Hassan Nasrallah e as sanções dos EUA contra o Irã: Trump declarou guerra econômica contra O MUNDO

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22/4/2019, Discurso do Secretário Geral do Hezbollah, Said Hassan Nasrallah, no aniversário do nascimento do Imam al-Mahdi e 34º aniversário da Fundação Escoteiros Imam al-Mahdi.

Vídeo (15”16”) transcrito e traduzido ár.-ing. por resistancenewsunfiltered.blogspot.com, aqui retraduzido ing.-port.

Sua Eminência Said Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah: (…) O último ponto que quero mencionar antes de concluir é que há algumas horas, [Mike] Pompeo fez um discurso, e quero introduzir o último ponto que comento hoje, com aquelas declarações.

Disse ele: “Vocês sabem que há sanções dos EUA contra o Irã para petróleo exportado. Os EUA impuseram isenções a vários países, acho que são oito deles, como, por exemplo, o Japão, [China, Índia, Turquia, Coréia do Sul, Grécia, Itália e Taiwan.] E espera-se que dia 2 ou 3 de maio, essas isenções sejam ou ampliadas ou canceladas, o que significa que os Estados Unidos podem impor sanções contra o Irã, proibindo todos os países do mundo de importar petróleo iraniano.”

Hoje, Pompeo anunciou que as isenções não serão ampliadas, e que essa decisão passa a ser vigente dia 2-3 de maio. Foi questionado, obviamente. E, claro, falou de Irã, de terrorismo, de movimentos da Resistência, do Hezbollah, que o Hezbollah ficaria impossibilitado de pagar os salários (de membros e combatentes), o que (se acontecer) provaria a eficácia das sanções dos EUA contra nós. Isso, o sr. Pompeo disse hoje.

Vejam o quanto o Sr. Pompeo está preocupado com a nossa subsistência (certo de que estaríamos sem vintém, quebrados)…

Na sequência, perguntaram a ele: “Mas alguns países precisam de petróleo iraniano. Se eles não respeitarem essa proibição, o que farão os EUA?” Respondeu que imporia sanções a qualquer país que não respeitasse essa proibição e que esses países pagariam preço (altíssimo) se adotassem tal posição. E só.

Fato é que há um problema com a decisão dos EUA, porque, se interromperem todas as exportações de petróleo iranianas, a quantidade de petróleo que flui em todo o mundo diminuirá e, portanto, os preços subirão. E qualquer aumento no preço do petróleo é ruim para os mercados dos EUA.

Nos últimos dias e semanas, o preço do petróleo só tem feito aumentar. É um dos desafios que o governo Trump terá de superar.

Nos EUA, tanto no Congresso como na imprensa, a questão já surgiu. “O que está fazendo?! Impede que o Irã exporte petróleo, impede que a Venezuela exporte seu petróleo! Faz declinar a oferta, e a demanda não se altera, o que fará aumentar os preços do petróleo, o que terá impacto negativo nos mercados dos EUA”.

Trump respondeu – a mesma resposta que Pompeo repetiu hoje –, e quero citá-lo, para falarmos sobre isso, ainda que brevemente: “Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos garantiram categoricamente que vão compensar a redução na oferta e manterão o preço do petróleo, impedindo qualquer aumento ou dano aos mercados dos EUA.”

Primeiro, que é outro exemplo do que os Estados Unidos realmente são. Quem assistiu à fala de Pompeo viu a arrogância com que fala. Pompeo falou em Washington.

Foi mais um exemplo da autoindulgência, da arrogância, do despotismo, da húbris e da violência da agressão, em primeiro lugar contra um país grande e muito importante, o Irã, e uma população de mais de 80 milhões de pessoas. Mas trata-se, realmente, de ataque contra todo o mundo.

A decisão tomada pelos EUA é mais um exemplo do desprezo imperial que os EUA nutrem pelas organizações internacionais, pela comunidade internacional, a ONU, o Conselho de Segurança e até mesmo os principais aliados dos Estados Unidos e seus interesses. Esta é uma manifestação exemplar de autoindulgência, arrogância e desprezo pelo próximo.

