Síria – Apostando no caos?

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Mais uma vez Damasco foi bombardeada pela força aérea da AL Qaeda (quer dizer, de Israel), enquanto mantem a sua luta contra uma vasta coligação de terroristas que arrastam o país a mais de meia década de conflito. A virada no equilíbrio de forças, combinado a frustração dos planos de uma zona de exclusão aérea como na Líbia em 2011, faz com que as forças imperialistas desentendam-se sobre os próximos passos.

Diego Sedov

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Essa contradição nos faz enxergar com grande angústia as ações do regime sionista que apostou alto no acordo com os EUA de que “Assad iria sair”. O presidente sírio não apenas não caiu, como tem conseguido manter a conexão que liga Teerã até o sul do Líbano, além do fortalecimento e do incremento militar do Hamas em Gaza.

As permanentes investidas de Israel em território sírio aproveitam-se da desordem provocada pelo conflito sírio para sabotar a luta do país contra o terrorismo patrocinado pelo ocidente, bem como tentar restringir a capacidade e o incremento militar do Hezbollah libanês. Os serviços de inteligência do regime de Israel sabem que este será o único momento possível para continuar a sua política de violência contra os seus vizinhos.

As últimas incursões sionistas em territórios palestino e libanês demonstraram a capacidade de reação dos grupos de resistência diante da força dos israelenses. Em 2006 a campanha militar da entidade Sionista durou 33 dias no sul do Líbano, enquanto que em Gaza em 2009 durou 22 dias, e a última empreitada, também em Gaza em 2012, não durou mais que 8 dias, além de uma saída apressada e bastante assustada. O que se viu foi um aprofundamento da estratégia de conflitos assimétricos, além de um aumento da capacidade defensiva e o novo poderio militar, de Hamas e Hezbollah, com mísseis capazes de percorrer mais de 120km, ou seja, podendo cobrir todo território israelense.

Netanyahu anda muito preocupado, porquê parece informado pelos serviços de inteligência que uma nova aventura militar em territórios vizinhos pode estar fadada a uma vergonhosa derrota. Em outras palavras, se o Sionismo intencionalmente provocou conflitos com os seus vizinhos durante seis décadas, dessa vez os ataques israelenses podem representar, além do mais absoluto oportunismo e aposta no caos, um confronto muito caro. Em outras palavras, uma derrota no campo militar pode custar a cabeça do governo.

A relação e aliança de Teerã com chineses e russos a partir do conflito sírio abriu uma excelente perspectiva de câmbios de aparato militar que recoloca um equilíbrio de forças na região. Os sistemas de defesa antiaéreo s300 e s400, uma das últimas grandes modernizações do exército russo, começaram a ser instalados na Síria para prevenir ataques do tipo que os EUA lançaram mão em abril deste ano, e assim vedar o espaço aéreo do país.

Isso fez com que Tel Aviv abrisse um canal de diálogo direto com Moscou no sentido de que Putin garantisse que essas armas não chegariam ao Hezbollah (fonte). É claro que a garantia dos russos aos israelenses sobre o fornecimento deste tipo de equipamento deu a Moscou uma carta a mais nas negociações regionais para ser utilizada no momento certo. Até então, não está claro se Moscou utilizou esse trunfo na relação bilateral com Israel.

Seja como for, há um claro prenuncio de mudanças na região. Por fim, o fim da guerra na Síria é um passo adiante para as negociações de um Estado Palestino.

Twitter: @Sedov13

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