Declaração sobre ataques aéreos dos EUA não autorizados na Síria

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O Governo dos Estados Unidos escalou sua longa guerra de três anos para mudança de regime na Síria, lançando ataques aéreos, não autorizados pelo governo sírio ou pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em posições do ISIL na Síria; aumentando o financiamento e treinamento dos “rebeldes moderados” na Síria, da ordem de US$ 500 milhões; e, contando com o apoio de outros países em uma nova “coalizão dos dispostos” para fazer seu trabalho sujo. O Movimento de Solidariedade à Síria acredita que estas ações beligerantes dos EUA equivalem a uma nova tentativa de mudança de regime na Síria pela porta dos fundos. Acreditamos que os EUA irão, na verdade, bombardear posições do governo sírio. Em resposta, o MSS pede às pessoas amantes da paz em todos os países, para fazer todo o possível para resistir e acabar com esse ímpeto para o aumento da agressão contra o povo da Síria e do Iraque.

A ironia é que os EUA, juntamente com outros países do grupo chamado “Amigos da Síria” (FSG [Friends of Syria Group]), criaram o monstro Frankenstein conhecido como ISIL. Eles organizaram uma guerra secreta para derrubar o governo legítimo da Síria usando mercenários jihadistas. Dentro da Síria, os mercenários jihadistas executaram (às vezes por decapitação) padres, jornalistas e prisioneiros de guerra; aterrorizaram e devastaram cidades inteiras; e descaradamente publicaram vídeos de si mesmos cometendo crimes contra a humanidade. Tudo isso sem uma palavra de crítica do presidente Obama.

No entanto, quando o ISIL, um ramo de jihadistas da Al Qaeda na Síria financiados pelo FSG, invadiram o Iraque, perseguido Yezidis acima de uma montanha, e decapitado dois jornalistas norte-americanos, Obama subitamente pareceu preocupado. Em nossa opinião, a sua verdadeira preocupação era usar a barbárie do ISIL como um pretexto para um eventual assalto disfarçado sobre o governo da Síria.

Há muitos problemas com os ataques aéreos de Obama contra o ISIL no Iraque e na Síria e o aumento do financiamento para os “rebeldes moderados”. Em primeiro lugar, os ataques aéreos contra a Síria, sem o consentimento do seu governo, são uma violação de sua soberania e do direito internacional. O mesmo vale para armar mercenários para derrubar seu governo.

Em segundo lugar, a noção de que de fato existam quaisquer “rebeldes sírios moderados” tem sido repetidamente desmentida. Mesmo os principais meios de comunicação da imprensa-empresa, como o New York Times descartam a própria ideia de sua existência.

Em terceiro lugar, depois da desastrosa invasão de 2003 e a ocupação anglo-americana do Iraque, o mundo simplesmente não deve aceitar o retorno ao Iraque de governos estrangeiros culpados por sérios crimes de guerra: em parte usando mentiras deslavadas sobre armas de destruição em massa e, em parte, sob o pretexto de uma intervenção “humanitária”, a “coalizão dos dispostos” anterior foi responsável por pelo menos meio milhão de mortos iraquianos, a criação de milhões de refugiados internos e externos, a divisão efetiva do país em três partes, a destruição de sua economia e infraestrutura.

Finalmente, ataques aéreos dos EUA não autorizados, especialmente na Síria, podem levar a um confronto militar com os aliados da Síria – Rússia, China e Irã – provocando uma guerra regional e/ou mundial.

Se os EUA realmente querem parar o ISIL, devem cooperar com governo e povos sírios, que têm sido as principais vítimas do ISIL, enquanto o combatem. Os EUA poderiam obrigar seus estados clientes, Arábia Saudita, Kuwait e Qatar, para pararem de financiar mercenários terroristas. Podem pressionar a Turquia e a Jordânia para fecharem suas fronteiras para os terroristas. Finalmente, podem dispersar o FSG, que coordenou a guerra secreta de agressão contra a Síria e impôs sanções econômicas ilegais contra o país.

Após os desastres e caos causados ​​pelas invasões dos EUA/OTAN contra o Afeganistão, Iraque e Líbia, o público estadunidense e mundial estão acertadamente céticos dos motivos de Obama na tentativa de derrotar o ISIL agora. Todos os três países acima mencionados encontram-se agora em ruínas como estados falidos, com milhões de pessoas mortas e milhões mais transformados em refugiados como resultado de intervenções ocidentais “humanitárias”.

Cabe ao povo da Síria modificar ou trocar seu governo, e não aos EUA ou a Arábia Saudita ou a OTAN. E, na recente eleição presidencial de 2014, que viu grande número de eleitores, que recentemente votou esmagadoramente para reeleger o presidente Al-Assad.

Por conta própria, o povo do Iraque e da Síria pode lidar com o problema do ISIL e o terrorismo. A contínua interferência e agressão dos EUA tornarão as coisas piores e não melhores.

Por favor, mobilizem seus colegas, amigos e família para que se oponham a agressão estadunidense contra a Síria. Deixem que seus representantes eleitos saibam como se sentem. Escrevam aos editores e publiquem nas mídias sociais.

EUA: Não toquem na Síria! Não toquem no Iraque!

Movimento de Solidariedade à Síria


Original: STATEMENT ON UNAUTHORIZED US AIR STRIKES INSIDE SYRIA

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