Síria – A vitória em Palmyra muda a narrativa 1

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Castelo de Palmira (no fundo da foto)
Traduzido por Vila Vudu

A libertação de Palmyra é ponto de virada decisivo na guerra contra a Síria. Por mais que o Exército Árabe Sírio e aliados tenham colhido outros sucessos militares, o valor publicitário de retomar e voltar a proteger as preciosas ruínas romanas de Palmyra é muito superior que o que qualquer outra vitória. E mudará algumas das falsas narrativas do conflito.

O governo sírio já não é “o regime Assad” e o Exército Árabe Sírio já não é “forças de Assad”. Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU, parabenizou  o governo sírio, pelo seu sucesso:
Em conferência de imprensa na Jordânia, Ban disse que se sentia “encorajado”, depois que o sítio declarado pela Unesco “Patrimônio da Humanidade” foi libertado de mãos terroristas e que o governo sírio “pode agora preservar e proteger esse valioso tesouro de nosso patrimônio cultural comum”.
Parte importante da libertação de Palmyra foi o equipamento russo de guerra eletrônica usado para interferir nos sinais eletromagnéticos na área em torno de Palmyra. O Exército Islâmico plantara incontáveis artefatos explosivos nas ruínas, mas não pôde detoná-los por controle remoto.

O mito de que os governos sírio e russo estariam mancomunados com o Estado Islâmico, repetido por vários propagandistas e pelos governos britânico e dos EUA, é falso, o que afinal está comprovado. Mas ainda há mentiras que continuam a ser repetidas:
Nas celebrações, ninguém se lembrou de discutir como Palmyra caiu. Quando o Estado Islâmico capturou a cidade em maio, os militantes encontraram pequena resistência pelas tropas sírias. Naquele momento, moradores disseram que oficiais e suboficiais fugiram para pomares nos arredores da cidade, deixando recrutas e moradores, sozinhos, para enfrentar os militantes.
Perfeita e completa mentira. Completo nonsense. A ofensiva do Estado Islâmico até a ocupação de Palmyra durou 13 dias, de 13/5 a 26/5. Houve combates ferozes e várias contraofensivas sírias aconteceram naqueles dias. Depois que o Estado Islâmico afinal tomou a cidade, o exército sírio imediatamente preparou-se para operação maior, para retomar a cidade. Essa primeira operação para retomada foi lançada em julho de 2015 e foi bem-sucedida. Mas, por falta de apoio aéreo, os avanços foram perdidos uma semana depois.

Ao longo de todos os combates de 2015 na disputa por Palmyra, a força aérea dos EUA, que dizia estar combatendo contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, absolutamente não teve qualquer ação. O ISIS continuou a ser livremente rearmado e reabastecido no deserto aberto no leste da Síria.

A única razão pela qual o Estado Islâmico conseguiu sucesso em seu assalto contra Palmyra foi um ataque de grandes proporções, lançado contra o Exército Árabe Sírio, por jihadistas da al-Qaeda e forças formadas por mercenários da CIA no governorado de Idleb. O Exército Árabe Sírio deslocou tropas de Palmyra para defender Idleb e Latakia e as forças que permaneceram em Palmyra deixaram de ser suficientes para repelir o ataque do Estado Islâmico.

O ataque contra Idleb, para o qual a CIA autorizou suas forças ‘à distância’ a cooperar diretamente com a al-Qaeda, foi apoiado por armas eletrônicas da Turquia, que interromperam a comunicação entre os militares sírios.

Esse ataque, e a óbvia cooperação entre jihadistas, governo da Turquia e serviços secretos dos EUA, foi a razão que levou Rússia e Irã a decidirem intervir militarmente, com suas próprias forças, no conflito sírio. Aquela ‘cooperação’ ultrapassava a linha vermelha determinada por russos e iranianos.

A partir daí, o que se viu foi o aumento das ações de todos os “rebeldes”, que puseram sob perigo imediato o governo sírio. Depois que a Turquia derrubou um jato russo, todas as forças “rebeldes” apoiadas pela Turquia tornaram-se alvos prioritários. Quando já estava estabelecido o sucesso em larga escala em Latakia e em torno de Aleppo, a Rússia impôs um cessar-fogo às forças apoiadas pelos EUA e ao governo sírio. Esse cessar-fogo deixou disponíveis as forças sírias, iranianas e russas necessárias para retomar Palmyra. Dali em diante, o ataque avançará para o leste, para Deir Ezzor e depois para Raqqa.

A vitória dos sírios e aliados em Palmyra foi a maior derrota imposta até aqui ao Estado Islâmico. E gera um problema para o governo Obama:
Washington dedicou-se muito empenhadamente em pintar a luta contra o Estado Islâmico como se fosse projeto dos EUA e aliados, ao mesmo tempo em que acusava Moscou de estar atacando rebeldes “moderados”, não os extremistas.  Palmyra parece impor outra narrativa.
Congratulações, embora algumas ainda muito carregadas de expressões da retórica anti-Assad, começam a chegar dos cantos mais inesperados, como do conservador prefeito de Londres:
Não posso esconder meu entusiasmo ante as notícias que chegam de Palmyra, e dizem que o exército sírio está genuinamente de volta ao pleno controle sobre todo o sítio da Unesco.

Pode ainda haver minas nas ruínas, mas os terroristas afinal estão em fuga. Hurra! Bravo! – e sigam avançando.
Concordo plenamente.

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Um comentário sobre “Síria – A vitória em Palmyra muda a narrativa

  1. Responder MAURO HENRIQUE mar 29,2016 11:06

    Showwwww. Viva Síria, Russia e Iran.

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