E agora, o que vem depois?

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Por Assad Frangieh.

Imediatamente após a declaração dos Estados Unidos por um assessor de segundo escalão (afinal ninguém quer o papel de Colin Powell) acusando o governo da Síria de uso de armas químicas e o aumento de apoio aos militantes da oposição, veio uma sincronia inglesa: satisfeitos, porém, ainda não vamos mandar armas aos combatentes. A França também disse que uma zona de exclusão aérea não é possível sem unanimidade do Conselho de Segurança da ONU e a própria Alemanha disse que não há planos para armar esta mesma oposição. A Rússia foi objetiva através do assessor de Putin em dizer que os argumentos foram fabricados. Ao mesmo tempo, informou que os contratos de entrega de S-300 estão sendo respeitados.

Sem dúvida que o efeito dominó de derrotas militares impostas sobre os grupos fundamentalistas e terroristas ao redor de Damasco na zona de Al-Ghouta Oriental, em Daraa ao sul e recentemente em Al-Qusayr tiveram seus impactos profundos na aliança internacional dos agressores contra a Síria. As mobilizações em direção ao Norte da Síria já se repercutiu em campo: Moral elevado do Exército Sírio e desespero dos fundamentalistas, mercenários e bandidos.  Os gritos levantados contra o Hezbollah por sua participação em batalhas junto ao Exército Sírio representam atestados da mudança estratégica adotada pelo eixo da Resistência aos projetos de criação de um Oriente Médio modelados por interesses otomanos, israelenses, monarquistas e colonialistas. Ninguém poderá mais se esconder atrás da cortina de fumaça da mídia. É questão de existência.

A sábia estratégia da Síria unificou suas forças em três alicerces adotados no Líbano contra a ocupação e as investidas de Israel: O apoio popular descrito em árabe como “colo do Povo”, a consistência do Exército, e as táticas da Resistência na tríade: Povo, Exército, Resistência. A operação de recuperar a zona rural de Aleppo e as restrições ampliadas aos focos de terrorismo em Homs e Aleppo constitui um elemento no fortalecimento do Estado Sírio contra a ingerência maldosa em sua soberania, devendo prosseguir em ritmo determinado pelos militares sírios e não em ritmo de provocações setoriais. O que preocupa mais Israel e sem dúvida isso é bastante procedente, é a transformação gradual do Golã ocupado em território de resistência síria aos moldes do sul do Líbano. A fronteira norte não será a mesma. Uma razão para a cautelosa Áustria retirar seu exercito das forças de separação da ONU nas colinas ocupadas desfalcando-as em um terço de seu contingente.

O conflito na Síria nunca foi um campo de batalha apenas sírio. O fracasso dos Estados Unidos em não conseguir levar a oposição à Genebra 2 está sendo compensado por uma guerra diplomática que vai desde acusações de armas químicas até planos de zona de exclusões aéreas. A presença de F16 e mísseis patriotas na Jordânia e na Turquia não assustam mais ninguém.

Quem decide o destino da Síria é o fuzil do soldado sírio, a população que o abraça e as táticas da resistência. O que a mídia da Guerra contra a Síria faz é teatro, literalmente para inglês ver.

Dr. Assad Frangieh é analista do GT Árabe.

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