Por que o Irã está sob sanções? O pretexto é que o país apoiaria o terrorismo. Por que a Venezuela está sujeita a sanções? Supostamente por algo que teria acontecido durante as eleições. Trump impõe sanções ao Irã, à Venezuela, e quer fazer o mesmo na Síria. Agora eles estão preparando sanções e um bloqueio contra a Síria.

Significa que o que não conseguiram militarmente, tentam obter à custa de pôr em regime de total privação todo o povo da Síria, servindo-se de bloqueio e sanções. É o habitual em tudo que faz o Grande Satã, os EUA arrogantes.

EUA impõem sanções contra a Rússia, sanções contra a China … E agora dizem que quem não obedecer à proibição de comprar petróleo do Irã estará sujeito a sanções.

Onde está a comunidade internacional? Onde estão as organizações internacionais? Onde estão as resoluções da ONU? Para onde foi o Direito Internacional? Onde estão as convenções internacionais (Carta das Nações Unidas, OMC, etc.)? Sumiram. Nada mais disso existe. Hoje, sob o governo dos EUA, a única lei vigente é a lei da selva.

As administrações anteriores, pelo menos algumas delas, preservaram [a lei internacional], nem que fosse só no plano das aparências. Mas cuidavam de manter as aparências, pelo menos. Pelo menos no plano formal, preservavam a autoridade do Conselho de Segurança, da ONU, das resoluções internacionais. Trump, não. Trump não tem absolutamente nenhum respeito, sequer puramente formal, que fosse, por lei alguma.

Ao mesmo tempo em que quer impor sanções a outros, sob o pretexto inventado de que teriam apoiado algum terrorismo, Trump comete atos de terrorismo, apoia o terrorismo, mata aos milhares, especialmente nos últimos anos, em mais de um país (Iêmen, Síria, Iraque Afeganistão …). E quer impor seus ditames em nossa região: doa Al-Quds [Jerusalém] a Israel, as Colinas de Golan, a Israel …

Como eu disse há algum tempo, os EUA já começam a se preparar para a próxima etapa , em que doará a Israel, a Cisjordânia. O que estamos esperando para reagir?

Falo a todos os países e a todos os povos do mundo

De qualquer forma, o que quero dizer a esse respeito, digo-o não apenas ao Irã, mas a todos os povos do mundo. Não falo em defesa exclusivamente do Irã. Falo no interesse de todos os povos do mundo e de todos os países do mundo.

Todo este mundo que permanece em silêncio contra a política de Trump, suas ações, sua agressão e arrogância contra o Irã e outros países, todo esse mundo, todas essas nações e povos são também potenciais futuras vítimas para Trump. Cada povo, cada país que não reaja, abre as próprias portas para a interferência americana arrogante.

Países e povos que se mantenham silenciosos, que não reajam contra tais violações (da soberania nacional; do princípio da não extraterritorialidade das leis) também abrem sua própria porta para deixar entrar os EUA que violarão a soberania nacional de todos eles.

Já está acontecendo aqui no Líbano.  Pompeo veio com afronta contra o Líbano, para incitar os libaneses uns contra os outros (e provocar uma guerra civil). E fez isso descaradamente e abertamente, porque nós mesmos abrimos as portas para ele. Acontecerá do mesmo modo em todos os países do mundo. O mesmo comportamento arrogante, despótico, satânico atacará globalmente, contra todos os países do mundo que desejem permanecer nações soberanas.

E é por isso que os povos e Estados do mundo – e nós mesmos também somos afetados –, todos nós devemos rejeitar essa política americana condescendente, arrogante e tirânica, seja contra o Irã ou contra qualquer um, contra a Palestina, contra o Iêmen, contra qualquer país do mundo.

É sempre o mesmo Trump. Até o Congresso dos EUA votou a favor de o país pôr fim ao apoio dos EUA à guerra no Iêmen. Finalmente perceberam o quanto aquele apoio é criminoso, já no início do quinto ano de guerra. Não se trata de finalmente terem acordado; a explicação é que os interesses dos EUA mudaram (porque a guerra EUA-Arábia Saudita contra o Iêmen fracassou).

