Apesar do anúncio desta trégua temporária, os bairros orientais de Aleppo, segunda cidade síria, sofreram novos ataques de artilharia pela manhã, informou um correspondente da AFP .“Um ‘regime de silêncio’ é aplicado a todo o território da República Árabe da Síria, por um período de 72 horas desde as 1h00 de 6 de julho (19h00 de terça-feira no horário de Brasília) até às 0h00” da madrugada do dia 8 para o dia 9 de julho, segundo o comunicado do exército divulgado pela imprensa oficial.O secretário de Estado americano, John Kerry, elogiou o cessar-fogo, afirmando que trabalha com a Rússia para transformá-lo em uma trégua durável.“Saudamos a declaração do exército sírio sobre a instauração de um cessar-fogo para celebrar o Eid. Esperamos que ele seja respeitado por todas as partes”, declarou Kerry à imprensa.
O texto não especifica se o cessar-fogo exclui ou não os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) e da Frente Al-Nusra, a facção síria da Al-Qaeda.
Vários grupos rebeldes sírios declararam em um comunicado que respeitarão a nova trégua, que coincide com o Eid al Fitr, festa que marca o fim do mês de jejum do Ramadã, “sempre que esta seja respeitada pelo outro lado”.
Em 27 de fevereiro, uma trégua negociada pelos Estados Unidos e a Rússia entrou em vigor na Síria, exceto em áreas controladas pelos extremistas islâmicos.Todas as tentativas de tornar o cessar-fogo permanente entre os rebeldes e o governo falharam, bem como os esforços para uma solução política ao conflito que já deixou mais de 280.000 mortos e forçou a fuga de milhões de pessoas.Muitas tréguas temporárias em Aleppo, cidade do norte do país dividida em dois, foram regularmente anunciadas nos últimos meses, sem efeitos concretos, com os habitantes sofrendo com os ataques aéreos do governo e os foguetes rebeldes.
Allepo
“Desde manhã cedo, os morteiros caem sobre o bairro”, lamenta Ahmed Nassif, um residente. “Eu tinha planejado visitar meus parentes e amigos e levar meus filhos para brincar, mas decidimos ficar em casa por medo de novos bombardeios”.
Homs
Em Homs, a terceira maior cidade da Síria, o presidente Bashar al-Assad participou da oração do Eid al-Fitr, um deslocamento inédito o chefe de Estado, cujas aparições públicas são raras.
Os analistas acreditam que a violência deve continuar na Síria, enquanto não há nenhum esforço real para relançar um processo político.
Iniciada em 2011, a revolta, instigada pelo exterior, e que visa a deposição do governo de Bashar al-Assad se transformou em uma guerra devastadora, na qual estão envolvidos múltiplos atores locais, regionais e internacionais.
O conflito favoreceu o crescimento de grupos extremista como o EI, que se implantou no país em 2013 e que, desde então, tem cometido uma série de atrocidades, na Síria e no mundo.
Fonte: Isto É Independente