No Iêmen, oposição Houthi anuncia golpe e dissolve Parlamento

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Ópera Mundi | São Paulo – 06/02/2015 – 16h50

Vácuo de poder com renúncia de presidente há 15 dias abriu portas para grupo xiita que reivindicava participação política no país predominantemente sunita

A oposição xiita representada pelo movimento Houthi anunciou nesta sexta-feira (06/02) a dissolução do Parlamento do Iêmen e a formação de um Conselho Presidencial para administrar o país interinamente por dois anos. O golpe vem em meio a um vácuo de poder no Executivo do país desde a renúncia do presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, há pouco mais de duas semanas.

Efe

Vista de assistentes para uma reunião organizada pelos houthis para debater formação de novo governo no país

A renúncia de Hadi aconteceu no dia 22 de janeiro, horas após o anúncio de que o primeiro-ministro iemita, Khaled Bahah, deixaria o cargo. De acordo com o mandatário, o país predominantemente sunita está “em um beco sem saída” depois que o grupo xiita Houthi investiu contra o palácio presidencial e chegou a confinar o então chefe de Estado em sua própria residência para se firmar no controle do país.

O ex-presidente iemenita também disse se sentir “humilhado” desde que assumiu o Executivo em 25 de fevereiro de 2012, após a renúncia do antecessor, Ali Abdullah Saleh, influenciada pelos protestos populares de 2011. A presidência estava sendo ocupada pelo presidente do Parlamento, Yahia al Raie, já que não existe um vice-presidente no Iêmen.

Com o anúncio de hoje, a oposição xiita afirmou que o passo tem o objetivo de “encher o vazio de poder” causado pela renúncia de Hadi e pelo fracasso das forças políticas em conseguir um acordo para a formação de um Conselho Presidencial.

Os houthis, que pegaram em armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010, sequestraram no mês passado o chefe de gabinete da presidência, Ahmed Awad Mubarak. Nos últimos meses, o grupo tomou o controle de 7 das 17 províncias do Iêmen, incluindo a capital, Sanaa, onde os níveis de tensão aumentaram nas últimas semanas com o ataque às sedes presidenciais.

Há meses, o movimento xiita  apoiado pelo Irã reivindica uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades em setembro de 2014. Além disso, a filial local da sunita Al Qaeda tem reagido à ascensão dos houthis, atacando suas forças, assim como alvos governamentais e militares, deixando o país em situação caótica.

Efe

Grupo de homens simpatizantes aos houthis levantam suas armas e se concentram na capital, Sanaa

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