O Congresso dos EUA pediu o fim do apoio à dinastia Saud na guerra contra o Iêmen. Mas Trump decidiu que os EUA prosseguiriam na guerra contra o Iêmen (e vetou aquela decisão do Congresso). É sempre o mesmo Trump, que apoia todas as guerras, tudo que destrua, destrua, destrua em todos os lugares.

Hoje, em todos os lugares da nossa região onde há guerras, há Trump ao telefone reacendendo as chamas da guerra, jogando gasolina ao fogo, como aconteceu na Líbia e em outros lugares.

Os governos e os povos devem opor-se a esse imperialismo. E se desesperamos de contar com os governos, contemos com os povos e as atuais gerações, as que mais sofrem.

Governo dos EUA: principal inimigo de todos os povos livres do mundo

Este governo tirânico, despótico, arrogante, cheio de desprezo e soberba, que não respeita nem o direito internacional nem as resoluções internacionais, nem as convenções internacionais, nem as organizações internacionais, deve ser declarado em toda nossa cultura, o inimigo real e principal, nosso maior inimigo. O principal inimigo de todos os povos livres do mundo.

Israel e os takfiri terroristas fanáticos e assassinos, e todos que promovem as guerras, não passam de instrumentos do projeto americano de infindáveis agressão e tirania.

O último ponto do meu comentário diz respeito à posição da Arábia Saudita e dos Emirados. Não é vergonhosa? Pois Pompeo os desmascarou sem qualquer cuidado!

Pompeo apenas respondia a uma pergunta sobre o aumento dos preços do petróleo. E disse aos norte-americanos: “Não precisam preocupar-se. Arábia Saudita e Emirados farão a parte deles”… Nem Trump nem Pompeo preocuparam-se, pouco que fosse, nem com a imagem nem com os interesses da Arábia Saudita e dos Emirados.

O mesmo Trump que disse aos monarcas do Golfo que sem os EUA eles seriam derrubados em duas semanas; que sem os EUA, em pouco tempo estariam todos obrigados a falar persa [porque o Irã tomaria conta de tudo]; que sem os EUA, seus aviões decolariam, mas nunca mais aterrissariam [colidiriam no ar, sem sistemas tecnológicos de voo], etc., etc.

O mesmo Trump que não tem escrúpulos em revelar um acordo secreto com a Arábia Saudita e os Emirados, que prometeram ‘compensar’ [com aumento de produção, a ausência de petróleo iraniano]. Mas… Arábia Saudita e Emirados agem em nome de que interesses? Na defesa das causas da comunidade árabe e islâmica? Ou só fazem [sabendo-se que bloqueio econômico é ato de guerra] ajudar a sitiar e atacar os próprios vizinhos?

Agradeço a permissão para falar, que recebi dos Escoteiros e Escoteiras do Imam al-Mahdi (cujo dia celebra-se hoje) e das organizações educacionais do Estado libanês aqui presentes. Porque todos temos de reagir aos eventos que comentei.

Quero dizer que, mesmo no mundo árabe e islâmico, devemos lançar luz sobre a verdadeira política daqueles dois estados da região e expor seu papel negativo no mundo árabe-muçulmano: a guerra injusta e bárbara que fazem contra o Iêmen, sem poupar ninguém e nada, nem homens nem pedras; a ocupação bárbara do Bahrein e todo o sofrimento que infligiram àquele povo; a interferência sempre ativa, em todo lugar.

Hoje, se assistirmos aos telejornais no Sudão, vemos a interferência da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos; na Líbia, vemos a interferência da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos; na Argélia, vemos a interferência da Arábia Saudita e dos EAU; no Iêmen, vemos a interferência da Arábia Saudita e dos Emirados.

O que esses dois países estão fazendo em nosso mundo árabe e muçulmano?

Mas mesmo antes, quando houve a Primavera Árabe e os povos árabes levantaram-se, mesmo ali se vê a mão nefasta da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

O que fazem esses dois países? Até onde querem levar nossa região e nosso mundo?

Essas verdades devem ser ditas e repetidas e devem ser conhecidas por todos.

