
Micah J Zenko, 23/10/2015,
O Representante Peter Roskam (R-IL) perguntou a Hillary: “Será essa a Doutrina Clinton?”, a propósito de um vídeo em que se lia “Fomos, vimos, ele morreu” [em que Hillary comemorava o assassinato do presidente da Líbia Muammar al-Gaddafi].
Ela respondeu: “Não. Foi expressão de alívio, porque a missão militar que cabia à OTAN e a outros dos nossos parceiros havia alcançado o objetivo.”
O que hoje já ninguém lembra é que a mudança de regime NUNCA FOI objetivo da missão militar de intervenção na Líbia em março de 2011. O que o presidente Barack Obama disse (atfp.co/1kyBt2i) em discurso à nação dia 28/3/2011 foi outra coisa: “A tarefa que determinei às nossas forças [é] proteger o povo líbio de perigo imediato, e estabelecer uma zona aérea de exclusão” – e Obama acrescentou explicitamente: “Ampliar nossa missão militar para incluir mudança de regime teria sido um erro.”
Se aquela Comissão Especial sobre Benghazi estivesse realmente interessada em conduzir audiência ampla sobre a política do governo Obama para a Líbia, algum membro daquela comissão teria pressionado Hillary para que explicasse por que os objetivos dos EUA mudaram tanto, em relação ao que o presidente disse que determinara (de “proteger civis”, para “assassinar Gaddafi”.
E fica-se sem saber (i) o que, diabos Obama determinou MESMO; (ii) quem, conforme o caso, desobedeceu determinação do presidente; e (iii) se mudança de regime SEMPRE foi o objetivo da política de Obama-Clinton desde o início… por que o presidente Obama disse o que disse aos norte-americanos?
Mas infelizmente, essa não foi a linha das perguntas na audiência do dia 22, nem jamais será em outras sessões daquela Comissão. [Verdade é que, em-matéria-de-mudanças-de regime-pelo-mundo-quantas-mais-melhor, NÃO HÁ NENHUMA DIFERENÇA entre Obama, Bush-Dábliu & Bush-Jeb, Hilária & Hilário Clinton & Victoria Nuland & todas as respectivas canalhas adjuntas (NTs).]
Jornalista sério não deixaria de pergunta a Hillary sobre essa discrepância. Afinal, ela continuará a discursar à nação, em campanha ou depois, se for eleita, sobre, precisamente, os tais ‘objetivos’ das guerras que os EUA fazem pelo mundo.
Não existe governo estadunidense bom, governo estadunidense mau, nem duro, nem suave. Todos estão ali para cumprir o que a poderosa indústria armamentícia e os banqueiros norte-americanos determinarem, protegidos com algum tipo de eufemismo, como “defesa da democracia”. Obama é só mais um deles.
Bons textos e boas informações geopoliticas.Embora muita gente visite o site,acho que os comentários são poucos devido que os internautas talvez tenham medo de postar.