Jogadores europeus se calam para a limpeza étnica na Palestina e a xenofobia na Europa

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Jogadores alemães protestam durante foto oficial em sua estreia na Copa do Mundo | Copa do Catar | G1

Por Anwar Assi

Jogadores da seleção da Alemanha ignoraram, nesta quarta-feira (23/11), durante o jogo contra o Japão, as regras da FIFA que proíbem manifestações políticas por parte das equipes que participam da Copa do Mundo de 2022, no Estado do Catar.

Os atletas alemães colocaram a mão na boca antes da partida contra os japoneses como forma de “protestar” contra o que classificam de “censura” da FIFA, que não permite o uso de mensagem de cunho político, ideológico ou religioso nos uniformes dos jogadores. A suposta censura se deve ao fato de a FIFA ter proibido que algumas seleções europeias façam propaganda de apoio a grupos LGBTQIA+ na braçadeira de capitão, uma vez que esse item faz parte do uniforme das equipes que participam da Copa.

A FIFA alega que se deixar qualquer equipe usar mensagens políticas, ideológicas ou de caráter religioso na braçadeira, ou seja, no uniforme, outras seleções farão o mesmo, gerando uma espécie de “disputa” que pode causar embates entre as pessoas, uma vez que essas mensagens podem ofender algum grupo. A FIFA destaca, ainda, que a Copa do Mundo de Futebol visa aproximar as nações, e que, por este motivo também, impede qualquer tipo de protesto nos uniformes.

A entidade máxima do futebol mundial chegou a pedir no início de novembro deste ano, que as seleções “se concentrem no futebol” e não entrem “em todas as batalhas ideológicas ou políticas”. Por outro lado, a FIFA permite mensagens genéricas como, por exemplo, “Diga não à discriminação” ou “Viva a Educação”.

Reações

O ato polêmico da seleção da Alemanha causou reações de apoio e críticas em várias partes do mundo.

Enquanto alguns apoiaram o “protesto”, alegando que eventos esportivos são espaços para dar visibilidade às causas dos homossexuais, outros criticaram a manifestação dos alemães, considerada como uma “provocação” e “hipocrisia”, pois esses mesmos europeus apoiam violações dos direitos humanos na Europa e fora dela, incluindo no Oriente Médio, local onde se realiza a atual Copa do Mundo.

Palestina

Os mesmos europeus que posam de defensores dos LGBTQIA+ são os mesmos que ficam calados diante dos crimes contra a humanidade cometidos na Palestina por parte do governo de Israel. Porém, por que os jogadores europeus se calam para essa flagrante violação internacional dos direitos humanos? A resposta é de fácil compreensão.

Esses jogadores são de países europeus que são os principais apoiadores da limpeza étnica que os judeus sionistas praticam contra o povo da Palestina, incluindo os cristãos palestinos, há mais de sete décadas. Inclusive o programa nuclear israelense foi implantado com a ajuda dos alemães e de outros governos da Europa. Sabiam?

Hipocrisia

Particularmente, não sou contra protestos na Copa em si. Porém, além de manifestações para denunciar o apoio à política de Apartheid de Israel contra os palestinos, os europeus, entre eles, os alemães, poderiam fazer atos contra a xenofobia que ocorre debaixo do nariz deles na Europa.

É bom destacar que a crítica não é contra a comunidade LGBTQIA+ em si, mas sim, contra a atitude HIPÓCRITA de países europeus que querem lacrar em cima desse grupo, merecedor de respeito, ao mesmo tempo que governos da Europa ajudam a violar os direitos humanos de outros povos.

Massa de Manobra

Neste sentido, torço para que a comunidade LGBTQIA+ não aceite ser usada como “massa de manobra” por parte de cidadãos de países onde a extrema-direita tem crescido juntamente com a xenofobia e o racismo, principalmente contra negros, árabes, africanos, latino-americanos e asiáticos

Portanto, não há nada de heroico no gesto dos jogadores da seleção da Alemanha. Ao contrário, o ato deles revela uma grande hipocrisia por continuarem calados em relação à limpeza étnica cometida pelo regime sionista de Israel na Palestina e a xenofobia na Europa.

Este artigo não representa a opinião do Oriente Mídia e é de responsabilidade do autor.

Anwar Assi é jornalista e membro do grupo de estudos de geopolítica “Oriente Médio e Política Internacional”

 

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