Governo sírio condena entrada ilegal de exército turco no norte de Aleppo

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Ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Mu’allem, condenou a flagrante violação da soberania da Síria pelo exército turco nesta quarta-feira depois deste ter lançado uma ofensiva para capturar a cidade de Jarabulus,  no norte de Aleppo. Ofensiva turca coincide com a visita do vice-presidente americano Joe Biden.


Com informações de várias agências

 

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Forças militares turcas atravessaram a fronteira turco-síria em uma tentativa de anexar a cidade síria de Jarabulus. A operação inclui não apenas as forças militares turcas, mas também uma multidão de militantes apoiados pelo ocidente, os denominados “rebeldes moderados” do Exército Livre Sírio.  A operação seria destinada, supostamente, a liberar a cidade do chamado Estado Islâmico, bem como freiar o avanço das forças curdas -apoiadas também pelos EUA- .

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que chegou na terça-feira a Ancara, em uma viagem pré-planejada horas antes do começo da operação, tentou apaziguar os temores turcos a respeito de ganhos territoriais dos curdos na Síria. A Turquia é uma aliada essencial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e suas Forças Armadas são as segundas maiores da entidade.

 

“Quero deixar claro, contra qualquer especulação que os senhores tenham ouvido de que os EUA tiveram conhecimento de antemão ou cumplicidade (no golpe). Os EUA não tiveram nenhum conhecimento prévio do que aconteceu em 15 de julho”, declarou Biden em discurso no parlamento turco, após uma reunião com o primeiro-ministro Binali Yilirim.

“O povo da Turquia não tem um aliado melhor que os Estados Unidos”, afirmou Biden, em discurso transmitido pelas emissoras locais.
O vice-presidente também reafirmou que os Estados Unidos estão fazendo tudo que podemos para apoiar os esforços contínuos da Turquia para indiciar os responsáveis ​​pela tentativa de golpe, assegurando simultaneamente o Estado de direito seja respeitado durante o processo”, disse um alto funcionário do governo Obama a jornalistas , entrevistado antes da visita de Biden em condição de anonimato.
É difícil acreditar que Fethullah Gülen poderia ter orquestrado um golpe militar violento, enquanto reside nos Estados Unidos sem a aprovação explícita e apoio do governo dos Estados Unidos.  Assim, para os EUA “responsabilizar os responsáveis ​​pela tentativa de golpe” exigiria a identificação e detenção de os americanos que estavam envolvidos.
Paralelamente,  terroristas do Exército Livre Sírio, apoiados por forças especiais, tanques e aviões de guerra da Turquia, entraram em um dos últimos bastiões do Estado Islâmico na fronteira turco-síria nesta quarta-feira, a primeira grande incursão turca apoiada pelos Estados Unidos em seu vizinho do sul.Uma coluna de pelo menos nove tanques turcos cruzou para a Síria com o grupo de rebeldes majoritariamente árabes e turcos para expulsar o Estado Islâmico de Jarablus e de vilarejos nos arredores. Um repórter da Reuters na fronteira testemunhou bombardeios intensos e viu cortinas de fumaça negra emergindo ao redor da cidade.
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse que a operação teve por alvo tanto o Estado Islâmico quanto a milícia curda Partido de União Democrática (PYD), cujos avanços no norte sírio vêm alarmando seu governo. Ancara vê o PYD como uma extensão da insurgência de militantes curdos que combate em seu próprio solo, o que cria um conflito com Washington, para quem o grupo é um aliado em sua luta contra o Estado Islâmico.

“Esta manhã, às 4h (do horário local), teve início uma operação no norte da Síria contra grupos terroristas que ameaçam nosso país constantemente, como o Daesh (Estado Islâmico) e o PYD”, disse Erdogan em um discurso feito em Ancara.

Invadir a  Síria constitui a realização de planos de longa data anteriores tanto à ofensiva curda quanto à ascensão do Estado islâmico. Os planos de Washington e seus aliados regionais são estabelecer uma zona tampão ou “porto-seguro” dentro do território sírio, que seja inatacável por forças sírias, desde onde militantes apoiados pelo ocidente podem lançar operações mais profundas em território sírio. Atualmente, essas operações são lançados a partir de próprio território turco.

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Com os extremistas sendo gradualmente empurrados para fora de Aleppo e as forças sírias fazendo avanços em todos os lugares, parece que os EUA estão tentando usar forças curdas desmembrar o leste da Síria, enquanto o mais recente movimento da Turquia destina-se, finalmente, a criação de uma muito desejada zona tampão. As forças especiais britânicas, entretanto, estão declaradamente no sul da Síria tentando desenhar um refúgio semelhante para militantes ao longo das fronteiras com a  Jordânia e Iraque com a Síria.
A participação do poder aéreo dos EUA na operação em curso também deixa clara a falta de profundidade estratégica e política de lealdade dos EUA com os seus supostos aliados curdos, uma traição que acontece enquanto as  forças curdas estão sendo pressionadas por EUA a atacar as forças sírias no leste da Síria .
Artigo da BBC observa que Turquia prometeu deixar “completamente limpa” a região de fronteira, culpando tanto os curdos como o Estado Islâmico por um ataque a bomba em um casamento que matou pelo menos 54 pessoas em Gaziantep, no sábado.
Após o golpe de julho, muitos estavam esperançosos de que a Turquia iria realinhar-se geopoliticamente e desempenhar um papel mais construtivo e estabilizador na região. Em vez disso, usando a ameaça  o Estado islâmico e forças curdas ao longo da sua fronteira, uma ameaça que a sua própria conivência com EUA e Estados do Golfo Pérsico desde 2011 ajudou a criar, a Turquia ajuda realizar uma parte crucial dos planos dos EUA para desmembrar a Síria.
Enquanto a derrubada do governo em Damasco parece improvável no momento, a balcanização da Síria era um objetivo secundário mas muito considerado pelos formuladores de políticas dos EUA.——————————

Ver artigo de 2015 sobre planos de balcanização da Síria: https://www.orientemidia.org/como-israel-pretende-relancar-a-guerra-no-levante/

O plano Wright, publicado em setembro de 2013, modifica os projetos de remodelagem do Médio-Oriente Alargado. Envolvendo a Síria e o Iraque, prevê a criação de um Sunistão e de um Curdistão. O primeiro Estado foi criado em 2014 pelo Emirado islâmico(Daesh), o segundo aguarda concretização. Ora, os Curdos são minoritários no Norte da Síria. Por outro lado, o plano Wright trata também da Líbia, do Iêmen e da Arábia Saudita. Ele parece em vias de realização nos dois primeiros Estados, sempre graças ao Emirado Islâmico.
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