Líbano em números: Oi libanês! Começou a era da austeridade. . As importações caíram 50%

Share Button

Por Eva Lubi Haidar, Líbano 18/09/2020

para o Jornal Jamhourye,
Traduzido do árabe para o português por Dr. Assad Frangieh_

Escreve a jornalista Eva Lubi Haidar no jornal libanês “República”:

Espera-se que o valor das importações do Líbano diminua significativamente até o final deste ano, em comparação com os anos anteriores. Percebe-se que os bens classificados como luxo, principalmente os que expressam certo destaque, foram os mais afetados, o que significa que o libanês conseguiu se adaptar à nova realidade, mas se a situação continuar a se deteriorar terá que prescindir dos bens básicos.

Como era de se esperar, o volume de importação do Líbano caiu quase pela metade, de modo que o ano de 2020 deve fechar em cerca de 10 bilhões e 933 milhões de dólares em importações, depois de ter registrado cerca de 20 bilhões de dólares nos últimos anos. As importações totais nos anos de 2016 a 2019 variaram entre 19 bilhões e 118 milhões de dólares como mínimo registrado em 2016, e 19 bilhões e 978 milhões de dólares como máximo registrado em 2018.

Numa rápida olhada nos números de importações esperados até o final do ano de 2020, elaborados pelo pesquisador em assuntos estatísticos, Abbas Tufayli, fica claro que tudo que está relacionado à alimentação, e especificamente o que estava incluído na cesta básica subsidiada, não teve nenhuma mudança significativa, e nos casos em que a importação aumentou, isso indica que os comerciantes aumentaram o volume das importações para se beneficiar do subsídio, desde que esses itens mantenham seus preços altos quando o subsídio for suspenso. Já a queda nas importações, que somaram cerca de US$ 9 bilhões, é representada principalmente pela queda nas importações de petróleo em cerca de US$ 3 bilhões, sendo que a maior parte dos seis bilhões restantes, está distribuída entre artigos de luxo, que foram dispensados.

Nesse contexto, Tufayli diz ao Jornal “República”: _ É evidente pelos números de importação, a mudança no estilo de vida libanês e a queda no nível de bens de luxo extra que estavam disponíveis no Líbano, que é especialmente evidente pelo expressivo número de empréstimos feitos para o mercado de cosméticos (perfumaria, medicamentos para cirurgias estéticas, plásticas e reparadoras) que chegaram a 2 bilhões de dólares; assim como, os empréstimos pessoais  que chegaram a $ 6 bilhões sendo que nove de cada dez pessoas viajaram nos últimos anos para a Turquia ou Grécia …_

As importações de diamantes caíram para 189 milhões de dólares após atingir nos anos 2018 e 2019 cerca de 402 e 333 milhões de dólares, respectivamente, e a importação de iates parou, depois de chegar a registrar 23 bilhões de dólares em 2016. O valor das importações de carros de passeio diminuiu de um bilhão e 238 milhões de dólares em 2016 para 210 milhões de dólares em 2020, observando que o valor dos carros importados para o Líbano chegou a 17 bilhões de dólares nos últimos 10 anos. Notamos também a queda no valor da importação de ar condicionados de cerca de 87 milhões de dólares registrados em 2018 para 7 milhões de dólares apenas, e de máquinas elétricas de 742 milhões de dólares em 2019 para 273 milhões de dólares esperados até o final deste ano.

O fumo caiu de 174 milhões em 2016 para 72 milhões esperados até o final de 2020, o álcool de 40 milhões de dólares para 10 milhões de dólares e os celulares de 260 milhões de dólares em 2019 para 65 milhões de dólares esperados até o final do ano. Tufayli relata: _”Esse declínio nas importações não significa que uma vida com bens de luxo seja proibida para aqueles que podem fazê-lo. Em vez disso, estes itens de luxos serão importados de acordo com o dólar do preço de mercado, não com o dólar de 1.500 liras subsidiado pelo Banque du Liban.”_

Tufayli também percebeu um aumento esperado na importação de vidro, alumínio e agregados até o final do ano, como resultado da alta demanda após a explosão do porto de Beirute. Por outro lado, no entanto, os dispositivos de imagens médicas (radiologia) caíram de cerca de US $ 316 milhões em 2018 para US $ 179 milhões esperados até o final deste ano. Infelizmente, isso é uma evidência do declínio do setor médico, depois que o Líbano ter se caracterizado por possuir o melhor sistema de saúde da região e já estava contando com o desenvolvimento do turismo médico.

Na área médica, nota-se que o valor das importações de medicamentos tem se mantido no mesmo patamar em relação aos anos anteriores, pois durante os anos de 2016 a 2019, o volume de importação de medicamentos e insumos farmacêuticos registrou cerca de um bilhão e 200 milhões, enquanto o ano de 2020 deverá fechar com o volume de importação de um bilhão e 192 milhões dólares. Esses números revelam que o *cartel de medicamentos* legaliza a distribuição de medicamentos importados em dólares subsidiados, a fim de aumentar seus preços quando o subsídio é aumentado, e isso explica o motivo do desaparecimento de muitos medicamentos nas farmácias.

Quanto aos combustíveis, o volume de importações de derivados de petróleo diminuiu para 3 bilhões e 65 milhões de dólares em relação aos anos de 2016 a 2018, que registraram um volume de importação de cerca de 4 bilhões de dólares. Tufayli atribuiu o motivo à paralisia causada pela pandemia de Corona e ao encerramento de obras que reduziram o consumo de combustível, além da queda nos preços globais do petróleo, o que fez com que importássemos quantidades maiores pelo mesmo valor, além do monopólio ocorrido no óleo diesel nos meses de junho e julho, que reduziu a demanda por diesel, e logo se recuperou, com a chegada da ajuda de petróleo do Iraque durante a explosão do porto.

Tufayli lembra que 2019 foi um ano excepcional, em termos de valor de importação de derivados de petróleo, que chegou a 6 bilhões e 534 milhões de dólares, o que suscita dúvidas sobre os motivos da duplicação desse valor, para onde foi o dinheiro dessa importação excedente? Principalmente porque não foi incluído no orçamento do Banque du Liban, e se seu preço foi pago com depósitos de sírios no Líbano, isso significa que o dinheiro começou a sair do Líbano desde o início de 2019, ou seja, desde antes da crise sob o pretexto de importar petróleo.

 

Share Button

Deixar um comentário

  

  

  

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.