logístico e militar para que cinco mil terroristas estrangeiros, a maioria deles ligados ao grupo terrorista Jabhat Al Nusra, inserido na lista do Conselho de Segurança como organização terrorista, se infiltrassem nos territórios sírios e invadissem a cidade de Jisr Al Shoghor – após um bombardeio com foguetes que durou por vários dias – invadindo a segurança de seus casas, matarando famílias inteiras e provocando um movimento de deslocamento de milhares de civis indefesos, que foram obrigados a deixar seus lares e suas terras.O governo turco forneceu e continua fornecendo armas, financiamento e treinamento à milhares de terroristas com o objetivo de destruir a cidade de Aleppo e expulsar seus filhos, para ocupar a cidade de Idleb e, antes dela, a cidade de Kassab, incluindo a matança de centenas de sírios, a mutilação de seus cadáveres e a degola de um número razoável deles. Não há dúvidas de que se trata de crimes de guerra, fato que exige a punição das partes e países envolvidos, que praticam ou financiam ou incitam tais atos.

Os ataques dos grupos terroristas armados que tiveram como alvo, recentemente, a cidade de Jisr Al Shoghor e a cidade de Ishtabraq, e antes delas as cidades de Idleb, Kassab e Aleppo, e que foram perpetrados com o apoio logístico e bélico intenso por parte do exército turco, são uma ofensiva turca direta contra a Síria, assim como são uma prova clara e reiterada do declarado envolvimento do Governo da Turquia e suas instituições políticas, militares e de segurança no apoio ao terrorismo e nas ofensivas perpetradas contra a soberania de um estado-membro das Nações Unidas, configurando uma violação flagrante à Carta das Nações Unidas e às Resoluções do Conselho de Segurança sobre o combate ao terrorismo.

O Governo da República Árabe da Síria exige do Conselho de Segurança, com base no mandato que lhe foi confiado, que seja dado um basta a esta ofensiva turca contra a República Árabe da Síria e a punição dos agressores e seus apoiadores por considera-los uma ameaça à segurança e à paz regional e internacional. A Síria exige, ainda, que sejam adotadas as medidas impeditivas e imediatas contra o Governo turco pela agressão perpetrada contra a Síria, que violam as resoluções do Conselho de Segurança sobre o combate ao terrorismo, especialmente as resoluções números 2170 (2014), 2178 (2014) e 2199 (2015).

Peço, gentilmente, a circulação desta carta por ser caracterizada como um documento oficial do Conselho de Segurança.

Assinatura:Bashar Al Jaafari

Embaixador Representante Permanente

Tradução: Jihan Arar

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