EUA:Departamento de Estado e o “vácuo sírio” [sic]

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6/3/2015, [*] Josh RoginBloombergview

State Department’s Syria Void

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Nota da Vila Vudu: O artigo abaixo absolutamente não interessaria, interesse ZERO, se não fosse caso tão EXEMPLAR de como jornalistas e comentaristas das empresas−imprensa norte-americanas enrolam e enganam, quando – para conseguir promover a máfia pró-guerra dentro do governo e da “mídia” dos EUA – eles têm de reconhecer que os EUA meteram os pés pelas mãos na Síria e que o presidente Bashar al Assad SEMPRE teve razão. Não fosse jornalismo tão repugnante, seria jornalismo cômico. 

Atenção aos sintagmas–golpe! 

Prossegue nesse artigo o festival de sintagmas–golpe.  “Sintagmas–golpe” são expressões de substantivo + adjetivo ensinados e divulgados e incansavelmente repetidos na/pela empresa−imprensa, como, dentre outros, “ajuda letal”, “assistência letal”, “vácuo sírio”. 

No plano lógico, os sintagmas–golpes são expressões absolutamente contraditórias, em que o adjetivo desmente o substantivo. Assim, a expressão tem significado-zero, mas mesmo assim é sempre usada e repetida porque, mesmo com significado-zero, ainda assim a expressão conserva alto impacto como propaganda de fascistização (e propaganda que se mantém ativada em todas as línguas latinas, com certeza). 

Quem ouve esses sintagmas−golpe tem a impressão de que, sendo ajuda, qualquer ajuda é boa. Isso é quase verdade, ou é verdade em grande número de casos. mas absolutamente NÃO É VERDADE se se tratar de ajuda que mata, ainda mais no caso excepcionalmente degradante em que alguém dê a outra pessoa ajuda PARA MATAR. Além do impedimento lógico há, aí, o impedimento moral absoluto. 

Naaaada disso faz qualquer diferença, e os macaquitos adestrados no “jornalismo” só fazem cantar loas e elogios à sua tal “assistência letal”,  

O absurdo dessas expressões − e o golpe nelas atuante − aparece claramente quando se invertem as posições de substantivo e adjetivo: “letalidade assistencial”, por exemplo, que pode ser sinônimo de “degola filantrópica” etc.. Assim se vê que evidentemente: se fosse “ajuda”, não seria “letal”; se fosse “assistência” não seria “letal”; se é “letal” não é ajuda; se é “letal” não é assistencial. E absolutamente não se trata de vácuo “sírio” − que não existe.  

O que existe é “vácuo norte−americano”, o vácuo que tem vergonha de dizer o próprio nome.

 
Daniel Rubinstein

O enviado especial do Departamento de Estado à Síria, Daniel Rubinstein [pelo nome, parece ser muçulmano xiita (NTs)], já se prepara para assumir outro posto, fazendo crescer as preocupações sobre o interesse do governo em resolver o conflito, além de apenas combater o Estado Islâmico.

Dois funcionários do governo confirmaram que o Presidente Barack Obama tem planos de, em algumas semanas, nomear Rubinstein para a embaixada na Tunísia. Embora a nomeação ainda não esteja decidida, o Departamento de Estado já começou a procurar outro nome que ocupe o posto na Síria, cargo e posto que perderam status e autoridade no decorrer do ano passado.

Rubinstein comandou a equipe do Departamento de Estado para a Síria a partir de março de 2014, por menos de um ano. Oficial de carreira do Serviço Diplomático, fluente em árabe, é egresso do gabinete de inteligência do Departamento de Estado, e substituiu o Embaixador dos EUA na Síria, Robert Ford. Mas Rubinstein não recebeu status de embaixador, e acabou desautorizado pela Casa Branca, que mantém controle exclusivo e estrito sobre a política para a Síria. Ao mesmo tempo, teve de contrapor-se a uma nova equipe do Departamento de Estado e funcionários militares, cuja prioridade era combater o Estado Islâmico, não buscar alguma solução para a crise na Síria.

