“O ISIS é uma operação encoberta dos EUA”

Share Button
por Kemal Okuyan

John McCain.Será o ISIS (ou Estado Islâmico) um projecto dos EUA fora de controle?

Testemunhamos antes como organizações que foram criadas pelas forças armadas, agências de inteligência e fundos dos EUA foram declaradas “inimigas”. Algumas destas organizações estavam num Estado, o que as tornava insensíveis aos ditames do imperialismo estado-unidense e algumas delas não podiam aceitar terem sido postas de lado pelos EUA como obsoletas. Houve casos em que elas foram postas na lista do terror bem como casos em que foram realmente identificadas como ameaças…
O ISIS não é nada disso. O ISIS não está fora de controle. Podemos tranquilamente dizer que o ISIS, com o seu novo nome de Estado Islâmico, tem estado a actuar maravilhosamente para os interesses dos EUA.

Se ambos os lados nas conversações que estão a decorrer e a avançar entre o Irão e os EUA podem conseguir não classificar-se mutuamente como “inimigos” e estão à procura de caminhos para colaborar na ruptura do ISIS, se a administração Obama é capaz de por na linha o renovado regime mullah em Teerão que está a tentar formar uma “estratégia”…

Se, no tempo em que a distinção entre o “Islão moderado” e o “radical” era confusa, o ISIS, tendo ascendido com uma violência que destruía a relação entre islão político e “fanatismo armado”, faz toda gente esquecer a escala de avanços reaccionários numa área geográfica muito vasta…

Se o ISIS, o qual diz “estou aqui” não apenas em Estados árabes como também na Turquia e mesmo em Estados europeus, pode ajudar a reconstruir a “percepção pública de uma ameaça comum” a qual é a cola para a aliança ocidental…

Se, pela primeira vez, uma aliança conduzida pelos EUA pode tornar-se tanto legítima, como eficaz e mesmo amistosa como esta, se o ianque pode posicionar-se como um verdadeiro libertador…

Se o ISIS está a criar a oportunidade perfeita para fazer com que toda a gene esqueça o fracasso na Síria e os meios para arrebanhar toda a gente para as mudanças políticas exigidas por este fracasso, se ele ajuda a esconder os crimes de guerra cometidos por Obama e outros na Síria…

Se o ISIS pode mudar todos os equilíbrios no Iraque de um dia para outro a fim de [declarar] “o Iraque não pode tornar-se um país estável, não existe um tal país” e preparar o terreno para a divisão do Iraque…

Se a capacidade de vários grupos curdos para “actuarem em conjunto” está a aumentar graças ao ISIS e se a autoridade da liderança curda no Norte do Iraque consolida-se apesar da “falta de espinha” exibida nos primeiros dias… (Temos muitas razões para afirmar que as forças de Barzani não se mexeram contra o ISIS de imediato porque isso foi uma preferência dos EUA)…

O que mais o Tio Sam podia esperar de uma força armada por ele criada!

O mundo árabe já não acha bizarra a seguinte situação: Peshmergas treinados pelos EUA e assassinos do ISIS atacar-se-ão um ao outro com armas estado-unidenses e bombas americanas lançadas de aviões aterrarão num dos lados.

O ISIS criou a energia necessária para a revisão do plano da grande transformação que fora iniciada com a “Primavera Árabe” mas então chocou-se contra a parede na Síria. A violência demonstrada é tão pavorosa que ninguém quer declarar abertamente o papel dos EUA na mesma. A humanidade está unida contra a barbárie e a declaração “Socialismo ou barbárie”, que não havia perdido o seu poder durante décadas, está agora vaporizada ao confrontar-se com a tragédia de milhares de torturados, decapitados, queimados vivos.

União contra a barbárie! União com os EUA!

Será crível que aceitemos isto?

O facto de que foram os Estados Unidos que dirigiram o ISIS está a ser posto de lado com a etiqueta de “teoria da conspiração” e ainda supõem que toleremos isto?

Estaremos nós a ficar temerosos de passar frente à trivialidade de “os EUA estavam a apoiá-los mas agora eles estão fora de controle”?

O ISIS é uma operação encoberta dos EUA. É uma operação nova e melhor planeada do que o ataque do 11 de Setembro. É o resultado da estratégia do “caos criativo”.

Precisamos evitar a estreiteza de dizer “Não há probabilidade de êxito, os EUA têm estado a cair, nenhum dos seus planos está a ter êxito”. Não esqueçamos: o maior plano das forças imperialistas é a sustentação da ordem existente, não pode haver qualquer plano-projecto que vá para além disto, que possa substituir isto.

A aliança com o imperialismo contra forças reaccionárias e a aliança com forças reaccionárias contra o imperialismo têm de ser severamente condenadas. Uma das ramificações disto nos assuntos internos é a libertação do secularismo das conexões ao mercado. Se Erdogan hoje ainda pode lançar ameaças, a razão por trás disto não é a falta de uma frente ampla contra ele. É, sim, por causa das posições anti-Erdogan sem princípios e sem espinha que levam a que ele não seja realmente investigado.

Publicado por Resistir em 25/08/2014

Share Button

Deixar um comentário

  

  

  

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.