Ainda não sabemos quem cometeu os ataques terroristas no Sri Lanka. Esperemos que os perpetradores não sejam muçulmanos, porque temos todos os motivos para temer que algumas pessoas estejam se esforçando para fomentar uma guerra sectária naquele país, uma guerra de religiões, entre cristãos e muçulmanos. Só interessa, muito, a Israel e aos grandes satãs nos EUA.

Hoje, muitos dos massacres perpetrados em nossa região pelo ISIS e grupos assemelhados, a que ideologia respondem? Ao wahabismo. Todos esses são wahabistas. É a escola religiosa oficial da Arábia Saudita.

Como o próprio Mohammed Bin Salman já disse, depois da vitória da Revolução Islâmica no Irã em 1979 os EUA convocaram a Arábia Saudita para que se espalhasse pelo mundo, para combater a influência do islamismo do imã Khomeini – que, sim, trouxe soluções para o mundo muçulmano; e promovesse a ideologia wahhabista.

O resultado disso aí está, para quem queira ver: hegemonia imposta dos EUA, o ISIS, o caos, etc.). E sempre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, a apoiar os mesmos grupos terroristas.

Ontem, uma organização perpetrou um ataque na Arábia Saudita, e parece que teve relação com o ISIS. Surpreendente? Não. Sempre foi previsível que grupos relacionados ao ISIS e à Al Qaeda (fundada pela Arábia Saudita) acabassem por atacar os sauditas. Como ensina o provérbio árabe, “Quem prepara venenos, algum dia beberá do que fabrica”. A Arábia Saudita está agora contaminada com o próprio veneno que criou e espalhou. É a vítima das mesmas ideias, dos mesmos pensamentos e dos mesmos princípios ideológicos, doutrinários, jurisprudenciais e legais que levaram os sauditas a criar o ISIS, para matar todos, muçulmanos, cristãos, seguidores de outras religiões e todas as pessoas, pensando em só poupar os wahhabistas.

Pois por esses mesmos princípios, os wahhabistas hoje matam sauditas e os declaram apóstatas.

O que aconteceu ontem na Arábia Saudita confirma o adágio do envenenador que acaba por ser envenenado.

E, é claro, devemos também mencionar (e expor) o papel dos sauditas no “Acordo do Século” – concebido para liquidar todos os palestinos e a causa palestina –, além do que possa acontecer durante as reuniões da Liga Árabe (ou seja, nos bastidores), onde todas as enganações pró-palestinos só visam a enganar os povos árabes.

Ó meus irmãos e irmãs, nós pertencemos à história e às pessoas desta comunidade e desta região.

Por centenas de anos, nosso povo superou todas as formas de ocupação e agressão, todos os opressores e ocupantes arrogantes; e hoje, como aconteceu nas últimas décadas, depositamos nossas esperanças nesse nosso povo, na vontade, na consciência, na cultura, na determinação, na sinceridade, na honestidade, na paciência, na disposição ao sacrifício, do nosso povo.

Sobretudo, confiamos no despertar, na consciência, na lucidez desse nosso povo, que lhes permite identificar com precisão os agressores, os arrogantes e os instrumentos que servem aos inimigos dessa Comunidade, dessa região e dos interesses dos povos desta região.

Esperamos e confiamos no futuro, na promessa categórica de Deus – que dará a vitória aos legítimos.

Agimos e continuaremos a fazê-lo, à nossa maneira, a nossa luta [nossa jihad] (luta) com nossa paciência, e também com nossa capacidade para construir grandes vitórias.

Mais uma vez, dirijo-me a todos os meus irmãos e irmãs, e todos os presentes, a todos que me ouvem nessa celebração do nascimento do Imam Mahdi [Que a Paz esteja com Ele] e na celebração anual da organização criada pelo Imam al-Mahdi.

Escoteiros do Iman al-Mahdi, recebam meus parabéns e os meus melhores votos nessa data. Desejo-lhes a vitória, com a graça de Deus.

Que a Paz de Deus esteja com vocês, Sua misericórdia e Suas bênçãos.

[Auditório: A teu serviço, Nasrallah!] [Fim da transcrição]

Traduzido por Vila Mandinga

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