Edward Said: seus desdobramentos no Ocidente

Share Button

A pesquisadora de cultura árabe Luciana Garcia apresentará uma palestra sobre o escritor palestino Edward Said, autor do livro Orientalismo.

Um dos intelectuais mais importantes e completos da história, Edward Said, inovou toda a sua produção bibliográfica e suas atividades acadêmicas de acordo com a sua singularidade. Said nasceu em Jerusalém (1935) e, diante da fundação do Estado de Israel migrou para o Egito onde estudou nas melhores escolas inglesas, e para os Estados Unidos, mais tarde onde ingressou na Universidade de Havard e seguiu uma vasta carreira acadêmica, tendo a oportunidade de lecionar nas instituições mais tradicionais do país. O seu livro mais famoso, Orientalismo (1979), publicado nos Estados Unidos e traduzido para cerca de 36 idiomas,  influenciou uma corrente importante de estudos e pesquisas pós-coloniais nos Estados Unidos e no mundo.

Eduard_Said

 Eduard Said jogando pedra em um posto militar de Israel no portal de Fátima em Kfarkala no sul do Líbano após a retirada das forças de Israel por operações da resistência libanesa em 2000

Toda sua mobilidade contribuiu para que Said fosse considerado um intelectual de “lugar indefinido”, de “múltiplas identidades” e, ao mesmo tempo de “nenhuma identidade”, impressões reveladas em todas as suas obras, mas com mais intensidade em Fora do Lugar. É comum e bastante perceptível o uso da primeira pessoa do plural em seus textos.

Além da questão da crise de identidade, Said é um grande defensor da causa palestina, desde 1967 e suas reflexões também se espalham por toda a sua obra, sobretudo em A questão da Palestina. Tal direcionamento, acarretou para que Said também fosse odiado por muitos compatriotas americanos, conservadores e sionistas. Nos Estados Unidos, sofreu algumas retaliações, já teve o seu escritório incendiado e ele e a sua família já receberam inúmeras ameaças de morte e uma intensa campanha para que a Universidade de Columbia o demitisse.

Muito embora assumisse uma postura militante da questão da Palestina, Said manteve uma postura contrária ao terrorismo, defendeu posições estritamente laicas e antifundamentalistas. Sobre essas convicções, também foi muito criticado por alguns intelectuais árabes.

Como professor e literário, desconfia da linguagem quando o assunto é referente ao conflito israelo-palestino. Ao redigir especificamente sobre esse assunto, propõe o abandono de palavras consideradas por ele desgastadas como “diálogo” e “paz”, em seus lugares sugere a substituição por “coexistência”, “igualdade”, “autodeterminação”, “cidadania” e “direitos”.

A pesquisadora de cultura árabe Luciana Garcia apresentará uma palestra sobre o escritor palestino Edward Said, autor do livro Orientalismo, Quinta-feira, dia 06/06/13, das 19h30 às 21hCentro Cultural São Paulo (Sala de Debates), Rua Vergueiro, n. 1.000, próximo à estação do metrô

Share Button

Deixar um comentário

  

  

  

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.