Missão para os serviços russos de segurança

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The Saker, Vineyard of the Saker.

Hoje, quero partilhar com vocês os meus muitos medos de um ataque terrorista ou de alguma ‘acidente’, seja de que tipo for, em Socchi.

O que mais me assusta é que a lista de potenciais ‘patrocinadores’ de eventos dessa natureza é muito longa: os sauditas, é claro, e suas ameaças explícitas; mas também toda a anglosfera e seus agentes terceirizados da al-Qaeda e respectivos afiliados em todo o planeta. Menos provável, mas também possível, é algum tipo de atentado pelos extremistas ucranianos (que combateram contra a Rússia na Chechênia, na Geórgia e até na Síria).

Mas a principal ameaça vem, me parece, da anglosfera, cuja rede privada de imprensa-empresa não pára de repetir a mensagem de que “a reputação de Putin está em jogo em Socchi”, ou que “a Rússia tenta autovender-se durante os Jogos como país atraente para investidores”. As duas ideias, aliás, estão hiperinfladas e já quase sem nenhum contato com os fatos.

É claro que, como qualquer chefe de Estado, Putin empenhou muito esforço na preparação desses Jogos; e, claro, a Rússia espera que sejam um grande sucesso. Mas ninguém na Rússia vê esses jogos como alguma espécie de teste-limite do prestígio nacional. Nem por isso a imprensa-empresa privada suspende sequer por um minuto a ‘notícia’ de que, sim, todo o mundo pensa que a reputação de Putin está(ria) em jogo.

A insistência me faz pensar se não estará em preparação algum tipo de ‘fracasso dos russos’; ou algum ‘evento’ que finalmente dê ao Ocidente a oportunidade de gozar com qualquer tragédia em Socchi, pela qual, é claro, a culpa será imediatamente atribuída ao Kremlin.

Acham que estou exagerando? Não, não exagero.

Relembrem só a quantidade de gozo ante a desgraça alheia que se vê na imprensa-empresa privada na anglosfera, sempre que alguma desgraça se abate sobre a Rússia, sobretudo se é desgraça pela qual o Kremlin possa ser acusado. Das várias crises com reféns (hospital de Buddennosvsk, Nord-Ost, Beslan), ao naufrágio (ainda não explicado) do Kursk, à guerra de 8/8/1988 com a Geórgia. Em todas essas ocasiões a imprensa-empresa privada da anglosfera festejou amplamente o momento de exibir ao mundo a imagem do “urso russo” ferido e em sofrimento.

Assim sendo, e considerando as muitas humilhações que a anglosfera padeceu em anos recentes, como joguete nas mãos do odiado Putin, temo, sim, realmente, que algo aconteça em Socchi.

A boa notícia é que o atual governo russo é, provavelmente, o melhor que o mundo conhece em matéria de impedir ataques terroristas ou algum ‘acidente’; e que os serviços de segurança russos já recuperaram muitas, praticamente quase todas, as suas tradicionais competências e capacidades.

As forças de segurança já exibiram “segurança ostensiva”, o que é ótimo, mas em todos os casos terá apenas papel secundário na proteção dos Jogos. A parte maior do verdadeiro trabalho de proteção aos Jogos e manutenção da segurança acontecerá por trás dos palcos, com uma combinação de detecção, monitoramento, penetração, negociação e ameaças (dependendo da natureza do potencial inimigo).

Provavelmente não ouviremos nenhuma notícia sobre esses esforços, mas eles são cruciais. Sempre há muito mais alvos ameaçados que forças para protegê-los. E um terrorista decidido a matar é praticamente impossível de deter.

Oficialmente, o ocidente declarou total apoio à Rússia, e os EUA ofereceram toda sua “expertise” para “ajudar” a Rússia. Fizeram a gentileza, até, de alertar para a possibilidade de bombas dentro de tubos de dentifrício serem embarcadas em aviões comerciais em viagem para Socchi.

Sempre diplomata, Putin agradeceu calorosamente aos norte-americanos pela preciosa assistência e convidou todos os agentes de segurança ocidental a visitar os quartéis-general das forças especiais conjuntas de segurança constituídas para os Jogos. Quer dizer: em termos oficiais, só apoio e sorrisos.

Acho que todos sabemos que a verdade é outra.

Só voltarei a respirar melhor, depois do fim desses Jogos.

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