O arquivo Síria é hoje mais complicado, porque há duas questões: lidar com a oposição e com o problema Assad, e, agora, também a missão de combater contra o ISIL na Síria – disse Ford. O desafio que Danny enfrentou e o desafio que há agora é garantir que se trate, de fato, de um único esforço unificado.

 
Brett McGurk, John Allen, Obama e Susan Rice

O novo esforço anti-EI [Estado Islâmico] no Departamento de Estado está sendo comandado pelo general aposentado John Allen e o embaixador Brett McGurk, que declarou publicamente que seguem estratégia de “primeiro o Iraque”. Os EUA já começaram um novo programa para treinar e equipar um exército rebelde sírio. O programa de US$ 500 milhões é comandado pelos militares e não é coordenado com os grupos da oposição síria com os quais Rubinstein trabalhou.

Líderes da oposição disseram que Rubinstein manteve dedicadamente boas relações com uma variedade de grupos da oposição, mas não foi proativo e não conseguiu chegar a oficiais de nível mais alto dentro do governo dos EUA.

O coração de Danny [sic] estava com a nossa luta, mas não tinha o apoio de uma política coerente que ele realmente pudesse explicar aos seus interlocutores síriosNão conseguiria jamais ser bem-sucedido, se trabalhava para um governo que continua a ver a Síria como show colateral [orig. side show], não, como a Síria é (sic), o principal front na luta contra o ISIL e a expansão iraniana − disse Oubai Shahbandar, ex-conselheiro da Coalizão de Oposição Síria, trabalhando agora para a empresa de consultoria Dragoman Partners.

Rubinstein jamais teve projeto claro para uma estratégia ampla para a Síria. Depois que os EUA fecharam a embaixada em Damasco, no início de 2012, o principal projeto do embaixador Ford foi construir e mobilizar apoio para a Coalizão da Oposição Síria, um grupo de líderes civis que vivem na Turquia, e que Obama uma vez declarou “legítimo representante do povo sírio” (sic).

Mas esse grupo fracassou, não conseguiu arregimentar apoio e credibilidade dentro da Síria, e seu braço militar, o Supremo Conselho Militar, nunca conseguiu controlar os grupos em campo. Os maiores grupos de “insurgentes” sustentados pelos EUA foram dizimados em meses recentes, inclusive a Frente Revolucionária Síria e Harakat Hazm, desmantelados  semana passada.

(…)

Sem encontrar entusiasmo nos níveis superiores do governo dos EUA para corrigir a política norte-americana para a Síria, e com a Casa Branca cada dia mais frustrada com aquela oposição, a missão do substituto de Rubinstein se limitará a explicar uma estratégia impopular, a insurgentes que, cada dia mais, sentem-se frustrados e abandonados.

É trabalho duro, e está hoje realmente difícil alcançar a oposição síria, especialmente porque a influência dos EUA parece estar evanescendo – disse Ford.

 

 
Bashar al-Assad em entrevista à RTP 

O governo Obama diz, com razão, que os EUA forneceram mais ajuda à oposição síria moderada que qualquer outro país. Mas aqueles grupos estão hoje em desintegração, com o apoio ocidental encolhendo dia a dia, e a deserção de militantes recrutados para lutar contra Bashar al-Assad, e que agora buscam as organizações islâmicas.

A menos que Rubinstein seja rapidamente substituído, e que seu substituto tenha meios e autoridade para trabalhar, o mais provável é que, em breve, já não haja oposição moderada para os EUA apoiarem. Assim, ganharia cada vez mais prestígio e credibilidade a ideia de que Assad é a única alternativa aos terroristas – ideia que o presidente da Síria tem muito interesse em promover.

[*] Josh Rogin é redator e revisor de textos do Foreign Policy Magazine, BloombergNews, Asahi Shimbun. Reside em Washington, DC. Durante 4 anos fez a Cobertura do Pentágono em assuntos de segurança dos EUA em relação ao Oriente Médio e Ásia Oriental. Durante 3 anos fez reportagens sobre o Congresso. É o atual titular da coluna eletrônica diária The Cable do Foreign Policy.

 

http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2015/03/departamento-de-estado-e-o-vacuo-sirio.html

 

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