EUA precisam de ‘revolução democrática’

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Por Dr. Kevin Barrett, Press TV
Traduzido por Oriente Mídia

Um dos vários "memes" na Internet ironizando os EUA e seus projetos democráticos. Neste: "Você não vai à democracia, a democracia vem até você"

Um dos vários “memes” na Internet ironizando os EUA e seus projetos democráticos. Neste: “Você não vai à democracia, a democracia vem até você”

O que significa “democracia”?

Para os líderes dos EUA, significa derrubar governos dos outros.

Desde a Segunda Guerra Mundial, os americanos têm derrubado os governos na Itália (1947), Costa Rica (1948), Síria (1949), Líbano (1952), Irã (1953), Guatemala (1954 e 1982), Laos (golpes ininterruptos 1957-1975), El Salvador (1960 e 1984), Congo (1960), República Dominicana (1961, 1965), Equador (1961 e 1981), Coréia do Sul (1961), Vietnã do Sul (1963), Iraque (1963 e 2003), Brasil (1964), Indonésia (1965), Grécia (1967), Camboja (1970), Egito (1970), Chile (1973), Uruguai (1973), Austrália (1975), Arábia Saudita (1975), Portugal (1975), Tailândia (1976), Argentina (1976), Turquia (1980), Panamá (1981 e 1989), Chade (1982), Granada (1983), Suécia (1986), Paquistão (1988), Afeganistão (1980 e 2001), Ruanda e Burundi (1994), Iugoslávia (2000), Somália (2006), Sudão (2011), Líbia (2011) e na Ucrânia (2014).

E estes são apenas alguns dos casos mais conhecidos onde os EUA usaram com sucesso força ou fraude para colocar os seus fantoches no poder ou remover os líderes que não gostavam. Também houve dezenas se não centenas de tentativas mal sucedidas (como a atual guerra contra a Síria). E houve, sem dúvida, muitas bem-sucedidas mudanças de regime apoiadas pelos EUA que não conhecemos. Afinal de contas, essas operações são chamadas de “secretas” [orig. covert] por uma razão: são projetadas para permanecerem em segredo para sempre.

Também tivemos as chamadas revoluções coloridas: Ucrânia (laranja), Líbano (cedro), Geórgia (rosa), Quirguistão (tulipa), Myanmar (açafrão), Tailândia (vermelho) e Malásia (amarelo). O Departamento de Estado dos EUA, a USAID, e George Soros, aparentemente, gostam de seu golpes de Estado com uma variedade de tons agradáveis.

Tudo isso em nome da democracia.

Derrubar os líderes democraticamente eleitos, como Yanukovych da Ucrânia – e Allende do Chile, Mosaddeq do Irã, e tantos mais – é uma maneira muito estranha de espalhar a democracia.

Mas há um país que realmente precisa de um golpe de Estado pró-democracia: os Estados Unidos da América.

Hoje, a falsa democracia da América é podre por dentro. Os EUA tiveram eleições presidenciais roubadas em 1980, 2000 e 2004. Desde 1988 que não tiveram nada mais que governos da CIA. E agora o Supremo Tribunal decidiu que cargos eletivos estão à venda para o maior lance. A partir de agora, o Tribunal diz, o público não pode colocar limites de qualquer natureza sobre suborno político.

Isso sem falar sobre os assassinatos. Em 1963, quando os americanos permitiram que os agentes da CIA (incluindo Cord Meyer, Allen Dulles, James Angleton, E. Howard Hunt, David Atlee Phillips, Richard Helms, David Morales, Frank Sturgis, George HW Bush e outros) assassinassem o presidente John F. Kennedy em plena luz do dia com total impunidade, para todos os efeitos, desistiram até mesmo da pretensão de viver em uma democracia. Menos de cinco anos depois, os mesmos criminosos mataram o irmão de JFK, Robert – e acrescentaram um ponto de exclamação. O povo americano, drogado pela televisão, bocejou coletivamente.

Hoje, quando um americano corajoso, inteligente, idealista como o falecido senador por Minnesota Paul Wellstone é eleito para um cargo federal, sua expectativa de vida (e mais tarde seu avião) tem queda vertiginosa [orig. nose-diving].

A situação é inaceitável. Os EUA, nascidos de uma revolução contra a monarquia e o imperialismo, são um símbolo da democracia. Seu povo de bom coração, generoso, um tanto ingênuo, merece mais.

