Por Yuri Mavashev
Foto: livemaster.ru
Conforme se apurou, na semana passada, a uma série de consulados dos países-membros da coalizão anti-islamita em Istambul, chegaram cartas contendo um pó amarelo. Se trata das representações diplomáticas da Bélgica, Alemanha, Canadá, EUA e França. Na segunda-feira, uma carta análoga foi recebida pelo consulado da Hungria.
Como se verificou mais tarde, as cartas não continham substâncias perigosas. Peritos não afastam hipótese de uma provocação orquestrada pelo Estado Islâmico (EI).
Neste contexto, se colocam as seguintes perguntas: quem organizou a provocação e o que poderia significar tal ação?
Em declarações prestadas à Voz da Rússia, o chefe da Seção do Cáucaso do Instituto da CEI, Vladimir Evseev, realçou:
“Tenho a certeza que o envio do pó amarelo comprova o fato do EI ser capaz de realizar ações que possam suscitar uma profunda ressonância política, motivo pelo qual seus militantes não devem ser vistos como meros fanáticos”.
Peritos militares acentuam que as operações do EI estão sendo realizadas de forma profissional e competente. Dai se pode supor que os outros componentes do EI, responsáveis pela luta informativa, sejam bem sábios e qualificados.
As cartas com o pó amarelo são uma clara mensagem enviada aos membros da coalizão ocidental, dando a entender que o EI irá utilizar um vasto leque de meios ao seu alcance.
Não acho que essa mensagem teria sido endereçada à Turquia, visto que Ancara tem mantido um posicionamento moderado, sem empregar a artilharia e a aviação”.
O mestre de ciências históricas e perito, Alexander Sotnichenko, questionado a respeito pela Voz da Rússia, comentou:
“Creio que se trata de um sinal sério e notável de a Turquia estar sendo afetada por processos de globalização. Tal método de luta política como o envio de envelopes com o pó já havia sido utilizado nos EUA. Naquela altura, ninguém tinha assumido a responsabilidade pelo envio.
Em todo o caso, a medida empreendida pelo EI é um aviso aos países-membros da coalizão de que a vida de seus diplomatas estaria ameaçada. Se, desta vez, foi possível enviar cartas com um pó não perigoso, será possível, no futuro, realizar atentados terroristas desse gênero.
De qualquer modo, a Turquia não está na mira de terroristas. Pois a política atual de Ancara não cria obstáculos para as ações do EI. A Turquia não só se distância da situação na Síria e no Iraque, mas até na imprensa dirige poucas palavras de repreensão ou críticas ao Estado Islâmico.