Um EUA mais democrático deixaria de derrubar governos de outras pessoas e invadir países de outras pessoas. Um EUA mais democrático escolheria não se meter onde não é chamado, pararia de desperdiçar sangue e riqueza em aventuras imperiais equivocadas. E um EUA mais democrático escolheria destronar os banqueiros internacionais e os criminosos organizados que atualmente governam o mundo.

Os EUA deveriam parar de patrocinar falsas “revoluções democráticas” em todo o mundo. O mundo – e o povo americano – deveria patrocinar uma “revolução democrática” nos EUA.

Chame-a de Revolução vermelha-branca-e-azul.

E não se enganem, uma revolução é o que a América precisa. Não há mais qualquer esperança de simplesmente votar em melhores candidatos. Os bons candidatos serão descartados, privados de suas vitórias por fraude eleitoral, e (se necessário) mortos.

Meu amigo, o falecido coronel Robert Bowman, era o melhor candidato para o governo federal americano das últimas duas décadas. Dr. Bowman concorreu à presidência em 2000 e 2004. Em 2006, concorrendo como um candidato sub-financiado do movimento pela verdade do 11/9 [orig. 9/11 Truth], teria ganho a eleição para a Câmara dos Representantes (15o distrito da Flórida), com mais de 55% dos votos, de acordo com pesquisas de boca-de-urna. Mas as máquinas de votação caixa-preta ungiram seu adversário.

Depois de ter sua vitória roubada, Dr. Bowman disse que não tinha mais intenção de concorrer em eleições fraudulentas conduzidas por máquinas de votação caixa-preta. Ele reconheceu que a América precisa de uma revolução democrática.

Outro candidato presidencial norte-americano de primeira linha, o senador Mike Gravel, também reconhece a necessidade de uma revolução democrática. O senador Gravel, um grande opositor das guerras do Vietnã e do Iraque e um defensor da verdade sobre o 11/9, acha que os americanos devem votar diretamente em iniciativas (usando cédulas de papel contadas à mão) e fazer as próprias leis. Você pode aprender mais sobre Iniciativa Nacional para a Democracia [orig. National Initiative for Democracy] do senador Gravel em Vote.org.

Como seria o início de uma revolução democrática americana?

O precursor de uma revolução da democracia: a crescente conscientização do público sobre o verdadeiro estado das coisas. Ao ajudar o público a lentamente despertar para a verdade, a mídia alternativa estaria preparando o palco.

Poderia começar com manifestações de rua, talvez, na esteira de uma crise econômica e/ou uma derrota militar. Ou poderia começar com um golpe de Estado constitucional: Uma tomada militar dedicada a restaurar a governabilidade democrática e a Constituição.

De qualquer forma, a prioridade seria esmagar a máquina de propaganda[1], e prender os criminosos que atualmente tocam a grande mídia. Todo político que já tenha recebido suborno (ou seja, uma “contribuição de campanha” de mais de US$ 200) também deve ser preso. E o Supremo Tribunal Federal, que acaba de remover os últimos limites da corrupção política, deve ser julgado por traição.

O cartel privado do Federal Reserve [banco central dos EUA] deve ser expropriado, e a riqueza dos ilícitos da cabala bancária internacional devem voltar para o povo.

O complexo militar-industrial e o complexo de inteligência devem ser feito em pedaços e espalhados aos ventos – atendendo ao aviso de Dwight David Eisenhower[2], e cumprindo a promessa de John Fitzgerald Kennedy[3].

Seguida da “Glasnost americana” – exposição dos crimes do aparelho do Estado, e um redesenho dos poderes governamental e privado, visando transparência total.

Falsas “revoluções democráticas” patrocinadas pelos EUA, derrubaram dezenas de governos em todo o mundo. Não é hora de, como Malcolm X disse em um contexto diferente, “as galinhas voltarem para o poleiro” – por meio de uma revolução verdadeiramente democrática na América?..


Dr. Kevin Barrett é arabista-islamologista e um dos maiores críticos da “Guera ao Terror” dos EUA.

[1] Do original: the “might Wurlitzer” propaganda machine – como o ex-diretor da CIA, Frank Wisner, orgulhosamente batizara sua máquina de propaganda.
[2] Em referência ao discurso de Eisenhower, de 17/1/1961, quando alertou sobre a crescente influência do complexo industrial-militar nos EUA.
[3] Provavelmente em alusão ao discurso de JFK proferido 10 dias antes de sua morte, quando citou “sociedades secretas”.

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